Caso JFK: mais de mil documentos sigilosos são liberados após 60 anos do assassinato

O Arquivo Nacional dos Estados Unidos divulgou, nesta terça-feira (18), arquivos confidenciais do governo sobre o assassinato do 35º Presidente dos EUA, John F. Kennedy, em 1963. Os documentos, disponibilizados ao público, pela primeira vez, contêm dezenas de milhares de páginas de registros não editados.

A liberação dos arquivos aconteceu após Trump ter assinado uma ordem executiva no primeiro dia de mandato em 2025. A ordem objetivava liberar totalmente os documentos do governo relacionados aos assassinatos de Kennedy, seu irmão e candidato à presidência, o senador Robert F. Kennedy, e o líder dos direitos civis Martin Luther King Jr., assassinado em 1963.


Martin Luther King Jr. no Lincoln Memorial em Washington (Foto: Reprodução/Associated Press)


Em 1992, o Congresso determinou que todos os registros fossem liberados em 25 anos. Mas esse mandato foi cumprido com atrasos, redações e retenções, pois agências como o FBI e a CIA argumentaram que uma desclassificação completa dos documentos representaria uma ameaça significativa à segurança nacional.

Trump e o ex-presidente Joe Biden liberaram lotes de milhares de registros, embora alguns tenham sido altamente redigidos. Outros permaneceram totalmente retidos.

O que os documentos revelam?

Especialistas não esperam que os novos documentos tragam uma reviravolta no entendimento do caso, mas eles podem esclarecer detalhes sobre os movimentos de Lee Harvey Oswald, o assassino de JFK, nos dias que antecederam o crime.

Segundo Fredrik Logevall, docente de história da Universidade de Harvard para o WP, ainda é possível que novas informações mudem alguns aspectos do que se sabe sobre o caso.


JFK e sua esposa momentos antes do assassinato (Foto: Reprodução/Bettmann Archive)


Várias investigações sobre o assassinato de JFK ao longo dos anos – algumas delas ainda na década de 1990 – coletaram informações confidenciais que tratavam de métodos de coleta de informações e de governos estrangeiros aliados, mas que não estavam diretamente ligadas ao assassinato.

Brasil é citado

Outro ponto relevante da liberação dos documentos é a presença de referências ao Brasil. Arquivos mencionam informações sobre Ligas Camponesas, movimento de trabalhadores rurais liderado por Francisco Julião, e sua suposta ligação com o comunismo. Essas menções refletem o contexto da Guerra Fria, em que os Estados Unidos monitoravam possíveis influências soviéticas em países da América Latina.

PF afirma que Bolsonaro é responsável por examinar e alterar minuta de decreto golpista

Nesta semana, a Polícia Federal entregou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um relatório sobre a investigação de golpe de Estado realizada nos últimos dias. No documento, a PF afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro está de fato envolvido no golpe, pelo fato de ter examinado e alterado uma minuta de decreto relacionada ao golpe de Estado.

Dados comprometedores

Segundo o relatório da Polícia Federal, durante a investigação foram colhidos dados que provam a ligação de Jair Bolsonaro à conspiração nacional, no caso mensagens rastreadas que mostravam Bolsonaro recebendo um texto relacionado ao golpe de Estado e fazendo alterações no mesmo. Ainda é afirmado no relatório que Bolsonaro, após avaliar o texto, manteve a determinação de prisão de Alexandre de Moraes, ministro da Corte.


Palácio do Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/cnnbrasil/Fabio Rodrigues)

O documento analisado pela PF, que serviu de base para o relatório em questão, possui diversos indicativos de mobilização para um golpe de Estado. Uma das características deste documento, é a proposta da instauração de um estado de sítio no Brasil, significando uma suspensão temporária dos direitos e garantias dos cidadãos e sobrepondo poder Executivo sobre o Judiciário e o Legislativo.

Defesa de Jair Bolsonaro

A defesa do ex-presidente da república assegurou em nota que o mesmo não participou de qualquer decreto que alterasse o Estado Democrático de Direito de forma ilegal, afirmando que quaisquer informações divulgadas com este tipo de afirmação não refletem a verdade, além de citar que Jair Bolsonaro manifestou-se contra os atos de vandalismo ocorridos aos prédios dos Três Poderes no dia 08/01/2023.

Enquanto eram cumpridos os mandados de prisão e busca e apreensão na última semana, a PF elencou diversas conversas sobre o assunto em questão. Uma das conversas apuradas pelas autoridades é a de Mauro Cid e Freire Gomes em dezembro de 2022. Esta troca de mensagens, para a Polícia Federal, confirma a existência do decreto analisado e ajustado por Jair Bolsonaro.