Navio russo armado com mísseis foi abatido pela Ucrânia na Crimeia

Nesta terça-feira (21), o Exército Ucraniano afirmou ter destruído um navio de guerra da Rússia, o qual estava atracado no sul da Crimeia, região ocupada por Moscou desde 2014.  

O Estado-Maior da Ucrânia afirmou que as forças de Defesa ucranianas atingiram um navio de mísseis russo do projeto 22800 Tsiklon em Sebastopol, na noite do último dia 19. Tal navio seria de varredura de minas.

A Rússia afirmou que não houve feridos

A Rússia não se manifestou imediatamente. No dia dos fatos, o ministério da Defesa da Rússia afirmou que teriam derrubado nove mísseis ATACMS sobre a Crimeia, fabricados pelos Estados Unidos. Mikhail Razvozhayev, governador da área empossado pela Rússia, divulgou que ninguém foi ferido e que houve prejuízos em alguns prédios residenciais.

Segundo informações da Defesa Russa, o Tsiklon foi construído em um estaleiro de Kerch. Começou o serviço de combate em junho de 2023.  Porém, enquanto estava em serviço ativo, nunca disparou um míssil de cruzeiro.

Retirada de navios de guerra russos

A Marinha da Ucrânia atacou com mísseis e drones navais os navios russos no Mar Negro, por não ter uma frota naval robusta. Os ataques levaram os russos a transferirem a maior parte da frota para longe da península da Crimeia.

Dmytro Pletenchuk, porta-voz da Marinha ucraniana, informou que, dos cinco navios de guerra do projeto 22800 da Rússia, dois foram enviados ao Mar Cáspio, um está em um estaleiro e dois foram destruídos. As autoridades de Kiev acreditam que os ataques conseguiram minar a capacidade dos russos de fazerem ataques com mísseis, a partir do mar, em território ucraniano.


Rússia anuncia início dos exercícios táticos de armas nucleares próximo à Ucrânia (Foto: Reprodução/Instagram/@afpnewsagency)

O novo comandante e chefe do Exército da Ucrânia, Oleksander Sirki, afirmou que a situação é complexa e tensa na região. Segundo ele, os ocupantes russos continuam aumentando os esforços e superam as forças ucranianas em número. Ele acrescentou estarem tomando todas as medidas possíveis para minimizar as perdas e salvar a vida dos soldados.

Ponte da Crimeia: possível ataque ucraniano provocará retaliação da Rússia

Nesta sexta-feira (3), a Rússia declarou que qualquer ação agressiva contra a Crimeia não só estará fadada ao fracasso, mas também será recebida com um devastador ataque de vingança. Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, apresentou publicações de autoridades ucranianas e de países da União Europeia, sugerindo que Kiev atacaria a Ponte.

Moscou acredita que os Estados Unidos teriam doado sistemas de mísseis guiados de longo alcance para Ucrânia. Com esse armamento, os ucranianos estariam planejando um ataque à ponte no dia 9 de maio, data em que a Rússia comemora a vitória da União Soviética contra a Alemanha, na Segunda Guerra Mundial.

Tudo começou no século XVIII

A Crimeia pertencia ao Império Russo, e depois à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1783 a 1954). Então, Moscou deu-a de presente para Ucrânia. Em 2014, A Rússia tomou e anexou de volta a Crimeia. Os Ucranianos têm demonstrado que consideram ilegal a construção da ponte rodoviária e ferroviária. Eles querem a Crimeia de volta.


Ponte da Crimeia (Foto: reprodução/Stringer/AFP/Getty Images embed)


Conforme Zakharova, David Cameron, secretário de Relações Exteriores britânico, havia dito que a Ucrânia tinha o direito de usar armas fornecidas pelo Reino Unido para atingir alvos dentro da Rússia, na última quinta-feira. Para ela, isso é uma comprovação de que o Ocidente estaria travando uma guerra híbrida contra Moscou.

