Proposta de isenção para compras de até US$ 50 volta ao debate no congresso nacional

Uma nova iniciativa legislativa visa reverter a recente mudança na tributação de compras internacionais de pequeno valor. O Projeto de Lei 3261/25, protocolado na Câmara dos Deputados, propõe o restabelecimento da isenção do Imposto de Importação para remessas provenientes do exterior cujo valor não ultrapasse cinquenta dólares americanos (US$ 50). O texto, de autoria do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), busca modificar o Decreto-Lei 1.804/80, que historicamente rege o regime de tributação simplificada para essas importações.

Proposta visa isenção para compras internacionais

O essência da proposta é fixar alíquota zero sobre os produtos estrangeiros que se enquadrem nesse limite de preço. O deputado autor argumenta que a medida não só protege o consumidor brasileiro, facilitando o acesso a bens culturais e tecnológicos, mas também promove a racionalidade administrativa. Em suas declarações, Kataguiri sustenta que a política anterior não gerava impacto significativo nas contas públicas e que sua retomada pode, inclusive, reduzir os custos operacionais tanto da Receita Federal quanto dos Correios, ao simplificar o processo de fiscalização de volumes menores.


Post de  Kim Kataguiri sobre a convocação da audiência (Foto: reprodução/X/@KimKataguiri)

A discussão surge em um momento sensível para os consumidores, uma vez que, desde 1º de agosto de 2024, a regra anterior foi suspensa, e todas as compras internacionais até US$ 50 passaram a ser taxadas com uma alíquota de 20% sobre o Imposto de Importação. A manutenção dessa cobrança, defendida pelo governo federal, visa, segundo alegações oficiais, proteger a indústria nacional, equilibrando a competição de mercado frente a produtos estrangeiros frequentemente comercializados a preços mais baixos.

PL 3261/25 avança em regime conclusivo e reacende debate sobre equilíbrio fiscal

O parlamentar, contudo, minimiza o impacto fiscal da isenção, classificando as remessas de baixo valor como uma “fração ínfima do mercado total”. Ele enfatiza o papel dessas compras como um vetor de estímulo ao acesso a inovações e conteúdos globais, sem onerar excessivamente o erário.

O andamento do PL 3261/25 já foi definido. Ele será analisado em regime conclusivo pelas comissões temáticas da Casa, incluindo Desenvolvimento Econômico, Finanças e Tributação, Constituição e Justiça, e Cidadania. Caso aprovado nessas instâncias, o projeto ainda precisará de aval da plenária da Câmara e, subsequentemente, da aprovação do Senado Federal para que a isenção possa ser, de fato, restabelecida no ordenamento jurídico brasileiro. A tramitação acende o debate sobre o equilíbrio entre a arrecadação fiscal, a defesa da indústria nacional e o poder de compra do cidadão brasileiro no comércio eletrônico global.

Entenda o impacto da nova taxação de compras internacionais

Depois de ser aprovada pela Câmara dos Deputados, em 28 de maio, a proposta de fim da isenção sobre o imposto de compras internacionais chegou até o Senado, nesta quarta-feira (05), onde também foi aprovada.

Atualmente, não há imposto de importação nas compras abaixo de U$50 (R$ 263,68 na cotação atual) para empresas que sigam alguns critérios do programa “Remessa Conforme”, como por exemplo, a cobrança do ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços) com taxa de 17% e a declaração dos impostos e repasse, entre outras regras.

A nova taxação prevê um aumento de mais 20% em compras internacionais feitas de forma online, retirando a isenção anterior e compras acima de U$50 continuam com a taxação de 60% em cima do valor.

Caso a proposta seja aprovada, a soma do valor final ficaria da seguinte forma:

Uma compra internacional feita no valor de R$150,00, terá a taxa de 17% (R$25,50), além do imposto de importação de 20% em cima do valor (R$35,10), totalizando R$210,60.

A decisão faz parte do Projeto de Lei 914/2024, com a criação do Programa de Mobilidade Verde e Inovação, que tem o objetivo de diminuir a poluição de veículos através de incentivos fiscais e reduzir o imposto sobre produtos industrializados (IPI).

Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover)

Os incentivos fiscais somam R$19,3 bilhões em até cinco anos para empresas que se comprometam a diminuir ou inutilizar o uso de carbono e sigam algumas regras para a liberação do crédito.

A criação do programa estabelece o cumprimento brasileiro de metas ambientais e climáticas, além de compactuar com a sustentabilidade e exportação.


A decisão deve afetar compras nas principais concorrentes internacionais como: AliExpress, Shein e Shopee (Foto: reprodução/Alexsl/Getty Images Embed)


Comércio Nacional

Para os comerciantes nacionais, a nova taxação equilibra a concorrência promovendo espaço para mais vendas, além de diminuir a taxa de demissões e aumentar as oportunidades de emprego, além disso, trazem um respiro aos cofres públicos na arrecadação de impostos. 

Segundo dados do governo, a adoção da medida de taxação pode elevar o lucro a aproximadamente 35 bilhões até 2027. Apesar de ser aprovada por deputados e senadores, o projeto ainda aguarda a decisão presidencial.