Reconhecimento da Palestina cresce com apoio de mais de 140 países

Mais de 140 países já reconhecem oficialmente a Palestina como Estado, entre eles Brasil, Espanha e Noruega, em decisões recentes que ampliam a pressão diplomática no Oriente Médio. O movimento ocorre em meio à escalada dos conflitos na região, com governos buscando fortalecer a representatividade palestina e apoiar uma solução de dois Estados, vista como caminho para a paz duradoura.

Quais países já reconhecem a Palestina como Estado

O movimento internacional de reconhecimento da Palestina como Estado vem se ampliando ao longo das últimas décadas. Atualmente, mais de 140 países já oficializaram essa posição, segundo dados da ONU e de agências diplomáticas. Entre eles estão potências populacionais como Índia, China e Indonésia, além de diversas nações da América Latina, incluindo Brasil, Argentina e Chile. No continente africano, a maioria dos países apoia a causa palestina, reforçando a busca por equilíbrio nas relações internacionais.

Na Europa, o processo ganhou força recentemente com decisões de países como Reino Unido, Espanha, Irlanda e Noruega, que anunciaram formalmente o reconhecimento. Essas adesões representaram um marco importante, pois pressionaram outras nações do bloco europeu a reavaliar sua postura diante do conflito.

Apesar do avanço, países centrais no cenário global, como Estados Unidos, Alemanha e outros, ainda não reconhecem oficialmente a Palestina, o que mantém a questão em aberto nos principais fóruns internacionais. Mesmo assim, cada novo apoio reforça a legitimidade palestina no cenário diplomático.


Quais países reconhecem a Palestina como Estado (Vídeo: Reprodução/Youtube/@CNN Brasil)

Impactos diplomáticos e perspectivas para o futuro

O reconhecimento da Palestina como Estado gera efeitos práticos: amplia sua participação em negociações internacionais, abre portas para acordos comerciais e fortalece sua legitimidade em organismos multilaterais. Esse processo pressiona Israel e seus aliados a lidarem com uma realidade cada vez mais consolidada no cenário global.

A recente decisão do Reino Unido, do Canadá e da Austrália em 2025 representou um ponto de inflexão, sinalizando que a adesão de grandes potências ocidentais pode estimular outros países a seguirem o mesmo caminho. Especialistas em relações internacionais avaliam que esse movimento fortalece a busca por uma solução de dois Estados, considerada essencial para encerrar décadas de instabilidade no Oriente Médio.

Ainda assim, obstáculos permanecem. A falta de consenso entre as principais potências, em especial os Estados Unidos, dificulta avanços concretos. Mesmo assim, o aumento expressivo de nações pró-Palestina pode acelerar pressões dentro da ONU e influenciar futuras negociações de paz. O cenário aponta que o reconhecimento da Palestina tende a se expandir nos próximos anos, redesenhando os rumos da diplomacia no Oriente Médio.

ONU aprova criação de Estado Palestino sem participação do Hamas

A Assembleia Geral da ONU adotou, nesta sexta-feira (12), por 142 votos a favor, 10 contra e 12 abstenções, uma resolução conhecida como “Declaração de Nova York” que respalda a criação de um Estado Palestino livre da participação do Hamas, excluindo o grupo terrorista do governo futuro. A proposta, apresentada por França e Arábia Saudita, marca um momento histórico, mas repleto de desafios diplomáticos e práticos.

O contexto histórico do conflito Israel-Palestina

O conflito entre israelenses e palestinos é centenário, remontando ao fim do Império Otomano, ao Mandato Britânico, à partilha proposta pela ONU em 1947, e à guerra que levou à criação de Israel em 1948. Após guerras, ocupações e tensões contínuas, os territórios da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental permanecem como pontos centrais das disputas. 


Manifestante mostra cartaz ilustrando dissolução do território palestino ao longo das décadas (Foto: reprodução/Beata Zawrzel/Getty Images Embed)


O Hamas, grupo islâmico-militar, venceu eleições legislativas em 2006 e assumiu o controle de Gaza em 2007, o que levou ao bloqueio israelense e a repetidos confrontos com Israel. Desde então, sua presença armada tem sido considerada um dos maiores obstáculos à paz duradoura e ao reconhecimento de um Estado Palestino viável.