A Crimeia tem muito a oferecer

A Crimeia tem uma posição geográfica privilegiada. Ela é uma via de acesso ao mar Negro a partir do mar de Azov, o qual banha parte da Ucrânia e o sudoeste do território russo. É uma área de águas quentes, favorecendo o transporte marítimo para fins comerciais, além de ser base de defesa territorial russa.

É, também, uma região de grande produção de grãos, alimentos e bebidas como o vinho. Os portos marítimos são ainda responsáveis pelo escoamento e distribuição de parte da produção agropecuária dos países vizinhos para outras nações europeias. Além disso, são utilizados para a importação de mercadorias e matérias-primas, principalmente pela Ucrânia.

O conflito entre os países não começou agora. Vem de um passado não muito distante.  Abrange aspectos étnico-culturais da população que vive na Crimeia, assim como a importância estratégica que a península apresenta para a Rússia e a Ucrânia, e também para a região na totalidade.

Alemanha acusa Rússia de tentar desestabilizar o país com vazamento de conversa militar confidencial

O ministro de defesa alemão, Boris Pistorius, acusou o presidente Vladimir Putin neste domingo (03) de tentar “desestabilizar a Alemanha”. Uma gravação militar confidencial de 38 minutos foi vazada por um canal estatal russo. O teor da conversa envolvia o uso de mísseis Taurus, de fabricação alemã, em um possível ataque à ponte que liga a região da Crimeia à Rússia.

As declarações alemãs

É simplesmente uma questão de usar essa gravação para desestabilizar a unidade do país”, declarou o ministro alemão. O objetivo do político russo seria “semear a divisão política internamente” e acrescentou: “espero sinceramente que Putin não tenha sucesso e que permaneçamos unidos”. 

Ele disse que a contrainteligênica alemã ainda terá que determinar se a plataforma foi a melhor escolha para tal conversa e aguarda o resultado de uma investigação militar no início da próxima semana antes de tirar suas conclusões. Já o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, que confirmou o vazamento neste sábado (02), prometeu uma investigação total sobre o caso. Uma porta-voz comunicou que segundo investigações, “a conversa na divisão da força aérea foi interceptada”, mas ainda podem afirmar se a gravação foi adulterada.


O chanceler alemão acusa Putin de tentar desestabilizar a Alemanha e prometeu um inquérito sobre o caso (Foto: reprodução/ Instagram/olafscholz)

Por conta do vazamento, os militares alemães agora enfrentam duras críticas e são acusados de falta de profissionalismo e sérias falhas de segurança. Políticos dos partidos da coligação do chanceler também expressaram preocupações pela Rússia ter tido acesso a conversas governamentais de teor sensível. Até o momento, Scholz se recusou a enviar projéteis Taurus para apoiar a Ucrânia, tremendo uma escalada no já delicado conflito entre as duas nações.

O que é discutido na gravação

A gravação de áudio de 38 minutos foi vazada pelo canal estatal russo RT. Segundo Margarita Simonyan, a chefe do canal, o trecho divulgado é uma conversa entre autoridades alemãs sobre um eventual bombardeio na historicamente conflituosa região da Crimeia.

O teor da conversa envolve a possibilidade do exército ucraniano de usar os mísseis Taurus, que são fabricados pela Alemanha, e seu provável impacto. Também há falas de possíveis locais alvos de ataque, como a ponte de Kerch, que liga a região à Rússia. A ponte, considerada pelo presidente Putin como “a joia da coroa”, foi atacada pelos serviços de segurança ucrabianos em outubro passado, o que gerou uma série de ataques de retaliação contra várias cidades, incluindo a capital Kiev. A ponte é uma importante rota de abastecimento para as forças russas e está atualmente sob comando do governo de Putin.


Os mísseis são uma das maiores armas de defesa do presidente Zelensky para defender a Ucrânia (Foto: reprodução/Pixabay)

A gravação também inclui detalhes acerca do fornecimento e uso de mísseis de longo alcance Scalp, entregues pela França e Reino Unido à Ucrânia no ano passado. Um dos trechos mais comprometedores da conversa, pois o governo alemão revela segredos de países aliados.