Cecilie Bahnsen redefine a nova geração da moda dinamarquesa

A estilista ajudou a criar e propagar para o mundo inteiro uma nova estética dinamarquesa chamada “scandi style”. Seu estilo varia entre alta costura e pronto-a-vestir, e suas coleções são descontraídas, atemporais, românticas e carregadas de feminilidade contemporânea.

Nesta semana, Cecilie Bahnsen brilhou na Semana de Moda de Copenhagen, celebrando uma década desde sua descoberta com uma coleção que destaca silhuetas volumosas, sua marca registrada, e a inconfundível estética nórdica, reafirmando suas características únicas.

O estilo “scandi style”

A tendência é uma estética que valoriza a simplicidade funcional combinada com toques de feminilidade e conforto. Criado na Dinamarca, esse estilo é marcado por silhuetas volumosas, tecidos naturais e uma paleta de cores suaves que refletem o “novo” minimalismo.

Embora o desfile de moda em Copenhagen (CPHFW) seja importante para a temporada, Cecilie Bahnsen tem optado por apresentar suas coleções na Semana de Moda de Paris, onde celebra, este ano, os 10 anos de sua descoberta e o alcance global de seu trabalho. Essa escolha reforça seu posicionamento como uma das principais estilistas da nova geração escandinava com visibilidade internacional.


Coletânea de fotos da coleção apresentada em Copenhagen pela estilista Cecílie Bahnsen (Foto: reprodução/Instagram/@cecíliebahnsen)


As collabs de Cecilie Bahnsen

Cecilie Bahnsen tem se destacado não apenas por suas coleções autorais e na alto costura, mas também pelas parcerias estratégicas com outras marcas renomadas. Entre suas collabs mais importantes estão com a The North Face e a Asics, onde sua estética ganha novos formatos e alcance. Essas parcerias reforçam seu estilo de pronto-a-vestir, ampliando o impacto do seu trabalho e destacando sua versatilidade e capacidade de inovar no universo da moda.


Desfile da última coleção de Cecilie Bahnsen na Semana de moda de Paris 2025 (Foto: reprodução\Richard Bord\Getty Images Embed)


Na colaboração com a The North Face, Bahnsen trouxe um toque sofisticado e artesanal para as peças esportivas, unindo conforto, tecnologia e estética de alto nível. Já a parceria com a Asics explorou a fusão entre moda e performance, criando uma coleção que valoriza o estilo sofisticado sem abrir mão da praticidade e da inovação.

Essas collabs não só reforçam o caráter de pronto-a-vestir de suas criações, mas também ampliam o alcance do “scandi style” para além das passarelas, tornando-o acessível e relevante para diferentes estilos de vida. Por meio dessas iniciativas, Cecilie reafirma sua capacidade de inovar e adaptar sua estética a diversos contextos, consolidando-se como uma estilista e designer versátil e antenada às tendências globais.

Semana de Moda de Copenhague aposta em ousadia e retorno de nomes-chave

A Semana de Moda de Copenhague está na sua metade, mostrando à cidade como um verdadeiro polo criativo no mundo da moda. Nesta temporada de primavera-verão 2026, a irreverência nórdica que já esperávamos se manteve firme, mas também trouxe à tona conversas sobre design circular, identidade regional e novas maneiras de produzir. O street style, sempre um termômetro das tendências do evento, mostrou uma fusão entre o minimalismo funcional e toques excêntricos.

Com um calendário que mistura novos talentos e marcas já estabelecidas, a CPHFW decidiu trazer de volta criadores que foram fundamentais para construir sua reputação nos últimos anos. Ao mesmo tempo, grandes estreias mostraram que o evento também funciona como uma plataforma poderosa para marcas do norte europeu que buscam expandir sua presença no cenário internacional.

Propostas autorais, acessórios impactantes e silhuetas que desafiam a lógica tradicional dominaram as passarelas, refletindo um desejo claro por narrativas visuais mais impactantes.

Anne Sofie Madsen retorna com crítica irônica ao gosto burguês

Um dos momentos mais aguardados da temporada foi o retorno da estilista Anne Sofie Madsen ao line-up oficial da semana de moda. Depois de estar fora do calendário por oito anos, a estilista dinamarquesa se juntou à designer Caroline Clante para apresentar uma coleção que pode ser vista como uma crítica afiada ao imaginário burguês da moda europeia.



