Onda de frio: RS enfrenta clima extremo com quatro mil pessoas em abrigos

O Rio Grande do Sul tem sofrido com uma intensa onda de frio que vem atingindo todo o estado desde o final de junho. Segundo meteorologistas, até o final da semana as temperaturas podem cair mais e chegar até 0ºC, informação considerada preocupante para o governo, pois atualmente, mais de quatro mil pessoas estão desabrigadas devido às enchentes ocasionadas pelas fortes chuvas que atingiram as terras gaúchas. 

Desabrigados lutam contra frio intenso

Durante a quarta-feira (10), a cidade de Quaraí, localizada na fronteira com o Uruguai, registrou -2,7ºC, já a Serra Gaúcha teve um registro de 4ºC. Essa mudança nos termômetros aconteceu devido à passagem de um ciclone extratropical na Região Sul que vem provocando a entrada de ar mais frio e chuvas em algumas cidades. 

O fenômeno tem causado certa apreensão na população que está vivendo em abrigos por todo o estado. Em ginásios, voluntários têm colocado lonas ao redor do espaço de algumas famílias para evitar o forte frio durante a noite. 


Lonas sendo colocadas em ginásio no RS (Foto: reprodução/Jornal Nacional/TV Globo)

O governo do RS começou a transferir desabrigados para o primeiro Centro Humanitário de Acolhimento (CHA), inaugurado nesta semana em Porto Alegre. O deslocamento vem acontecendo rapidamente devido ao clima do estado. No centro, as famílias irão receber cobertores e agasalhos extras, além de contarem com atendimento médico, berçário e refeitório no local para terem mais conforto na situação atual. 

Em uma reportagem para o Jornal Nacional, alguns entrevistados declararam que apesar dos gaúchos estarem acostumados com as temperaturas baixas, o frio continua forte e vem incomodando. Um desabrigado também afirmou que, mesmo com os abrigos sendo fechados, o clima gelado persiste no local. 

O governo do estado declarou que mais transferências estão sendo feitas para ajudar as pessoas e que estão reforçando a entrega de itens de vestuário e cobertores para as famílias e pessoas necessitadas. 


Postagem do Inmet sobre o clima na semana passada (Foto: reprodução/Instagram/@inmet.oficial)


Frio intenso deve durar até segunda-feira

Segundo especialistas, a onda de frio deve durar até a segunda-feira (15) no estado. Durante o fim de semana, ela deve perder a força com o enfraquecimento do ciclone, ocasionando o aumento da temperatura e na diminuição das chuvas. 

Porém, os profissionais alertam também que as madrugadas continuam geladas, podendo apresentar temperaturas de 0ºC. É recomendado que as pessoas não saiam de casa e mantenham-se agasalhadas. 

Número de mortos pelas enchentes no RS sobe para 175 pessoas

Sobe para 175 pessoas o número de óbitos pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Duas novas mortes foram confirmadas pela Defesa Civil na segunda-feira (10). Os corpos, que ainda não foram identificados, foram encontrados em Teutônia, no Vale do Taquari, e Agudo, na região central, perto de Santa Maria. Outros 38 continuam desaparecidos.

Além disso, as inundações no RS ocorreram em 478 municípios, resultando em mais de 423 mil pessoas desalojadas, das quais mais de 18 mil estão sendo acomodadas em abrigos. Ao todo, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelo desastre, o que corresponde a 20% da população do estado.


Vítimas das enchentes se abrigam no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), no bairro Menino Deus, em Porto Alegre (Foto: Reprodução/ Nelson ALMEIDA/ Getty Images Embed)


Consequências da tragédia no Rio Grande do Sul

No setor automotivo, 200 mil carros desapareceram nas inundações, um número que representa R$ 8 bilhões de perdas. Entre esses, mil veículos zero quilômetro foram perdidos pelas águas, ocasionando um rombo adicional de R$ 200 a R$ 250 milhões para as montadoras, de acordo com presidente do Sincodiv-Fenabrave RS, Jefferson Fürstenau.

A reposição dos carros perdidos será um processo lento e custoso, com um tempo estimado de no mínimo 20 meses. Além disso, 3 mil veículos novos que estavam estocados em concessionárias também ficaram inutilizáveis devido às enchentes, agravando ainda mais o cenário.

