Samantha Schmütz, Toni Garrido e Robson Nunes integram elenco brasileiro de musical da Broadway

Inspirado na história do trio americano “The Supremes”, que contou com nada mais, nada menos que Diana Ross como integrante, a trama do musical fala da ascensão, queda e ressurgimento, após uma série de acontecimentos, de um trio de cantoras afro-americanas nos Estados Unidos da década de 1960. Schmütz traz leveza e um tom de comédia a esta história forte. Toni Garrido e Robson Nunes se revezam no papel do vilão Curtis Taylor Jr., empresário ambicioso e ganancioso, que faz tudo pelo poder e para se manter no controle da situação.

Complexidade das relações no Showbiz

Dreamgirls – Em Busca de Um Sonho” é mais que um simples musical. Sua essência traz momentos de profunda reflexão sobre diversos valores essenciais para um ser humano, que vêm sendo pautados, paulatinamente, pela população preta, como, por exemplo, o racismo, a desigualdade de gênero, além de questionar a falta de representatividade e os padrões estéticos, os quais, na época, eram predominantemente estabelecidos pelos brancos e claro, fala, também, sobre o preço da fama no showbiz.

Em entrevista exclusiva ao In Magazine, o diretor geral do musical, Gustavo Barchilon, relatou que fez poucas adaptações para a versão brasileira do musical, desde a primeira, montada nos Estados Unidos em 1981, no Teatro Imperial, na Broadway, pois, guardadas as devidas proporções para os dias de hoje, as principais questões abordadas na trama ainda são muito atuais, além do fato de se tratar de teatro.  

A atriz, comediante e cantora Samantha Schmütz, que completou 25 anos de carreira, e não fazia teatro há mais de dez anos, complementa a exclusiva, dizendo sobre a sua personagem, a deslumbrada integrante do trio, Lorell Robinson, que se gaba toda pelo fato de ter um caso extraconjugal com o agente inescrupuloso e ambicioso, Curtis Taylor Jr., inspirado no fundador da gravadora Motown Records, Berry Gordy Jr., personagem de Toni Garrido e Robson Nunes, que se revezam no papel, devido à agenda de shows e demais compromissos de Garrido:

“Estou muito feliz, em primeiro lugar, de fazer, de ter tido a oportunidade de fazer essa personagem, que tem espaço pra a comédia, tem leveza, tem esse deslumbre. Ela tá vivendo um sonho, que ela nem imaginava, tá deslumbrada! Ela tem um caso com o mais gostoso, o famosão, o gostosão da história, eu acho que ela tá curtindo, essa coisa, e ao mesmo tempo tentando se equilibrar nesse conflito dentro do grupo delas. Elas são amigas, começaram juntas, sem experiência…e, assim, vai se formando a relação delas…acontece muito, então, é muito legal trazer esse lado mais leve e descontraído”.


Samantha Schmütz como Lorell Robinson (Foto: Caio Gallucci)

Samantha faz toda uma ginástica para estar no elenco do musical, encaixando sua agenda entre os ensaios do musical e as gravações da série “Vai Que Cola”, do canal Multishow. Sempre com o humor afiado, a cantora disse ensaiar em frente ao espelho dos banheiros dos aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo.  

Toni conta com exclusividade que é fã de seu personagem Curtis, não, claro, por seu comportamento com as cantoras, pois ele as via apenas como um produto, mas pelo fato do empresário ser muito direto, sério, objetivo e focado em seus propósitos que eram (i) fazer a carreira das cantoras decolar, e (ii) colocar sua gravadora, a Rainbow Records, num patamar de sucesso e, nesses aspectos, ele foi bem-sucedido:

“O Curtis tem o pensamento muito focado, muito direto….ele consegue tudo que ele se propõe, ele passou por cima de tudo e de todos pra isso, não foi bonito, não é bonito, mas ele tem esse foco, eu vou, eu quero, eu consigo, vai dar certo. Ele tem muito foco, ele tem palavra”.