Em vez de buscar a aprovação fácil, a dupla decidiu explorar o que já é considerado pela atual geração como “mau gosto” como uma forma de arte, trazendo de volta elementos como suspensórios vintage, boinas no estilo dos anos 1940 e vestidos de festa em tule transparente, tudo isso de maneira propositalmente distorcida.

A coleção desafiou as categorias tradicionais ao criar contrastes entre a alfaiataria estruturada e os tecidos fluidos, além de misturar peças de acabamento bruto com vestidos de construção couture. Um dos acessórios que mais se destacou, entretanto, foram as clutchs brilhantes de acabamento prateado em forma de rato, que foi inspirada em uma escultura do artista Esben Weile Kjær.



A provocação era evidente: transformar o feio em algo desejável e ironizar o que normalmente é visto como “chique”. O resultado foi uma coleção que se destacou por sua coesão mas também por sua inquietude e principalmente provocação, exatamente o tipo de atitude que fortalece o papel cultural da moda escandinava.

Rave Review estreia com coleção delicada e impacto técnico

A sueca Rave Review, conhecida por seu trabalho incrível com upcycling e também seu design arrojado, fez sua estreia na CPHFW após várias temporadas em Milão. Essa transição para o calendário escandinavo trouxe uma nova estética: a marca apresentou uma coleção mais sofisticada, com acabamentos elegantes e uma abordagem visual mais fluida. Mas isso não significa que a sustentabilidade foi deixada de lado; ela continua sendo uma prioridade fundamental. Todas as peças foram feitas com tecidos reaproveitados, especialmente deadstock de casas têxteis italianas.



A coleção apostou em volumes inteligentes, com armações internas que acentuavam os ombros e os quadris, mas sem interferir no conforto. As silhuetas se alongavam, trazendo consigo sobreposições inusitadas, como calças oversized combinadas com tops estruturados. A inspiração veio da artista sueca Marie-Louise Ekman e do movimento Mah-Jong, que foi um precursor da moda consciente nos anos 1970. A sofisticação técnica da coleção, junto com seu compromisso ambiental, destaca a Rave Review como uma das marcas mais relevantes do norte europeu atualmente.

Inovação e colaboração internacional renovam vocabulário da passarela

Entre os lançamentos que estão rompendo barreiras geográficas e tecnológicas, a parceria entre a opéraSPORT, Havaianas e a empresa alemã Zellerfeld resultou em um novo modelo de chinelo impresso em 3D, feito com material reciclável e um acabamento orgânico. Embora tenha chamado a atenção do público e se tornado um verdadeiro fenômeno nas redes sociais, esse calçado é apenas um dos muitos exemplos de como a CPHFW está se consolidando como um espaço para inovações em design sustentável.



Outras marcas estão se unindo em colaborações para ampliar suas ofertas. Um exemplo é a Sunflower, que criou peças com foco em inteligência climática, e a The Garment, que trouxe tecidos inovadores com tecnologia de rastreabilidade digital. Esses avanços mostram a ambição do evento de ir além da estética, propondo um novo sistema de produção que combina inovação, ética e funcionalidade.

Moda de permanência: o retorno sereno de Freya Dalsjø

Depois de seis anos longe das passarelas, Freya Dalsjø fez um retorno discreto, mas cheio de confiança. A nova coleção é uma verdadeira celebração da permanência, tanto do ponto de vista estético quanto político. Ela traz peças de alfaiataria fluida, com tecidos naturais e um cuidado especial com o trabalho manual. Em vez de seguir as tendências passageiras, a estilista dinamarquesa optou por uma paleta neutra e cortes que valorizam o corpo em movimento. Materiais como cashmere, couro trançado à mão e crina de cavalo foram utilizados em criações que priorizam a durabilidade e a intenção.



A apresentação foi recebida como um alívio em meio à agitação estética dos outros desfiles. Ao trazer uma moda que não precisa de traduções constantes, Dalsjø reafirma a força do trabalho manual e da materialidade consciente. Em um evento marcado por novas formas e discursos, sua proposta se destaca exatamente por não tentar reinventar a roda o tempo todo, mas sim, por se aprofundar.

Matéria do site Lorena por Pamela Mariano

Veja as principais tendências de beleza da Semana de Moda de Copenhague

A Semana de Moda de Copenhague se encerrou, marcando uma semana intensa de 5 a 9 de agosto na capital dinamarquesa. Este evento foi um verdadeiro espetáculo para os entusiastas da moda, apresentando criações ousadas e, ao mesmo tempo, sustentáveis.

