Após vitória de Trump, Biden assegura uma transição de poder tranquila e estruturada

O presidente Joe Biden se comprometeu, nesta quinta-feira (07), a assegurar uma transição de governo “pacífica e ordenada”, ressaltando a importância de respeitar a escolha feita pelo povo americano nas urnas. Em um discurso de tom conciliatório proferido na Casa Branca, ele se dirigiu à nação com uma mensagem de unidade e respeito à democracia. Biden, reconheceu a vitória de Donald Trump, enfatizando o valor da vontade popular e a relevância do processo eleitoral.

Além disso, o presidente abordou a dor e a decepção causadas pela derrota de sua vice-presidente, Kamala Harris. Biden também fez um apelo poderoso aos americanos para que “baixem a temperatura”, referindo-se à crescente polarização que domina o ambiente político e social nos últimos meses, exacerbada por discursos divisivos e desinformação.


Joe Biden se pronunciou sobre eleição nos Estados Unidos (Foto: reprodução/Instagram/@hugogloss)

Discurso

“Ontem, falei com o presidente eleito Trump para parabenizá-lo por sua vitória. E assegurei que direcionarei toda a minha administração para trabalhar com sua equipe para garantir uma transição pacífica e ordeira. É isso que o povo americano merece” disse Biden.

Em 2020, após a vitória de Biden sobre Trump, apoiadores do republicano invadiram o Capitólio em um intento de impedir a oficialização da vitória do democrata. Esse episódio de violência marcou um divisor de águas na história americana e gerou preocupações sobre a próxima transição de poder, programada para janeiro de 2025. Trump, durante a campanha eleitoral, demonstrou resistência em aceitar uma possível derrota, condicionando sua aceitação a um “processo justo”.

Biden convidou Trump para uma reunião na Casa Branca, sendo o primeiro encontro desde o debate ruim de Biden em junho.

Apelo a união nacional

O presidente destacou que, para alguns, o momento representava “um tempo de vitória”, enquanto, para outros, “um momento de perda”. No entanto, resignado, enfatizou que essa era a decisão dos americanos e que seu governo a aceitaria.

Biden fez um apelo à união nacional, enfatizando a importância de os americanos se verem como “compatriotas” em meio à crescente polarização política. Ele também destacou que o resultado das eleições deveria limpar as dúvidas sobre a integridade do sistema eleitoral, especialmente em relação à recusa de Trump em aceitar sua derrota em 2020, algo que até hoje não foi reconhecido por ele.

Veja como ficam os processos criminais de Trump após vitória nas eleições

Eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez, nesta quarta-feira (6), com uma vitória expressiva sobre a atual vice-presidente Kamala Harris, candidata do Partido Democrata e apoiada pelo governo de Joe Biden, Donald Trump se prepara para retomar a Casa Branca em janeiro de 2025. No entanto, sua ascensão à presidência ocorre em meio a uma série de processos judiciais, tanto em nível estadual quanto federal, que o colocam sob forte pressão legal.

Presidente reeleito Donald Trump ao lado de sua esposa Melania (Reprodução/ Doug Mills/The New York Times)

A contagem dos votos populares ainda está em andamento porém Trump venceu com uma expressiva vantagem sobre Kamala Harris no Colégio Eleitoral. Além disso, ele contará com o significativo respaldo do Partido Republicano, que detém um domínio considerável no Congresso dos Estados Unidos. Essa posição de força tanto no cenário eleitoral quanto no legislativo proporciona a Trump uma plataforma sólida para implementar suas políticas e enfrentar os desafios que surgirão durante seu novo governo, tornando-o ainda mais capacitado para exercer sua liderança de forma eficaz nos próximos anos.

O presidente eleito Donald Trump enfrentará uma verdadeira montanha de processos judiciais que foram instaurados contra ele e que continuarão a seguir o trâmite regular do sistema de Justiça dos Estados Unidos, independentemente do cargo que ele ocupará a partir de janeiro de 2025. Esses litígios, que envolvem tanto questões federais quanto estaduais, não serão suspensos ou interrompidos pela sua eleição, o que significa que, mesmo enquanto se prepara para retornar à Casa Branca, ele terá que lidar com as implicações legais dessas ações, que podem afetar não apenas sua agenda política, mas também sua imagem pública e a dinâmica de seu governo.