O ator Robson Nunes comentou que está sendo muito especial estar neste espetáculo e dividir seu personagem com seu ídolo, Toni Garrido, de quem é muito fã. Além disso, ele se sente muito lisonjeado em poder figurar de exemplo para os jovens que assistem ao musical, pois trabalha com este foco desde a época que foi apresentador da Disney Channel.  


R&B dá o tom às canções

O musical ressalta a era de ouro da música afro-americana dos anos 1960 e 1970, que tinha o gênero musical “Rhythm and Blues”, ou “R&B” como base, pois é o ritmo que representa a música negra secular que surgiu nos Estados Unidos, na década de 1940, e substituiu o termo “race music”. As canções de “Dreamgirls” têm letras fortes e emblemáticas, que acabam recebendo alguma influência de outros gêneros, como o soul, o gospel, o funk e o disco.


Toni Garrido, Samantha Schmütz e Robson Nunes (Foto: Caio Gallucci)

O espetáculo está em cartaz no Teatro Santander, na cidade de São Paulo, até o dia 30 de novembro de 2025, de quinta à domingo, sendo quintas e sextas-feiras, às 20h, aos sábados, às 16h e às 20h e domingos, às 15h e às 19h.

IBGE revela que mulheres ganham 21% menos que homens, mesmo sendo escolarizadas

Nesta sexta-feira (08), no Dia Internacional da Mulher, foram divulgados os dados do estudo Estatísticas de Gênero, que revelou que embora as mulheres sejam mais escolarizadas no Brasil, elas em média ganham 21% menos do que os homens. É uma estatística que confirma a continuidade da desigualdade de gênero no país.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados atualizados até o ano de 2022. Na questão de escolaridade, foi observado que 21,3% das mulheres com mais de 25 anos tem o ensino superior completo, enquanto que para homens o mesmo índice é de 16,8%.

Porém, o dado possui certa discrepância quando são avaliados fatores como a etnia: mulheres negras em média tem menos acesso ao ensino superior (14,7%) do que mulheres brancas (29%). O enfoque do estudo, no entanto, é menos sobre as diferenças na escolarização, e muito mais na discriminação de gênero que ocorre no mercado de trabalho, em diferentes graus em diferentes setores.


Desigualdade salarial por gênero, de acordo com o IBGE (Foto: reprodução/IBGE/g1)

Diferentes cargos

Entre os dados revelados pela pesquisa, destacam-se algumas estatísticas em especial:

  • A maior desigualdade ocorre nas profissões intelectuais e científicas, onde homens ganham em média 36,7% mais do que mulheres;
  • No total, 61% dos cargos de liderança são ocupados por homens, enquanto que apenas 39% são ocupados por mulheres;
  • Embora as mulheres apresentem maior escolaridade em geral, elas são apenas 22% dos formandos nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (CTEM).

O que esses dados continuam a indicar é que a diferença salarial média ocorre não de forma explícita (sendo pagos salários diferentes pelo mesmo trabalho), mas por conta da diferente distribuição de cargos, com os de maior rendimento sendo ocupados por homens. De acordo com a coordenadora do estudo, Barbara Cobo, a diferença pode ocorrer por causa de estereótipos de gênero.

Trabalho doméstico

Uma das mais graves discrepâncias que vem sido apontada em pesquisas recentes é a diferença no trabalho doméstico: enquanto que homens dedicam em média 11,7 horas semanais, as mulheres contabilizam quase o dobro, chegando a 21,3 horas.

É muito exaustivo, você não conhece uma mãe que não esteja exausta,” disse Barbara. “Será que o cuidar é a vocação das mulheres ou a gente foi socializada para cuidar?

Juntando o emprego remunerado com a manutenção doméstica, a carga total da dita “jornada dupla” também fica maior que a carga dos homens, chegando até o dado elevado de 55,3 horas semanais na região Sudeste. Ao passar do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aumenta-se o risco de AVC em 35%, e de óbito por doenças cardíacas em 17%.

Segundo a pesquisadora do IBGE, não se trata de um problema que vai ser resolvido com uma “grande revolução” no pensamento dos brasileiros para eliminar a misoginia no campo social, mas sim com políticas públicas que afetem o patamar econômico das pessoas, tornando a carga de trabalho mais razoável e igualitária.