Lula diz que Brasil não está mais “de costas” para América do Sul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, criticou a política migratória dos Estados Unidos que se tornou mais rigorosa sob o governo de Donald Trump. Após assinatura de atos com Boric, Lula afirmou em discurso que Trump trata os latino-americanos como inimigos.

Depois de ajudar a construir a riqueza americana, aparece um presidente que trata eles (os imigrantes) como inimigos. Latino-americano agora é tudo inimigo. Vai todo mundo embora, que os Estados Unidos é dos Estados Unidos”

Lula falou que o Brasil, antes de costas para a América do Sul, só olhava para a União Europeia e para os Estados Unidos, no entanto, esta posição mudou. De acordo com o presidente, os vizinhos sul-americanos também olhavam “por cima” do Brasil e miravam nos EUA.


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: reprodução/Vinícius Schmidt/Metrópoles)

Era como se nós fôssemos possíveis inimigos. Eu conto sempre que o presidente Chávez (Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela), antes de ser presidente, ele era da Academia Militar da Venezuela, e como acadêmico e professor, ele me dizia que, durante muito tempo, as aulas que ele dava para os militares da Venezuela eram de que o Brasil era o inimigo. Era com o Brasil que a América do Sul tinha que se preocupar, não era nem com os espanhóis, que foram colonizadores, e muito menos com os Estados Unidos ou os ingleses. Era o Brasil. E isso aconteceu em outros países”

De acordo com o presidente, enquanto o Brasil e a América do Sul estavam de costas um para o outros, bajulavam países mais ricos e desprezavam os pobres. Lula afirmou ser uma pessoa “obcecada pela integração”. “Hoje, uma pessoa, se tiver um parente muito pobre, não convida nem para o aniversário, nem para o batizado. Porque se convoca, normalmente, aquela pessoa que tem mais posse.”, disse.

Integração sul-americana

Lula apoiou a integração dos países da América do Sul e disse que para se liderar um país, deve-se manter relações com outros chefes de Estado independente de suas posições políticas

Eu não quero saber se o meu adversário ali do lado ou se o meu oponente do outro lado, se ele é presidente, se é de direita ou de esquerda. Eu quero saber que ele é presidente de um país e eu quero manter com ele uma relação de chefe de Estado. E por isso eu preciso criar instituições sólidas que, independentemente do governo, funcionem”

Questões migratórias no governo Trump

Desde o começo de seu mandato, Donald Trump intensificou medidas contra a imigração ilegal nos Estados Unidos. Trump prometeu deportar um número recorde de imigrantes sem documentos que vivem no país.


Presidente americano Donald Trump (Foto: reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)

 A postura do republicano mostra que o presidente busca cumprir suas promessas de campanha em relação às questões migratórias.

Chile declara estado de emergência após blackout no país

O Chile viveu, nesta terça-feira (25), um dos maiores apagões de sua história recente. A falha em uma linha de transmissão de alta tensão deixou milhões de pessoas sem energia, paralisou serviços essenciais e levou as autoridades a declararem estado de emergência e toque de recolher noturno.

O blecaute afetou 14 das 16 regiões do país, incluindo a capital, Santiago, onde o sistema de metrô foi interrompido e os semáforos pararam de funcionar, causando caos no trânsito. Passageiros ficaram presos em estações e empresas foram obrigadas a suspender suas operações.


Idosa presa em elevador durante o apagão no Chile (Foto: reprodução/Javier Torres/Getty Images Embed)


Causa do apagão

A Coordenadora Nacional de Eletricidade, responsável pelo sistema elétrico chileno, informou que a falha ocorreu em uma linha de transmissão que transporta energia do deserto de Atacama, no norte do país, até a região central. No entanto, a empresa ainda não esclareceu o motivo exato da interrupção.

O blecaute se estendeu de Arica, no extremo norte do Chile, até a região agrícola de Los Lagos, no sul. A ministra do Interior, Carolina Toha, descartou a possibilidade de sabotagem.

Presidente critica empresas e cobra responsabilidade

Em pronunciamento na TV, o presidente Gabriel Boric classificou o ocorrido como “escandaloso” e responsabilizou as empresas privadas pelo apagão.

“Não é aceitável que uma ou várias empresas afetem a vida cotidiana de milhões de chilenos. É dever do Estado responsabilizá-las”

Gabriel Boric


Pronunciamento do Presidente do Chile em rede nacional (Vídeo: eeprodução/Youtube/TVN Chile)

Ernesto Huber, diretor executivo da Coordenadora Nacional de Eletricidade, afirmou que medidas emergenciais foram adotadas, incluindo a ativação de usinas hidrelétricas, para restabelecer o fornecimento de energia.

Caos na capital e impacto nacional

As ruas de Santiago ficaram às escuras, sirenes de emergência soaram e milhares de passageiros tiveram que evacuar as estações de metrô. O blecaute também impactou hospitais e sistemas de comunicação.

Após a madrugada tensa, o toque de recolher foi suspenso às 9h desta quarta-feira (26). Gradualmente, a energia foi sendo restabelecida, e 90% dos lares já estavam com eletricidade pela manhã, segundo um comunicado oficial.

O maior apagão em 15 anos

O Chile possui uma das redes elétricas mais estáveis da América do Sul e não enfrentava um blecaute dessa magnitude há 15 anos.