Além dos desfiles de roupas, o que chamou a atenção foram as inovações em beleza, desde maquiagens diferentes até penteados inovadores.

Franja de lado

Embora a Geração Z possa não ser fã, a franja lateral parece continuar em alta, especialmente com as tendências de beleza vistas em Copenhague. Esse estilo de franja combina perfeitamente com a estética “clean girl”.


Marimekko para a Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/Vogue)

Cabelo molhado

O visual de cabelo com efeito molhado e brilhante apareceu em várias marcas. Marimekko, Forza Collective, Munthe e (di)vision foram algumas que adotaram essa estética, que variava entre mechas bem definidas ao redor do rosto, coladas à cabeça, e um estilo mais despojado, como se os fios estivessem molhados naturalmente ao sair de casa.


Lívia Nunes para (di)vision na Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/SHOWstudio)

Make natural

Ela dominou a maior parte das passarelas. Continuadamente, era acompanhada por um toque de blush, mas sem grande destaque. Apesar de parecer simples, essa maquiagem exige uma pele bem cuidada, com vários produtos e etapas para ser alcançada.


Baum und Pferdgarten para a Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/Fashionnetwork)

Muitas vezes, é utilizada deliberadamente para manter um visual limpo e garantir que o foco permaneça completamente nas roupas das modelos, sem elementos adicionais que possam desviar a atenção.

Cabelos naturais

Diversos desfiles mostraram cabelos com um aspecto mais natural, sem sinais de alisamento ou modelagem excessiva. Ondas, cachos e cabelos crespos apareceram soltos e fluídos nas passarelas de João Maraschin, Gestuz e Opéra Sport.


Marca brasileira João Maraschin para a Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/Vogue)

A Semana de Moda de Copenhague confirmou que as tendências de beleza estão em um equilíbrio entre a simplicidade sofisticada e a ousadia criativa, inspirando novas abordagens e técnicas.

Pelúcias dominam passarelas e street style na Semana de Moda de Copenhague

Após conquistar destaques nas bolsas, os bichos de pelúcia agora também estão ganhando espaço nas roupas. A nostalgia, que tem sido a tendência favorita na moda nos últimos anos, continua a influenciar o estilo. Desta vez, o retorno ao passado traz um dos símbolos mais afetivos da infância e juventude para os looks das passarelas e do street style.

Essa tendência começou a ganhar força com os penduricalhos fashionistas que apareceram nas bolsas da coleção de verão de 2024 da Miu Miu. Em seguida, as pelúcias que apareceram em formato de roupa durante a Semana de Moda de Copenhague, no desfile da (di)vision.

Roupas com bichos de pelúcia

O estilista da (di)vision, Simon Wick, deixou bem claro que as pelúcias trazem muita individualidade e personalidade para o look, de forma divertida. E foi exatamente isso que vimos na passarela.


(di)vision para a Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/Instagram/@di_vsn)

A marca apresentou looks inéditos com elementos diferentes. Além de um top totalmente personalizado com bichos de pelúcia, a calça jeans também foi customizada com bichinhos, permitindo adicionar um toque de cor e diversão para a produção.


Lívia Nunes para a (di)vision na Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/Instagram/@marlonbrambilla)

A influenciadora brasileira Lívia Nunes também marcou presença na (di)vision. A it girl desfilou usando um body preto com a bandeira do Brasil estampada no meio e, novamente, podemos ver acessório de pelúcia no cinto usado por ela.

Bolsas repletas de acessórios

A ideia é dar um toque diferente à sua bolsa favorita, personalizando ao máximo com diversos acessórios. No TikTok, essa tendência ficou conhecida como “Jane Birkinfication” e agora, essa moda saiu das passarelas e foi direto para as ruas de Copenhague, onde o street style foi marcado por bolsas decoradas com tudo, desde pelúcias até joias.


Street Style na Semana de Moda de Copenhague (Foto: Reprodução/Christian Vierig/Getty Images)

Com a popularidade da tendência, é provável que vejamos ainda mais criações que misturam o imaginário infantil com o sofisticado universo da moda. Seja através de roupas ou acessórios, os bichos de pelúcia estão se firmando como um símbolo de uma nova era de estilo, onde a nostalgia e a criatividade caminham lado a lado.