Em maio deste ano, Donald Trump foi considerado culpado em um tribunal de Nova York em 34 acusações de suborno, um caso que gerou grande repercussão no cenário político e judicial. O ex-presidente republicano agora aguarda a sentença, que deve ser proferida ainda neste mês, e que pode ter implicações significativas em sua vida política e pessoal. Esse é um episódio sem precedentes na história dos Estados Unidos, já que nunca antes um réu criminal foi eleito para o cargo mais alto do país. Além disso, é importante destacar que, até o ano passado, nenhum ex-presidente dos Estados Unidos havia enfrentado acusações criminais, quebrando uma tradição de imunidade política que perdurou por mais de dois séculos. Esses fatos marcam um momento único e controverso na política americana, onde a figura de Trump se mistura com uma complexa realidade jurídica.

Processos em nome de Trump

Está marcada para o dia 26 de novembro uma audiência no tribunal de Nova York, onde Donald Trump foi condenado por suborno em maio deste ano. Espera-se que o presidente eleito compareça ao tribunal, onde receberá a sentença por sua condenação em 34 acusações de falsificação de registros comerciais, com o objetivo de ocultar um pagamento feito durante sua campanha presidencial de 2016. O pagamento teria sido destinado a “comprar o silêncio” da atriz pornô Stormy Daniels, que alegou ter tido um caso com Trump — uma acusação que ele sempre negou.

Além dessa condenação estadual em Nova York, Trump enfrenta uma série de processos criminais federais em Washington D.C. e na Flórida. Ambos os casos foram movidos pelo procurador especial Jack Smith e envolvem alegações de que Trump tentou anular os resultados da eleição presidencial de 2020 e manipulou ilegalmente documentos confidenciais. Ambos os processos foram instaurados em 2023 e, até agora, a principal estratégia de defesa de Trump tem sido postergar o andamento desses casos, na esperança de que, ao assumir o cargo de presidente, ele possa demitir Smith, o que resultaria no possível arquivamento das ações.

Além desses processos federais, Trump também enfrenta um caso criminal na Geórgia, onde é acusado de tentar reverter o resultado das eleições de 2020 no estado. No entanto, esse processo pode ser afetado por questões burocráticas que, potencialmente, favoreçam o ex-presidente. O andamento do caso depende, em grande parte, de uma decisão sobre a promotora Fani Willis, do condado de Fulton, que está liderando a investigação na Geórgia. Willis, alinhada ao Partido Democrata, enfrenta a possibilidade de ser afastada do caso, devido a um relacionamento amoroso mantido com um colega promotor, o que poderia comprometer sua imparcialidade. O tribunal de apelações ainda está avaliando essa questão, e uma decisão definitiva só deve ocorrer por volta de meados do próximo ano.

Esses processos, que envolvem uma série de acusações graves e que se arrastam desde 2023, têm criado um cenário jurídico complexo para Trump, que, ao mesmo tempo em que se prepara para assumir a presidência novamente, enfrenta sérias batalhas legais que podem impactar tanto sua imagem pública quanto sua governabilidade no futuro.

Ações Civis

Donald Trump também é alvo de uma série de ações civis, que envolvem diversos episódios de sua trajetória, incluindo sua possível participação na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando manifestantes aliados ao ex-presidente invadiram e depredaram o Congresso dos Estados Unidos. Essas ações civis visam apurar sua responsabilidade pelos danos causados e pelas consequências daquele ataque.

Além disso, Trump enfrenta processos por difamação e ainda é réu em um caso envolvendo uma alegada fraude civil, movido pelo procurador-geral de Nova York. Em setembro, seus advogados apresentaram defesas em tribunais estaduais e federais de apelação, buscando contestar essas acusações.

O ex-presidente também enfrenta ações civis movidas por congressistas do Partido Democrata, que o acusam de incitação à violência e de responsabilidade pelos ataques ao Capitólio, no episódio que ficou conhecido como a tentativa de golpe de 6 de janeiro. Essas ações reforçam o complexo e multifacetado cenário jurídico que Trump terá de enfrentar, com implicações significativas para sua imagem pública e para sua capacidade de governar.