Em 2010, um apagão semelhante deixou centenas de milhares de pessoas sem energia após uma falha em uma central elétrica no sul do país. O episódio ocorreu um mês depois de um terremoto de magnitude 8,8, que matou mais de 500 pessoas e abalou a infraestrutura nacional.

Gabriel Boric, presidente do Chile, é denunciado por assédio sexual

O Ministério Público do Chile abriu uma investigação contra o presidente Gabriel Boric por assédio sexual. A denúncia é o segundo caso envolvendo o presidente. O caso foi aberto em 6 de setembro, mas foi relevado agora em novembro pela Promotoria. De acordo com a investigação, a vítima foi assediada quando Boric tinha 27 anos e tinha completado o curso de Direito na Universidade do Chile.

Defesa do presidente

A defesa de Gabriel Boric negou, nesta segunda-feira (25), que o presidente tenha cometido o assédio sexual.

“O presidente (…) rejeita e desmente categoricamente a denúncia de um suposto fato ocorrido em 2013, quando ele tinha 27 anos e havia acabado de finalizar os estudos de Direito”.

Jonatan Valenzuela, advogado de Boric

A defesa de Boric também afirma que ele nunca teve qualquer relação com a vítima, nem amizade. De acordo com o comunicado da defesa, a única conexão existente seriam, na época, pelo menos 25 e-mails enviados por uma mulher para Boric. No conteúdo das mensagens estavam imagens explícitas.


Boric atualmente possui imunidade como presidente (Foto: reprodução/ X/ @WashTimes)

Como presidente do Chile, Boric possui a imunidade do cargo, sendo que o mandato termina em 2026. Para prosseguir com qualquer julgamento, primeiramente, a corte terá que julgar a imunidade do presidente.

Casos anteriores

O presidente chileno, durante a campanha presidencial em 2021, também foi acusado de assédio. O caso em questão nunca foi investigado criminalmente. O presidente também negou na época que pudesse estar envolvido.

Atualmente, o governo de Boric atravessa uma polêmica, envolvendo o ex-vice-ministro Manuel Monsalve, que foi preso após ser denunciado por abuso sexual e estupro contra uma subordinada. O caso teria ocorrido no dia 22 de setembro e Monsalve renunciou ao cargo no dia 17 de outubro, após o registro da denúncia.

O caso de Monsalve tornou-se polêmico por conta da forma como foi tratado pelo governo de Boric. De acordo com a mídia chilena, o presidente demorou a pedir a saída do governo e falhou ao não ter tido uma reação enérgica no caso.  

Procurador venezuelano acusa Lula e Boric de serem agentes da CIA

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, fez acusações polêmicas ao afirmar que os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric, estariam atuando como agentes da CIA. Em entrevista à Globovisión, Saab reagiu às críticas feitas pelos dois líderes sobre o processo eleitoral venezuelano, sugerindo que ambos estariam envolvidos em uma campanha de interferência externa, orquestrada pelos Estados Unidos, contra o governo de Nicolás Maduro.

Esquerda controlada pela CIA

Saab alegou que há uma cooptação da esquerda latino-americana pela CIA, e que Lula e Boric seriam os principais porta-vozes dessa suposta articulação. “Quem é você, Boric? Quem é você, Lula?”, provocou o procurador, questionando a legitimidade das críticas e sugerindo que ambos os presidentes tentam impor um controle externo sobre as eleições na Venezuela. Ele ainda ironizou: “Agora existe um Conselho Nacional Eleitoral mundial?”


Lula e Gabriel Boric (Foto: reprodução/Ricardo Stuckert/PR/O Globo)

Teorias, controvérsias e comparações eleitorais

O procurador também teceu críticas diretas a Lula, sugerindo que o presidente brasileiro teria mudado completamente após seu tempo de prisão. “Lula foi cooptado enquanto estava preso. Ele não é mais o mesmo que fundou o PT e o movimento dos trabalhadores no Brasil”, afirmou Saab. Segundo ele, a eleição de Lula só foi possível graças ao Tribunal Superior Eleitoral, numa tentativa de deslegitimar o processo eleitoral brasileiro.

As comparações entre as eleições do Brasil e da Venezuela têm sido feitas repetidamente por figuras do governo chavista. O próprio Nicolás Maduro, em outra ocasião, afirmou que ninguém interferiu quando o ex-presidente Jair Bolsonaro questionou os resultados das eleições brasileiras que levaram Lula à presidência.

Relação conturbada entre Lula e Maduro

Essas declarações de Saab refletem o aumento da tensão entre Lula e Nicolás Maduro, antigos aliados. Desde as últimas eleições na Venezuela, Lula adotou um tom mais crítico em relação ao governo de Maduro, embora menos incisivo do que outros líderes, como Gabriel Boric, que acusou diretamente o chavismo de fraudar o processo eleitoral.

O presidente chileno, mais agressivo em suas críticas ao regime venezuelano, também se tornou alvo de Saab, que o acusou de traição aos jovens que protestaram contra o ex-presidente Sebastián Piñera e sugeriu que Boric age em conluio com interesses externos.

Enquanto isso, a tentativa do governo brasileiro de mediar a crise venezuelana tem sido frustrada pela falta de transparência nas eleições, com o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela não divulgando os dados das urnas, o que alimenta ainda mais as tensões entre os países.