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Nesta quinta-feira (27), durante conversa com os colegas de confinamento, Vitória Stradadisse que nunca havia fumado cigarro até de entrar no programa. A atriz também contou que tinha o hábito de usar somente o cigarro eletrônico, popularmente conhecido como vape, devido aos sabores artificiais.
Vício em nicotina
A revelação aconteceu após questionarem a participante se ela tinha esse costume antes do BBB 25. “Nunca tinha fumado cigarro. Corta pra eu aqui. Eu fumava eletrônico”, relatou Vitória.
A jogadora ainda acrescentou sobre os riscos de cigarros eletrônicos, dizendo que esses produtos atraem pessoas que talvez nunca tivessem começado a consumir nicotina, como adolescentes e não fumantes.
É a pior coisa que inventaram. Você pega um grupo adolescentes ou um grupo de pessoas que nunca fumaram cigarro e já não gostam, aí você coloca essa galera que não é viciada em nicotina para fumar um negócio que tem gostinho de jujuba. A pessoa fica viciada, foi o que aconteceu comigo”
Durante o confinamento, Vitória passou a utilizar o cigarro convencional (Foto: reprodução/Globoplay)
Perigos do cigarro eletrônico
Segundo o médico pneumologista Dr. Flávio Arbex, esses dispositivos, quando usados a longo prazo, podem causar problemas sérios de saúde, como inflamações pulmonares, doenças cardiovasculares e até câncer.
O profissional também afirma que, embora toda nicotina seja viciante, os cigarros eletrônicos possuem uma alta concentração da substância, o que os torna extremamente perigosos.
Conforme as orientações do pneumologista, quem deseja interromper o vício deve buscar ajuda médica, para avaliar o nível de dependência e determinar o melhor tratamento.
O médico diz que o relato de Vitória Strada foi essencial para iniciar discussões na internet a respeito do assunto. Para ele, é necessário alertar sobre os riscos desse produto, que pode ser tão prejudicial quanto o cigarro convencional.
Nesta sexta-feira (18), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), realizou uma audiência pública para discutir a adoção de novas imagens para advertir os fumantes nas embalagens de cigarro. A iniciativa marca a fase final do processo de atualização das imagens, cujo objetivo é alertar os consumidores dos malefícios que o produto traz.
Imagens atuais não causam mais impacto
Daniel Pereira, diretor da Anvisa, explicou a necessidade de trocar as imagens, e que apesar de que as atuais já sejam impactantes, é necessário, pois elas perderam sua eficácia ao longo dos anos. Daniel afirmou que manter a imagem vai diminuir o desconforto em quem fuma, e por isso é fundamental renovar as advertências, para que com isso possa alertar a população sobre os riscos do uso do tabagismo.
Cigarros sendo jogados fora (Foto: reprodução/Peter Dazeley/Getty Images Embed)
Nas novas imagens será possível ver, de um lado, uma pessoa saudável, e do outro, a mesma pessoa exibindo os malefícios do uso, em várias partes do corpo. As mudanças irão abordar os sintomas em aspecto físico, quanto mental, como ansiedade e angústia.
Imagens propostas pela Anvisa (Foto: reprodução/Anvisa)
Imagens podem ser atualizadas ainda em 2024
A audiência pública foi de caráter consultivo, e com objetivo de reunir contribuições da sociedade para orientar a criação de uma nova regulamentação. Segundo a Anvisa, o próximo passo agora é a aprovação das imagens, e já iniciar a implementação delas nas embalagens de cigarrocomercializadas no Brasil.
Pereira, afirma que tem expectativa de que as imagens sejam aprovadas ainda nesse ano, para que já possam atualizar as embalagens ainda em 2024. Vale lembrar que a intenção deste processo é alertar e reforçar a estratégia da prevenção ao tabagismo, trazendo imagens que causem mais impacto nas pessoas sobre os perigos do fumo.
Além das mudanças nas embalagens, a ideia é de que as imagens sejam colocadas também nos pontos de venda, reforçando a conscientização no ato da compra. A Anvisa espera que essa abordagem mais abrangente ajude a combater o uso de cigarros, especialmente entre os jovens e novos fumantes, destacando de forma mais clara e direta os riscos a saúde.
O consumo do tabaco tem sido presente na vida de 9,3% dos adultos com 18 anos ou mais, de acordo com o Vigitel 2023. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o consumo de produtos feitos de tabaco está diretamente relacionado ao surgimento de diversas doenças, com destaque ao câncer de pulmão. Porém, este tipo de câncer não é o único que o tabagismo causa.
Para uma maior conscientização da população em relação ao consumo de tabaco, a campanha do Dia Mundial Sem Tabaco foi criada e reconhecida nesta sexta-feira (31). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 8 milhões de pessoas morrem pelo consumo excessivo de tabaco, sendo 7 milhões de fumantes ativos e 1,3 milhões de fumantes passivos.
Segundo William Nassib William Junior, oncologista clínico e membro do comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC), há diversas substâncias cancerígenas dentro cigarro que, quando inaladas, chegam facilmente ao pulmão.
Ele ainda explica que essas substâncias acabam caindo na corrente sanguínea e não só aumentam o risco de câncer de pulmão, como também de diversos outros tipos de cânceres.
Quais cânceres o tabagismo pode causar?
