A prefeitura de São Paulo vai construir um conjunto habitacional no local onde o “fluxo” de usuários da Cracolândia estava. O terreno fica no Centro da cidade. O anúncio das futuras obras ocorreu nesta sexta-feira (6).
A prefeitura havia solicitado a saída de dois coletivos que ficavam na mesma área, o Teatro de Contêiner Mugunzá e Tem Sentimento. O local, que está vazio há quase um mês, pertence à gestão municipal e fica em um triângulo formado pelas ruas General Couto de Magalhães, dos Protestantes e dos Gusmões.
O projeto da prefeitura prevê a demolição de um prédio degradado e a transferência da sede do teatro. As obras têm previsão para começar nos próximos dias. O espaço contará com uma quadra esportiva, brinquedos, gramado e área de descanso. Além disso, há projeto entre a COHAB e a CDHU que prevê a construção de duas torres de apartamentos.
A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que chamou os representantes do teatro para uma reunião para apresentar opções de imóveis onde o grupo possa se instalar. Segundo a prefeitura, os terrenos servirão para a construção de moradia popular. A prefeitura não disse se todo o local – o que inclui o terreno onde ficava a Cracolândia – terá o mesmo uso.
Os coletivos
A gestão municipal procura o teatro para solicitar a devolução de uma parte da área desde agosto de 2024. O órgão alega que o local será utilizado para apoio dos agentes públicos da Secretaria Municipal de Saúde, que atuam na Cena Aberta de Uso da Cracolândia. A solicitação foi realizada um mês após o começo da construção do muro. A prefeitura instalou duas tendas no local depois que o coletivo cedeu o espaço.
A gestão procurou novamente o teatro no dia 8 de abril deste ano. Dessa vez, solicitou o terreno inteiro. Em notificação, a Prefeitura Munical de São Paulo informou que precisa da área para aumentar o apoio aos agentes públicos da Secretária Municipal de Saúde. Esses profissionais trabalham na Cena Aberta de Uso, situada no entorno. A gestão também pretende usar o local para ampliar o atendimento das pessoas que frequentam a região.
A prefeitura também informou que a área do Teatro Mugunzá é muito importante para aumentar a qualidade do atendimento oferecido às pessoas em situação de vulnerabilidade que estão na cena de uso da Rua dos Protestantes. O órgão declarou que a área que será cedida possibilitará não só mais abordagens, mas também a oferta de condições de trabalho melhores às equipes
A prefeitura ainda procurou o Coletivo Tem Sentimento, que ocupa parte da área. O órgão sugeriu transferência do projeto para um endereço na Rua Maria Borba, no bairro da Consolação. O coletivo oferece oficinas de costura para mulheres em situação de vulnerabilidade, principalmente as que estavam na Cracolândia.
O sumiço da Cracolândia
A prefeitura encaminhou duas respostas sobre o que aconteceria com a área onde antes ficava a Cracolândia, já que as pessoas que precisam de atendimento não estão mais lá. O “fluxo” sumiu no dia 13 de maio.
De acordo com a prefeitura, a Tenda da Saúde foi inaugurada em setembro de 2024 para atender melhor os usuários de drogas e em situação de rua. Na resposta, ainda declarou que o atendimento requer um ambiente propício para atender necessidades especiais, o que inclui procedimentos clínicos e conversas sobre cuidados entre os pacientes e profissionais.
A gestão também afirmou que a estrutura é um ponto estratégico para reuniões das equipes e para a educação continuada, e assegura que o auxílio às pessoas em vulnerabilidade não seja prejudicada. Segundo o órgão, a tenda continua em funcionamento no espaço.
A prefeitura ainda informou que está em negociações para fornecer um lugar apropriado para que as ações do Coletivo Tem Sentimento continuem. Atualmente, as atividades acontecem em um espaço sem os requisitos de segurança e acessibilidade necessários.
Nesta quinta-feira (29), após o teatro receber a notificação, a prefeitura informou que a área receberá a construção de moradia popular. O órgão também convidou os representantes do coletivo para uma reunião em que serão discutidas propostas de imóveis apropriados para a transferência do grupo. Reuniões nos dias 5 de fevereiro, 12 e 31 de março e 1 de abril já aconteceram. A gestão reiterou que no espaço ocorrerá a construção de moradia popular como parte de um programa de recuperação do tecido urbano de São Paulo.
