Brasil usará Starlink para monitorar atividades ilegais na floresta amazônica

A Starlink, empresa de internet via satélite, do bilionário Elon Musk, firmou acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e com a Polícia Federal (PF) para monitorar atividades ilegais na floresta amazônica relacionadas ao garimpo ilegal. Segundo informações, a partir de janeiro de 2026, os sinais dos equipamentos utilizados pelos garimpeiros contraventores serão rastreados e bloqueados remotamente pela empresa. O compromisso, inicialmente, tem validade de dois anos.

O acordo

O Termo de Compromisso firmado entre a empresa de Elon Musk e as autoridades brasileiras, visa controlar e suspender as atividades ilegais em áreas remotas, protegidas e de conservação indígena. Os equipamentos rastreados e apreendidos pela Starlink serão reaproveitados pela PF no combate aos crimes cometidos na região. 

O acordo, homologado no último dia 27 de junho (2025), pelo 2º Ofício da Amazônia Ocidental do MPF, responsável pelo monitoramento das atividades ilegais nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, também, prevê que a Starlink informe os dados cadastrais dos titulares e a localização dos locais onde se encontram os equipamentos. 

Conforme informou André Porreca, procurador da República, “a Amazônia tem sido devastada por garimpos ilegais cada vez mais sofisticados” e que essa “nova realidade” precisa de ações jurídicas rápidas para combater essas ações na floresta e restaurar a soberania nacional.

Garimpos ilegais

A Polícia Federal tem deflagrado várias operações não só na região amazônica como em outras partes do país. Em várias publicações em suas redes sociais, em parceria com o Ministério Público Federal e com outras entidades voltadas ao combate a crimes ambientais, a PF tem prendido garimpeiros ilegais e denunciado suas ações, além de destruir e apreender os equipamentos utilizados nos crimes.


Ação da Polícia Federal contra o garimpo ilegal no norte do Brasil (Foto: reprodução/X/@policiafederal) 



Conforme estudos realizados pelas Organizações Não Governamentais (ONGs),  Rede Eclesial Pan-Amazônica e Instituto Conviva, o garimpo ilegal não somente destrói o meio ambiente, como também afeta a vida da população local e dos trabalhadores cooptados pelos garimpeiros.


Publicação sobre surto de tuberculose no Pará (Foto: reprodução/Instagram/@mpf_oficial)


Segundo informou, entre janeiro de 2022 a dezembro de 2024, várias doenças, como bronquite, pneumonia, malária e tuberculose, aumentaram entre a população onde o garimpo ilegal ocorre. Para os pesquisadores, além de doenças, o tráfico de drogas, de armas e de pessoas tem atingido números consideráveis nas regiões. Dessa forma, o acordo firmado com a Starlink será mais um instrumento no combate aos crimes praticados contra o meio ambiente e contra os nativos da Amazônia.

Coleção de animais exóticos taxidermizados é apreendida pela Polícia Federal

Na última semana, a Polícia Federal, que estava investigando um esquema de lavagem de dinheiro, encontrou na mansão do empresário Arthur Rondini em São José do Rio Preto, interior de São Paulo; ouro, armas, dinheiro e uma coleção de animais empalhados africanos. Girafa, búfalo, antílope, hipopótamo ornavam as paredes da casa.

Investigação já dura cinco anos

A investigação, que já durava cinco anos, identificou um esquema de lavagem de dinheiro, oriundo do garimpo de ouro no Pará e Mato Grosso, de forma ilegal. Nesse período, R$ 3 bilhões foram rastreados pela Polícia Federal, levando a um grupo liderado por Rondini.

Segundo o delegado, os investigados movimentaram R$ 180 milhões no ano de 2021. As sedes das empresas constituídas eram casas simples em São José do Rio Preto, o que despertou a desconfiança da polícia. Os titulares eram “laranjas”.


Animais taxidermizados na parede da mansão de Arthur Rondini (Foto: reprodução/Instagram/@showdavida)

Na busca da semana passada, foram apreendidos R$ 73 mil em dinheiro, dois revólveres, duas pistolas, uma espingarda, quatro fuzis e mais de 1,5 kg de ouro. O empresário teve bens e valores de aproximadamente R$ 1,3 bilhão bloqueado.

O investigado praticava caça profissional na África. A carcaça dos animais era trazida para taxidermizar. O Ibama foi chamado e apreendeu 12 dos 19 animais, por não terem licença, caracterizando contrabando. Os animais legalizados estão em poder da PF como parte do bloqueio.

O alto custo dos “troféus” lavava o capital ilegal

Arthur Rondini efetuava “caça enlatada”. João Alvarez de Sá, funcionário do Ibama, explica que nessa modalidade de caça “o animal é criado amansado dentro de um ambiente controlado, tem os instintos ali suprimidos e é solto em um ambiente fechado só para o momento da caça”.

Só o processo de taxidermizar pode custar mais de R$ 100 mil por animal, fora as viagens para caçar. A Polícia Federal concluiu que o alto custo desse hobby encobria o capital obtido ilegalmente.

Os advogados de Rondini negam as acusações. Segundo eles, o empresário é colecionador, atirador esportivo e caçador. Enfatizaram que tanto as armas, quanto a coleção de animais foram adquiridos legalmente.

Cerca de 70% das vítimas de violência feminina na Amazônia tem entre 0 e 14 anos

Um estudo do Instituto Igarapé mostra um significativo aumento das taxas de todas as formas de violências não letal contra mulheres da Amazônia Legal. Além disso, a pesquisa indicou uma taxa de feminicídio consideravelmente mais alta em comparação com o restante do país.

Diferentes tipos de violência

O relatório apresentado, na segunda-feira (18), analisa o cenário de violência contra mulheres na Amazônia Legal nos últimos cinco anos. Contrariando uma queda de 12% no restante do país, houve uma redução de apenas 2% nas taxas de homicídios dolosos de mulheres na Amazônia. A Amazônia Legal é formada pelos estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.

A violência física aumentou 3% no restante do país, enquanto que na Amazônia Legal, 37%. A violência patrimonial cresceu 51% no restante do país e 62% na região amazônica. A violência psicológica aumentou 14% no restante do país contra 82% da região amazônica. O aumento da violência sexual representa uma média de 24 vítimas por dia nesse período, sendo que 69% eram meninas entre zero e 14 anos.


Transporte de madeira no Rio Murutipucu, Nordeste do Pará (foto: reprodução/ getty images embed)


Não começou agora

A Amazônia tem um histórico de exploração de seus recursos naturais, destacando a exploração madeireira, a agropecuária com impacto ambiental negativo, a mineração ilegal, especialmente de ouro e a grilagem de terras. Além de destruírem a biodiversidade das florestas, os exploradores controlam a região por meio de complexas redes criminosas que favorecem o narcotráfico, a exploração sexual infantil, o trabalho escravo e elevados índices de violência em suas mais variadas formas.

Diversas pesquisas indicam que a Amazônia Legal é a região mais violenta do Brasil. Em um cenário de constante conflito, violência e insegurança pública, os números sugerem que essas dinâmicas também estão afetando as mulheres. Os dados dos últimos cinco anos são um importante alerta. Ao mapear e entender os padrões das violências contra mulheres, subsídios foram fornecidos para o planejamento de políticas públicas baseadas em evidências, capazes de modificar a realidade adversa.