Fabergé é vendida por US$ 50 milhões e inicia nova era sob investidor de tecnologia

A histórica e luxuosa marca de ovos de Páscoa de ouro e prata, Fabergé, foi vendida por US$ 50 milhões (cerca de R$ 272 milhões) à SMG Capital – empresa norte-americana comandada pelo investidor de tecnologia Sergei Mosunov. A transação, que inclui US$ 45 milhões pagos de imediato e US$ 5 milhões em royalties trimestrais, marca o início de um novo ciclo para a joalheria.

Fundada em 1842 por Gustav Fabergé em São Petersburgo e eternizada por seu filho Peter Carl com os elaborados ovos imperiais produzidos para os czares russos, a Fabergé renasceu em 2009 após décadas de interrupção, em meio às turbulências da queda da família Romanov, em recorrência a Revolução Russa de 1917. A marca estava sob comando da Gemfields, uma mineradora de pedras preciosas de Londres. O valor a ser recebido pela Gemfields nessa transação será de US$ 45 milhões (R$ 245 milhões), com um acréscimo de US$ 5 milhões (R$ 27,3 milhões) em royalties.

Fim de ciclo com a Gemfields 

A venda da Fabergé representa uma guinada estratégica para a Gemfields. Enfrentando um prejuízo nos últimos anos devido a desaceleração do mercado de bens de luxo, a empresa passou por um rigoroso processo de revisão estratégica no fim do ano interior. Sean Gilbertson, presidente-executivo da mineradora, citou que o marketing da Fabergé irá fazer falta para a Gemfields. A receita da empresa estava em queda contínua desde 2022, mas Sean enfatizou que é preciso priorizar o principal objetivo da empresa, que é a mineração.

O capital adquirido pela venda será destinado a financiar operações em Moçambique e na Zâmbia, com a mineração de rubis e esmeraldas, respectivamente em cada país. O valor de US$ 45 milhões será recebido ainda neste mês, e os outros US$ 5 milhões em royalties serão depositados por meio de pagamentos trimestrais. 

Novo investidor da joalheria

Para Sergei Mosunov, a aquisição da Fabergé é mais do que uma compra de marca, é uma oportunidade de assumir uma posição no mercado global de luxo e ampliar a presença internacional. Investidor de origem russa, Mosunov lidera a SMG Capital, que é uma empresa de tecnologia. 

A Fabergé não se restringe mais aos ovos imperiais – que continua a produzir esporadicamente -, mas oferece joias finas, relógios e objetos decorativos de luxo. Alguns itens, como o exclusivo ovo de guilloché “strawberry surprise”, podem alcançar preços superiores a € 58 mil (mais de US$ 70 mil).


Exposição Fabergé em Wilmington, Delaware (Foto: reprodução/William Thomas Cain/Getty Images Embed)


Legado cultural

A Casa Fabergé produziu cerca de 50 ovos imperiais entre 1885 e 1916, muitos dos quais sobreviveram e hoje são relíquias históricas em museus e coleções particulares. Uma das compras mais impressionantes foi a de nove ovos por Viktor Vekselberg, por mais de US$ 90 milhões, hoje parte de uma das maiores coleções privadas do mundo. A marca resistiu à Revolução Russa, mesmo em meio a tribulações e hoje é reconhecidamente uma das mais renomadas marcas, tanto no mercado, quanto na história. 

O valor simbólico da Fabergé se estende para além do luxo, sendo um marco na história do mercado joalheiro e da arte. A venda da marca representa, além de tudo, uma dissolução de uma união entre mineração e luxo, mas o começo de uma nova era de desenvolvimento cultural e comercial para a marca, com foco no setor internacional.