Eleições EUA: estados adotam regras diferentes e dificultam votação

Chegando nos momentos finais das eleições presidenciais dos Estados Unidos, muitos estados começaram a dificultar a vida do eleitor na hora de exercer seu direito. A Geórgia, que é considerada um estado pêndulo, está criando dificuldades para a realização do voto. Há relatos de pessoas que precisam confirmar seu cadastro mais de uma vez.

O fato de Joe Biden ter vencido no estado em 2020, fez o partido Republicano de Donald Trump, endurecer as regras a serem cumpridas para uma pessoa realizar seu voto. Como a vantagem de Biden se deu pelo eleitorado formado por pessoas negras, apoiadores de Trump diminuíram os caixas para voto antecipado em regiões onde há concentração de negros e democratas.

Em outro estado pêndulo, Carolina do Norte, os eleitores precisam depositar, com o seu voto, uma cópia da sua identidade com firma reconhecida ou assinado por duas testemunhas.

O Texas, estado reconhecidamente republicano, não aceita carteira de estudante como documento válido para votar. O documento é aceito em mais de 10 estados do país.


Eleitores votando (Foto: reprodução/AFP/Jeff Kolwalsky/Getty Images Embed)


Estados-pêndulos

Os estados-pêndulos, são os estados onde não existe uma inclinação política para democratas ou republicanos, seus votos variam em cada eleição. São reconhecidos como estados-pêndulos nos Estados Unidos: Geórgia, Nevada, Arizona, Michigan, Carolina do Norte, Wisconsin e Pensilvânia.

Para se consagrar presidente, é de suma importância que um candidato vença nos estados-pêndulos. Como o sistema de votação dos Estados Unidos é pelo voto indireto, onde a pessoa não vota diretamente no presidente e sim no delegado do partido, vencer em estados que somam grande número de delegados coloca um candidato em vantagem.

Pensilvânia

Pensilvânia é um estado-pêndulo crucial tanto para Kamala Harris, como para Donald Trump. O estado contém 19 delegados, e com a disputa acirrada entre os dois candidatos, o partido que vencer na região, possível será o que comandará os Estados Unidos por mais 4 anos.

Kamala Harris condena falas de Trump sobre imigrantes

A candidata democrata e vice-presidente dos EUA comentou a informação falsa espalhada por seu rival Donald Trump e seu vice, JD Vance, durante campanha na Pensilvânia, considerado um estado- chave para a corrida eleitoral. Kamala Harris comentou durante um painel da Associação Nacional de Jornalistas Negros nesta terça-feira (17) que as falas do candidato sobre o assunto são “uma vergonha gritante”.

O comentário de Kamala

A candidata usou de sua experiência profissional para ilustrar como as falas de Trump podem ter impacto na população. “Aprendi há muito tempo na minha carreira, tendo experiência como promotora, que quando você tem essas posições, quando você tem esse tipo de microfone na sua frente, você realmente deve entender em um nível muito profundo o quanto suas palavras têm significado”, disse Kamala.


Os candidatos à presidência americana se enfrentaram em debate no dia 10 de setembro (Foto: reprodução/Saul Loeb/AFP/Getty Images embed)


A candidata ainda disse que a maior parte dos cidadãos americanos, independente de raça, começam a ver “através desse absurdo” e que “não deveríamos ter tolerância” para falas desse tipo. Trump, que foi eleito presidente em 2016, era conhecido por ter uma política dura contra a imigração. Se eleito novamente, o discurso do candidato é de realizar detenções em massa de ilegais.

As alegações dos republicanos

Não apenas os candidatos da chapa do Partido, mas também outros republicanos espalharam rumores falsos sobre os imigrantes haitianos que residem em Springfield, no estado de Ohio. A informação espalhada foi a de que esses imigrantes estariam comendo os animais de estimação da cidade, algo que foi desmentido ao vivo durante o primeiro, e possivelmente o único, debate entre Kamala e Trump.

“Em Springfield, eles estão comendo os cachorros. As pessoas que entraram, estão comendo os gatos”, disse Trump na ocasião. Mas o mediador do evento informou o candidato que a produção havia entrado em contato com a prefeitura da cidade, que afirmou não haver nenhum caso desse tipo em seus registros.