O Poder Executivo Federal contratou dois cruzeiros internacionais para reduzir os altos custos de hospedagem em Belém durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. A princípio, os navios MSC Seaview e Costa Diadema vão oferecer mais de 6 mil leitos em quase 4 mil cabines.
No entanto, a solução trouxe um novo desafio logístico. As embarcações ficarão em Outeiro, a 20 km do centro de Belém, região com infraestrutura limitada. O governo descartou o terminal central por questões ambientais e investe agora R$ 180 milhões na adaptação do porto periférico.
Ponte em atraso amplia as incertezas
Por outro lado, a promessa é que o trajeto até os pavilhões dure apenas 30 minutos, com apoio da nova ponte estaiada entre Outeiro e Icoaraci. Todavia, a obra segue em ritmo lento e deve ser concluída apenas semanas antes da conferência. Técnicos alertam que o trânsito pode ser ainda mais demorado.
Nesse ínterim, especialistas defendem um planejamento maior. Para a geóloga Aline Meiguins, da Universidade Federal do Pará (UFPA), a cidade enfrenta um teste inédito. Segundo Meiguins, a capital Belém precisa antecipar ações de mobilidade e infraestrutura para evitar colapsos.
Impactos ambientais e riscos locais
Além do trânsito terrestre, os navios podem afetar o tráfego fluvial. A região de Outeiro concentra barcos de turismo e transporte de moradores. Logo, o aumento do fluxo pode elevar riscos de acidentes em rios já sobrecarregados.
Contudo, não só o trânsito se torna um problema, mas também a poluição. Mesmo paradas, as embarcações produzem grandes quantidades de carbono e efluentes. O governo promete compensar as emissões com créditos de carbono, mas pesquisadores criticam a falta de alternativas menos poluentes.
Críticas à especulação hoteleira
— Infraestrutura em andamento para a COP30 (Foto: reprodução/Carlos Fabal/AFP/Getty Images Embed)
Enquanto isso, os hotéis de Belém seguem cobrando valores até 15 vezes maiores que os praticados em outras conferências. Em consequência, apenas 47 países confirmaram presença até agora, e delegações denunciam preços abusivos. Um vice-presidente da Organização das Nações Unidas (ONU) chamou a situação de “insanidade” e alertou para o risco de esvaziamento do evento.
A COP30, marcada entre 10 e 21 de novembro, é considerada crucial nas negociações climáticas. Porém, a pressão sobre Belém cresce e ajustes urgentes são exigidos para evitar danos à credibilidade da conferência.