A resolução da ONU e as posições dos envolvidos

A nova resolução, apoiada por 142 países, defende “passos tangíveis, com prazo e irreversíveis” para implementar a solução de dois Estados, onde o governo palestino — mais especificamente a Autoridade Palestina — assumiria o controle, contanto que o Hamas seja desarmado e não participe do governo. 


Resultado da votação que propôs a criação de um Estado Palestino (Foto: reprodução/Angela Weiss/Getty Images Embed)


Israel e Estados Unidos votaram contra, argumentando que a resolução deixa de lado negociações diretas, garante condições questionáveis de segurança e exige pré-condições vistas como inviáveis. O Hamas, por sua vez, rejeita sua exclusão do futuro Estado palestino e se recusa a abrir mão de seu arsenal, alegando ser legítimo representante político e militar em Gaza.

Por que um Estado Palestino ainda não saiu do papel?

A dificuldade em consolidar um Estado Palestino está ligada a uma série de fatores. As fronteiras nunca foram plenamente definidas, especialmente em relação à Jerusalém e aos assentamentos israelenses. A segurança é outro ponto sensível, já que Israel exige garantias contra ataques, enquanto palestinos exigem o fim da ocupação.

Além disso, há divisões políticas internas: a Autoridade Palestina governa a Cisjordânia, enquanto o Hamas domina Gaza. Essa fragmentação dificulta negociações unificadas. O reconhecimento internacional também é desigual, e a viabilidade econômica e institucional do futuro Estado continua sendo um desafio.

Caminhos adiante

A resolução aprovada aumenta a pressão sobre Israel e seus aliados para aceitarem um processo com prazos definidos, enquanto cobra dos palestinos maior unidade política e a exclusão de grupos armados. Ainda que não tenha força vinculante imediata, o texto representa um sinal do desejo global por uma solução de dois Estados.

O verdadeiro teste será a capacidade das partes envolvidas de transformar o apoio diplomático em avanços concretos, conciliando segurança, soberania e representatividade política. Só assim será possível abrir caminho para um Estado Palestino reconhecido de fato e de direito.

Lula critica ONU por não formar Estado Palestino

Na noite desta segunda-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um evento nos Estados Unidos que faz parte da iniciativa Goalkeepers, da Fundação Bill e Melinda Gates, onde foi recebido como vencedor do prêmio “Luta Contra a Fome e a Pobreza”, e criticou faltas de ações por parte da ONU da questão Palestina.

Segundo o presidente, o mundo está sem governo, sem respeito para com o próximo. Sobre a ONU, Lula declarou que, quando fora criada, a ONU teve força para gerar o Estado de Israel, e hoje não tem coragem para criar o Estado Palestino.

Ele prossegue, informando que atualmente a Organização das Nações Unidas não possui mais a força de antes para decidir, permitindo que guerras como a da Rússia e da Ucrânia e do Iraque acontecessem, tal qual a invasão da Líbia e o genocídio na Faixa de Gaza.


Luiz Inácio Lula da Silva fala durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) em Nova York, na terça-feira (24) (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Bloomberg/Jeenah Moon)


Criação de um Estado Palestino

Desde o princípio do extermínio em Gaza, Lula defendeu muitas vezes um Estado Palestino, bem como criticou Israel, responsável por provocar crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv. Israel está há quase sete meses sem um embaixador, desde que Lula comparou os ataques de Israel em Gaza ao Holocausto.

No mesmo evento, a participação de mais países no Conselho de Segurança da ONU voltou a ser reconhecida pelo presidente, que já havia falado sobre o tópico em outros eventos, defendendo que o mundo não pode persistir com cinco países como membros deste Conselho.

Representatividade na ONU

Lula ainda defende que mais países dos continentes africano, sul-americano e asiático deveriam entrar, garantindo um poder mais plural e com representatividade, visto que, como as decisões da ONU não são mais respeitadas, as pessoas pobres não são representadas. Segundo o presidente, este tema será discutido no G20.

Sobre a inadimplência do Protocolo de Kyoto, do Tratado de Copenhague e do Acordo de Paris, Lula questiona como o planeta pode ser cuidado se as decisões a serem adotadas, decididas nos encontros, não são cumpridas. E não são cumpridas por não haver autoridade governamental mundial.