Um ataque militar americano matou 11 pessoas num barco terça-feira (02), no Sul do Caribe, próximo à Venezuela. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, informou que o ataque faz parte da campanha contra o narcoterrorismo.
Já o ministro do interior da Venezuela, Diosdado Cabello, na quarta-feira (03) no canal de TV (Con el mazo dando). Transmitido pela rede venezolana de Televisión (VTV), ele comentou sobre o ocorrido e criticou o ataque dos EUA. Cabello chamou de “Barbárie”, ainda acusou os EUA de violação do direito internacional, por um lado tem discursos de direitos humanos e por outro faz esses ataques.
Campanha americana
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, confirmou que o ataque foi realizado alegando que a embarcação transportava uma grande quantidade de drogas. O Departamento de Defesa (DoD), porém, não divulgou detalhes da operação, tampouco apresentou provas que justifiquem tamanha letalidade. Tanto o secretário de Estado, Marco Rubio, quanto o secretário de Defesa, Pete Hegseth, reforçam o discurso de que a campanha tem como objetivo combater o narcoterrorismo e interromper as rotas de tráfico na região.
Ainda assim, as ações do governo americano levantam questionamentos sobre a legalidade da operação, já que, em diversas ocasiões, o Pentágono se manteve em silêncio e não apresentou evidências de que os ataques tenham sido, de fato, direcionados exclusivamente a narcotraficantes. Apesar da falta de clareza e comprovações, Trump não demonstra intenção de recuar. Ao contrário, sinaliza que a chamada “guerra contra o narcotráfico” só deverá ser encerrada com a prisão dos principais líderes de cartéis ou até mesmo a captura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Navio anfíbio USS Iwo Jima (Foto/reprodução/JONATHAN NACKSTRAND/Getty Images Embed)
Tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela
Em 2020, o Departamento de Justiça dos EUA denunciou o presidente venezuelano Nicolás Maduro por narcoterrorismo, vinculando-o à rede conhecida como Cartel dos Soles.
Em março de 2025, Trump revogou licenças concedidas à Chevron para operar na Venezuela, revertendo concessões da administração de Biden e aplicou uma imponente tarifa de 25% sobre produtos importados de países que comprem petróleo venezuelano.
Em julho de 2025, o Tesouro dos Estados Unidos classificou o Cartel de los Soles como uma organização terrorista global. Na mesma ocasião, Washington dobrou a recompensa pela captura de Nicolás Maduro, elevando o valor para US$ 50 milhões.
No mês seguinte, em agosto, o governo americano deslocou para a costa da Venezuela três destróieres, um submarino nuclear, navios anfíbios e cerca de 4 mil militares. A operação foi apresentada como parte da campanha contra o narcoterrorismo, mas Caracas classificou a medida como um ato de agressão. Em resposta, o governo venezuelano mobilizou milhões de milicianos bolivarianos, além de forças policiais e militares, alertando que, em caso de ataque, o país se transformaria em “uma República em armas”.
Agora, em setembro, o cenário se agravou com o ataque a uma embarcação que resultou na morte de 11 pessoas, aumentando ainda mais as tensões na região.