As consequências do desastre vão além do impacto econômico, representando um sério desafio à política ambiental do estado. Os carros alagados apresenta um risco de contaminação da água por materiais corroídos e vazamento de combustíveis, como gasolina e etanol.

Alerta para novas chuvas

Um aviso da Defesa Civil prevê o retorno de chuvas intensas no estado nos próximos dias 14 e 17 de junho. Segundo as autoridades indicam, os volumes acumulados no período chegarão entre 50 e 120 milímetros (mm), nas regiões das Missões, Centro e Nordeste. Em Porto Alegre, região metropolitana, Vales e Serra, os volumes podem variar de 45 a 75 mm.

Tragédia no RS causa perda de 200 mil veículos e prejuízo de R$8 bilhões

Um mês após o início das devastadoras enchentes no Rio Grande do Sul, cerca de 200 mil veículos foram perdidos, causando um prejuízo financeiro estimado em R$ 8 bilhões para o setor automobilístico. Além da crise econômica, o desastre também impõe desafios à política ambiental do governo estadual, com o risco de contaminação da água.

Setor automobilístico

As inundações em decorrência das fortes chuvas são responsáveis pela perda de cerca de 200 mil automóveis do Rio Grande do Sul, estima a consultoria Bright Consulting. Ainda de acordo com a organização, o setor de indústrias automobilísticas também foi impactado. 

As fortes chuvas e inundações resultaram na perda de aproximadamente 200 mil automóveis no Rio Grande do Sul, conforme estimativa da consultoria Bright Consulting. A frota total do estado é de 2,8 milhões de veículos.

O impacto nas vendas de carros novos também foi considerável. De acordo com a Bright, o mercado nacional apresentou um decréscimo de 5,4% na semana passada, em parte devido à falta de compradores gaúchos.

A reposição dos veículos perdidos nas inundações exigirá um período de pelo menos 20 meses, segundo estimativa da consultoria. Além disso, estima-se que 3 mil veículos novos estocados em concessionárias também tenham sido inutilizados pela água.

As enchentes no Rio Grande do Sul causaram um estrago significativo no setor automobilístico. O presidente do Sincodiv-Fenabrave RS, Jefferson Fürstenau, estima a perda de mil veículos 0km, com um prejuízo total de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões. Esse valor inclui os custos com carros seminovos, depredação de prédios, mobiliário e sistemas elétricos das concessionárias.


Carros danificados, galhos e destroços são vistos em Cruzeiro do Sul após as enchentes que atingiram a região no estado do Rio Grande do Sul. Foto: Reprodução/ Nelson ALMEIDA/ Getty Images Embed)


Danos ambientais 

A alagação dos carros não causa apenas perdas econômicas, mas também gera preocupação ambiental. A professora Karina Ruschel, da PUC-RS, alerta para o risco de corrosão de materiais e vazamento de combustíveis, como gasolina e etanol, em que os veículos não recebam a destinação adequada.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura ainda não tem um panorama completo da situação, pois os níveis dos rios ainda estão altos e muitos veículos seguem submersos. No entanto, o órgão já publicou uma nota orientando os municípios sobre a destinação dos resíduos das enchentes.

Consequências para a economia

 A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) contabilizou 8,2 mil automóveis com indenizações comunicadas, totalizando mais de R$ 557 milhões. O valor do reparo depende do nível de dano, tempo submerso e tecnologia do veículo. Modelos mais simples podem ter maior chance de recuperação.

A perda total ou parcial será definida pelas seguradoras ou pelo Sincodiv-Fenabrave RS. Segundo André Moreira Cunha, da UFRGS, o setor automobilístico será “muito afetado no curto prazo”. Nem todas as apólices cobrem inundações, o que significa que muitos proprietários terão que arcar com o prejuízo sozinhos. Como consequência disso, a  inadimplência deve aumentar, agravando o cenário econômico local. A recuperação dependerá de políticas públicas para reconstrução do estado.

No momento, não há um plano governamental para auxiliar na recuperação dos veículos danificados. Aqueles com perda total serão leiloados pelas seguradoras ou desmontados para fornecimento de peças. O futuro do setor se mostra nebuloso, com perdas ainda em avaliação e a necessidade de medidas urgentes para amenizar os impactos negativos.