Justiça espanhola condena Luis Rubiales por beijo forçado, mas evita prisão

O futebol espanhol viveu momentos de complicados desde a final da Copa do Mundo Feminina. O ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, foi condenado nesta quinta-feira pelo beijo forçado na jogadora Jenni Hermoso. A pena, porém, frustrou quem esperava uma punição mais severa: uma multa de 10 mil euros (aproximadamente R$ 54 mil), sem prisão.

O caso teve repercussão mundial, levantando debates sobre assédio e machismo no futebol. Jenni Hermoso, protagonista involuntária dessa história, enfrentou pressões e julgamentos, mas se manteve firme em sua versão: o beijo foi sem consentimento. Apesar da condenação de Rubiales, ele acabou absolvido da acusação de coerção.

O julgamento e os bastidores

Desde 3 de fevereiro, tribunais espanhóis receberam depoimentos que jogaram luz sobre a realidade dos bastidores do futebol. No dia 11 de fevereiro, Luis Rubiales prestou seu depoimento, insistindo que o beijo havia sido consentido. Mas as provas e testemunhos contaram uma história diferente.

Outros três nomes também foram julgados. O ex-técnico da seleção feminina, Jorge Vilda, e dois ex-funcionários da RFEF, Rubén Rivera e Albert Luque, foram acusados de coerção contra Hermoso. Para eles, a promotoria pediu uma pena de 18 meses de prisão.


Presidente da RFEF, Luis Rubiales, beija jogadora Jennifer Hermoso (Foto: reprodução/
Eurasia Sport Images/Getty Images Embed)


Jorge Vilda admitiu que tentou convencer Hermoso a minimizar o episódio, alegando que a polêmica estava crescendo demais. Em uma conversa com o irmão da jogadora durante o voo de volta para a Espanha, ele expressou sua preocupação com o impacto do caso. Mas isso também mostrou como a jogadora foi pressionada nos bastidores.

O impacto dentro e fora de campo

A indignação das jogadoras foi imediata. Companheiras de Hermoso se recusaram a jogar enquanto não houvesse mudanças na gestão da federação. O caso foi um ponto de virada, mostrando ao mundo o quanto o futebol ainda precisa evoluir para garantir respeito e igualdade para as mulheres.

A condenação de Rubiales é simbólica, mas muitos acreditam que a punição foi leve demais. O caso abriu espaço para reflexões mais profundas sobre poder, abuso e resistência no esporte. Para Jenni Hermoso, o que fica é a coragem de ter se posicionado, ajudando a mudar o rumo do futebol feminino para sempre.

Tenista Bia Haddad ressalta luta por valorização no esporte feminino

Nos últimos tempos, Beatriz Haddad Maia se destacou como a principal tenista do país, ocupando atualmente a 13ª posição no ranking mundial. Além de suas conquistas nas quadras, ela também representa a equipe nacional, que recentemente enfrentou a Alemanha e não conseguiu avançar para a fase final da Copa do Mundo feminina de tênis. 

Em vez de se deter na derrota em casa, a tenista optou por usar sua visibilidade para reforçar a importância de manter o foco nas mulheres no esporte, como neste último fim de semana, e incentivou um maior apoio a elas.


Beatriz Haddad durante partida (Foto: Reprodução/DWG/surtoolimpico.com.br)

Em entrevista coletiva, durante o fim da competição, Bia Haddad afirmou: “Quando falo em apoiar o esporte feminino, não falo de carreira de tenista profissional. O esporte é uma forma de educar, transformar e dar oportunidade para crianças. A carreira de tenista profissional é para poucos, eu sei. Quando falo (sobre o apoio) é porque ainda sei que vivemos em uma sociedade machista, que é difícil a mulher ser valorizada. A gente acaba tendo que fazer mais para ter a mesma voz, a mesma oportunidade. E eu gosto de usar minha voz para valorizar as mulheres, porque elas merecem. As tenistas da nova geração merecem mais oportunidades. Que a gente continue apoiando e que não esqueça deste fim de semana.”

Antes de iniciar a entrevista coletiva, Haddad fez um discurso em apoio ao empoderamento feminino. Antes disso, durante o jogo, ela elogiou os torcedores que ficaram até o final do último jogo de sábado e incentivou-os a continuar apoiando as mulheres.

“A gente sempre fala em ganhar Grand Slam. Mas poucas vezes eu senti algo tão especial quanto entrar em quadra no meu país. Sou muito privilegiada. Então, que vocês sejam parceiros, não é fácil estar aqui. Continuem apoiando o esporte feminino no Brasil. Tem meninas chegando e a gente está cada vez mais forte como time, vamos criar novas oportunidades,” comentou Bia. 

Agora, o Grand Slam oferece prêmios iguais tanto para os homens quanto para as mulheres. No entanto, a maioria dos outros torneios não segue esse padrão. Estudos recentes indicam que os prêmios para os homens são, em média, 75% maiores do que os oferecidos para as mulheres.

“Foi emocionante entrar no estádio cheio, saber que os ingressos estavam vendidos há muito tempo. Puxadas pela Bia, claro, mas é muito legal poder viver tudo isso com elas. Temos a mesma idade, a gente joga junto desde pequenininha. A visibilidade que o tênis feminino está tendo é muito gratificante. Isso acontece porque a gente se entrega. Estava cheio de criança vendo e tenho certeza que elas vão se sentir inspiradas. A gente tá construindo isso,” disse Carol Meligeni, que participou do último jogo contra as alemãs.


Tenista Laura em partida pelo Brasil (Foto: Reprodução/DGW/surtoolimpico.com.br)

Na noite de sexta-feira, Laura Pigossi enfrentou Tatyana Maria em uma partida de tênis, perdendo por 2 sets a 1. Durante o jogo, ela experimentou desconforto no joelho e, ao término da partida, foi acometida por câimbras. Anteriormente, na mesma sexta-feira, Bia Haddad foi derrotada por Laura Siegemund. Apesar desses contratempos, o Brasil conseguiu manter-se na competição devido à vitória de Bia Haddad no início dos jogos de sábado. Pouco depois, Carol Meligeni entrou em quadra em um ginásio um pouco mais vazio, mas ainda assim vibrante.

A Alemanha encerrou o confronto contra o Brasil, conseguindo a sua terceira vitória em quatro duelos e garantiu sua passagem para a etapa final do Billie Jean King Cup, que acontecerá em novembro, em Servilha, Espanha, com a participação de 12 países. Desde 1982, o Brasil não figura entre as 12 principais equipes do tênis mundial. Agora, as jogadoras brasileiras terão outra oportunidade em novembro, mas em um playoff onde a vitória é crucial para manter o país na elite mundial. Em caso de derrota, o Brasil será rebaixado para os confrontos continentais.