Maduro pede pronunciamento de Lula quanto a veto da Venezuela no BRICS

Na última segunda-feira (28), o ditador e presidente venezuelano, Nicolás Maduro solicitou que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fale sobre o veto da Venezuela no BRICS. Maduro não culpou o presidente diretamente, optando por falar sobre os representantes da chancelaria brasileira.

O venezuelano espera que Lula esteja bem informado sobre os últimos acontecimentos, observe com cuidado e “diga o que deve ser dito como chefe de estado”. Ainda durante seu programa semanal na TV pública, Nicolás prossegue, comentando que o Itamaraty possui poder dentro do Brasil há muito tempo e sempre conspirou contra a Venezuela, fora sua proximidade com o Departamento do Estado americano desde a época em que João Goulart sofreu um golpe de estado.


Nicolás Maduro acusa o Itamaraty de estar vinculado ao Departamento de Estado americano (Vídeo: Reprodução/X/@folha)

A relação de Lula com a Venezuela

Anteriormente aliado de Maduro e de Hugo Chávez, seu antecessor, Lula distanciou-se do atual presidente venezuelano após sua tão polêmica reeleição, que ocorreu em julho deste ano, com a oposição denunciando o ocorrido como fraudulenta.

A fim de pressionar a entrada da Venezuela no BRICS, Maduro apareceu de última hora na cúpula de chefes de Estado do BRICS, na cidade de Kazan, na Rússia. No entanto, o desejo de Maduro não pôde ocorrer, pois, Lula não estava presente, por ter se machucado em um acidente doméstico alguns dias antes do encontro.

Quem estava presente no encontro era Celso Amorim, assessor especial da Presidência, que foi contra a entrada do país no bloco, devido uma “quebra de confiança”, conforme dito na semana passada em entrevista para o jornal O Globo.

Venezuela sobre o veto

Segundo Amorim, o Brasil agiu “de boa-fé”, mas foi preciso quebrar o veto após a Venezuela quebrar a confiança do país. E, quanto a promessa do Palácio Miraflores de entregar as atas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o assessor relata que isso nunca aconteceu.

Sobre o acidente de Lula, o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, questinou a veracidade do fato, chamando o ocorrido de “álibi” simplesmente para justificar a ausência do presidente na reunião.

Maduro disse querer não se pronunciar sobre o acidente, pois cabe aos médicos e Lula, e que aguardará o resultado dos esforços da Venezuela, sem depender de ninguém, nem mesmo do Brasil.

Nicolás Maduro é declarado vencedor pelo CNE da Venezuela

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou na madrugada desta segunda-feira (29) que com 80% dos votos apurados, Nicolás Maduro foi o vencedor das eleições presidenciais de domingo (28). Edmundo González, principal adversário do Chavista, diz ter recebido 70% dos votos, Estados Unidos, Chile e Peru contestaram os números oficiais.

Conforme declaração da CNE, liderada por um aliado do presidente venezuelano, Nicolás maduro obteve 51,2% dos votos e o principal candidato da oposição, Edmundo González, apenas 44%. O resultado mostra uma diferença de 704 mil votos entre os dois candidatos. Os dados finais ainda não foram divulgados por completo.

Minutos depois dos resultados terem sido anunciados, Maduro disse aos seus apoiadores do lado de fora do Palácio Miraflores, sede do governo da Venezuela, que a sua reeleição foi um triunfo da paz e da estabilidade. Com o resultado, favorecendo Maduro ele deverá permanecer no poder em Caracas por mais seis anos, totalizando seus 17 anos no comando da Venezuela.


Nicolás Maduro em campanha das eleições na Venezuela (Reprodução/Instagram/@nicolasmaduro)

Oposição e denúncias de Irregularidade nas votações

A oposição, que denunciou as irregularidades, contestou os números publicados pela CNE e afirmou que, nos seus cálculos, Edmundo González teve 70% dos votos e Maduro 30%. Os resultados de duas pesquisas publicadas pela Reuters mostram uma vitória clara de Gonzales.

Em fala breve, Edmundo González disse: “não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada”. Segundo dados do conselho nacional eleitoral do país, 59% dos eleitores participaram da eleição deste ano, registrando um aumento de eleitores em comparação com as eleições de 2018 com 46% do eleitorado total.

Após a divulgação dos resultados, algumas autoridades internacionais questionaram a declaração de vitória de Maduro e pediram uma transparência na contagem dos votos

O anúncio do resultado segundo a CNE surgiu após horas de incerteza (em 2018, os resultados foram publicados no mesmo dia das eleições) e no contexto de reclamações da oposição por irregularidades na contagem dos votos, houve pedidos de vigília nos locais de votação visando viabilizar uma contagem paralela dos votos.

No primeiro boletim de imprensa com resultados parciais das eleições, O CNE relatou que atribuiu a demora para o resultado das porcentagens devido a uma “agressão ao sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados dessas eleições presidenciais”.

Repercussão internacional

Nos Estados Unidos, o secretário de estado Antony Blinken deu uma breve fala sobre eleições venezuelanas, dizendo que existe a preocupação dos resultados não refletirem de fato a vontade dos cidadãos do país.

Já no Chile, o Presidente Gabriel Boric, falou que é difícil de crer nos resultados do regime chavista, e o chanceler peruano, Javier González-Olaechea, condenou as irregularidades com atos extremos de um processo eleitoral transparente.