Em seu primeiro mandato, e agora cumprindo o segundo, Trump manteve participação ativa na Trump Organization – conglomerado internacional de propriedade privada, como hotéis, campos de golfe e resorts, fundado por Donald Trump -, mesmo enquanto exercia o cargo de presidente. Seus negócios continuam firmando contratos e licenças em diversos países por meio de contratos com sua marca.
A empresa comandada por Trump anunciou oito novos projetos em apenas dez meses, elevando sua receita de licenciamento institucional de US$ 6 milhões em 2022 para quase US$ 50 milhões no último ano. Embora ainda não tenha confirmado um acordo em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, tudo indica que isso pode acontecer em breve. Documentos corporativos apontam que cerca de três novos contratos internacionais estão a caminho, na Sérvia, Hungria e na própria capital dos Emirados Árabes Unidos.
Expansão do império global de Trump
O crescimento internacional do portfólio da marca de Trump inclui resorts de luxo, hotéis e operações comerciais. Entretanto, Trump prometeu não iniciar novos negócios internacionais em seu primeiro mandato. Ele realizou apenas um contrato nos anos em 6 anos após sua primeira eleição, mas mesmo com as promessas de restringir novas negociações comerciais, seus negócios continuaram lucrando enquanto presidia.
Por exemplo, o presidente sancionou recentemente uma legislação de criptomoedas. Diretamente, isso influencia em seu capital, já que provavelmente irá lhe render cerca de dezenas de milhões de dólares com o avanço das criptomoedas nos EUA. Já as viagens de Trump, parecem coincidentemente estarem ligadas a seus negócios pessoais e não somente às questões nacionais como presidente. Na última sexta-feira (25), Trump viajou para a Escócia, onde fechou acordos com a UE com relação às tarifas comerciais. A contradição, é que ele se encontrou com o primeiro-ministro do Reino Unido em um de seus resorts de golfe, possuindo dois no país europeu.
Donald Trump em seu campo de golf na Escócia, em última viagem para o Reino Unido (Foto: reprodução/Christopher Furlong/Getty Images Embed)
Negociações de Trump com países do exterior
No seu segundo mandato, atualmente Trump cumpriu somente duas viagens ao exterior, uma sendo esta última para a Escócia, além de algumas reuniões obrigatórias e o funeral do Papa. A segunda foi uma turnê pelo Oriente Médio, onde uma incorporadora assinou novos acordos com Trump e em seguida, em Doha, foi realizado um acordo que permite a criação de uma comunidade de golfe com a marca Trump.
O ataque de 6 de janeiro poderia ter sido uma virada de página nos negócios de Trump, afetando a si e seus acordos quando bancos cortaram laços e suas redes sociais foram suspensas. Contudo, o resultado foi diferente do esperado. Seus negócios continuaram avançando com contratos de comunidade de golf – como um assinado por uma incorporadora saudita -, associações e criações de empresas, colocando seus filhos em negócios de licenciamento e até mesmo projetos sendo acelerados em nome de sua marca.
Cláusula dos emolumentos
A cláusula dos emolumentos proíbe que qualquer pessoa que ocupe cargo público aceite presentes ou vantagens sem a aprovação do Congresso. Com a primeira vitória de Trump como presidente, os debates sobre a cláusula se iniciaram. A questão era se o presidente poderia manter seus negócios comerciais no exterior e na época da discussão, sua equipe até tratou o assunto com comprometimento e rigor, cancelando projetos e prometendo não iniciar novos. Entretanto, Trump delegou outros negócios aos filhos Eric e Don Jr – o último até mesmo reclamou das restrições em uma viagem à Índia, dizendo não receberem créditos por terem imposto as regras à si mesmos.
Para Walter Shaub, ex-líder do Escritório de Ética Governamental – tendo atuado no primeiro mandato de Trump -, o que o presidente norte-americano está fazendo hoje é pior do que antes e ele afirma que Trump acabou com qualquer significado que o programa de ética governamental tinha. Shaub renunciou em 2017 e até mesmo confrontou a Casa Branca por conta da escolha de Donald Trump em manter seus empreendimentos.