Entre os tipos de câncer que estão relacionados ao tabagismo estão o câncer de pescoço e o de cabeça, incluindo também o câncer de faringe, laringe e boca. O câncer de colo de útero, de rim, de bexiga, de fígado, de estômago, de colorretal e o de pâncreas também tem grande risco de aparecimento com o uso do tabaco.
De acordo com André Berger, uro-oncologista e cirurgião robótico, o uso excessivo de tabaco é uma das principais causas para o câncer de bexiga. “Tabagistas têm três vezes mais chances do que não tabagistas de desenvolverem esse tipo de câncer”,afirma Berger. O aparecimento da doença está diretamente relacionado à presença de substâncias carcinogênicas que prejudicam o DNA das células do urotélio.
O tabagismo pode causar câncer em diversas partes do corpo (Foto: reprodução/Catherine Falls Commercial/GettyImages)
Um ponto de alerta para essa doença é o sangramento, aumento da frequência urinária e ardência ao urinar. O diagnóstico se dá por meio da ressonância magnética e uma tomografia da pelve e do abdômen.
Segundo William Junior, as leucemias mieloides agudas tem um aumento de risco para pacientes tabagistas e se estima que 20% dos cânceres são causados pelo tabagismo e 30% das mortes estão relacionadas ao câncer são pelos tumores que estão diretamente relacionados ao consumo do tabaco.
Nos cânceres de boca e laringe, as substâncias encontradas no tabaco, como o benzeno, acroleína, formaldeído e nitrosaminas encontram-se com as células da cavidade oral e causam mutações que podem resultar em tumores. O Inca prevê uma estimativa de 15 mil novos casos de câncer de boca e 10 mil novos casos de câncer de laringe, para cada ano até 2025.
O fumo também está diretamente relacionado ao câncer de estômago, em especial na região do adenocarcinoma da região da cárdia, região do estômago mais perto do esôfago. Isso se dá pelas substâncias cancerígenas que estão presentes na fumaça do cigarro que percorrem direto para o estômago. 20 mil pessoas morreram em decorrência do câncer de estômago em 2020 e de acordo com o Inca, 21 mil novos casos serão diagnosticados até 2025.
Fumantes passivos também correm riscos
Apesar de não fumarem diretamente, os fumantes passivos inalam fumaça tanto quanto os fumantes ativos e isso pode ser um grande risco para o aparecimento de algum câncer. De acordo com a American Cancer Society e American Lung Association, a fumaça causada pelo cigarro possui mais de 7 mil compostos químicos, dos quais 69, no mínimo, podem causar câncer.
De acordo com o Inca, a fumaça que se encontra na ponta do cigarro e se mistura com o ambiente, contém três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas que a fumaça inalada por um fumante.
Campanhas de controle ao tabagismo
De acordo com William Junior, há alta incidência de mortalidade em relação a esses cânceres e por isso é importante que haja uma grande conscientização para prevenir e combater os grandes efeitos do tabagismo.
“Ao eliminar este hábito, podemos diminuir consideravelmente os altos índices de diagnóstico de cânceres. O primeiro passo é entender os impactos negativos que o cigarro traz para a saúde. O segundo passo é buscar a orientação médica, porque hoje existem tratamentos eficazes para quem quer deixar de fumar”, diz o especialista.
A campanha para o fim do tabagismo é crucial para que não haja desenvolvimento de qualquer tipo de câncer e também para que haja sucesso nos tratamentos.
A recuperação pulmonar é um processo gradual, podendo levar cerca de cinco anos para alcançar seu ápice. Embora o dano possa não ser totalmente reversível, a melhora pode chegar a até 70%, proporcionando uma notável diferença na qualidade de vida. A intensidade do tabagismo ao longo dos anos influencia diretamente na extensão dos danos pulmonares, sendo crucial abandonar o hábito o quanto antes.
Impacto do tabagismo nos pulmões (Foto: Arte/g1)
Impactos além dos pulmões
Além dos pulmões, parar de fumar traz uma série de benefícios para o corpo como um todo. A redução do estresse oxidativo nas células e a recuperação do paladar e olfato são apenas algumas das mudanças positivas observadas. Além disso, a circulação sanguínea melhora, diminuindo o risco de disfunção erétil e doenças cardiovasculares, especialmente em pessoas com mais de 60 anos.
Importância do enfrentamento do tabagismo
Elnara Negri, pneumologista, enfatiza que, apesar das dificuldades, parar de fumar sempre vale a pena. O aumento da expectativa de vida, a redução da taxa de envelhecimento e a diminuição do risco de cânceres em diversos órgãos são apenas algumas das razões pelas quais abandonar o tabagismo é crucial. Mesmo para fumantes de longa data, a decisão de parar pode frear a deterioração dos pulmões e prevenir o surgimento de novas lesões que afetam a capacidade respiratória.
Segundo a pneumologista, “O pulmão fica como um queijo suíço cheio de buracos, isso não volta. Mas a bronquite, que é consequência dessa alteração do epitélio, vai melhorando e, com os remédios, o enfisema também”.
Entenda o que acontece após parar de fumar (vídeo: reprodução/YouTube/Dr. Ajuda)
A recuperação do epitélio respiratório é um dos aspectos mais notáveis após a cessação do tabagismo. As células desse tecido começam a se revitalizar, revertendo os danos causados pelo cigarro ao longo do tempo. Essa regeneração, embora gradual, é um sinal promissor da capacidade do corpo humano de se recuperar quando os fatores agressores são removidos.