O sistema eletrônico de arquivamento de processos judiciais dos Estados Unidos sofreu um ataque cibernético de grande escala nesta última quarta-feira (6). A princípio, o jornal ‘Político” informou que a ofensiva expôs dados confidenciais de inúmeros tribunais em diversos estados norte-americanos.
Ainda assim, o ataque atingiu sistemas que incluem o Gerenciamento de Casos/Arquivos Eletrônicos de Casos, conhecido por CM/ECF, usado por profissionais do direito. Além dele, o Acesso Público aos Registros Eletrônicos do Tribunal, o PACER, que fornece acesso público a documentos judiciais, também foi afetado. Ambas as plataformas são essenciais para o funcionamento do Judiciário federal, que já enfrentava críticas por operar com tecnologia defasada.
Dados sensíveis em risco
De acordo com o Político, informações sigilosas como mandados de prisão e acusações seladas estavam entre os dados vulneráveis. Nesse ínterim, fontes ligadas à investigação apontam que agentes estrangeiros podem estar envolvidos no ataque.
Há quatro anos, o Escritório Administrativo dos Tribunais dos EUA já articula procedimentos para melhorar a segurança de registros confidenciais. Já em 2022, o Judiciário da Câmara americana já havia alertado sobre uma invasão cibernética de “amplitude surpreendente” feita por estrangeiros hostis. Um ano após, os EUA chegaram a realizar uma competição que visava invadir um satélite na órbita da Terra para testar a segurança da Força Aérea. O teste partiu do próprio Departamento da Força Aérea dos Estados Unidos e os vencedores foram a equipe de hackers italianos, conhecidos por “mHACKeroni”.
Até o momento, o Escritório Administrativo dos Tribunais dos EUA e a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura, conhecida por CISA, não comentaram o caso. Já o FBI aguarda respaldo do Departamento de Justiça e espera que haja um parecer nos próximos dias.
Vulnerabilidade digital no mundo
O caso traz novamente à tona as preocupações com ataques cibernéticos no mundo. O Brasil, por exemplo, é o segundo país mais atacado digitalmente, registrando mais de 1.300 tentativas por minuto, conforme estatísticas de 2024. Recentemente, a Polícia Civil prendeu um suspeito de facilitar um ataque ao sistema Pix brasileiro. Já nos EUA, o grupo hacker Star Blizzard, ligado ao governo russo, foi responsabilizado por tentativas de invasão ao WhatsApp de ONGs que atuam na Ucrânia. Em contrapartida, mesmo com ações preventivas como o concurso Hack-A-Sat do governo americano, os riscos continuam crescentes.
Como resultado, Amy St. Eve, juíza do Tribunal de Circuito dos EUA, já havia afirmado que anos de subinvestimento acarretaram em um sistema vulnerável no país norte-americano. Eve também pontuou que os sistemas estão desatualizados, com riscos constantes de falhas e que necessitam de protocolos de segurança modernos.
