Lip combo vira obsessão e resgata história de identidade e expressão

Muito além de uma tendência viral, a combinação estratégica de lápis, batom e gloss, o famoso “lip combo” tem tomado conta das redes sociais e das necessaires de quem ama maquiagem. Apesar de parecer novidade, a prática carrega uma rica história de identidade cultural, resistência e beleza que remonta às décadas passadas.

Unindo beleza, história e identidade

O lápis de boca surgiu como item essencial nos anos 1920 e ganhou destaque com ícones como Clara Bow e Marilyn Monroe. Mas foi entre os anos 1980 e 1990, com as mulheres negras e latinas, que o produto se transformou em um verdadeiro símbolo de identidade. Com lápis mais escuros contrastando com batons claros, a proposta do lip combo virou uma forma de expressão poderosa em meio à invisibilidade na indústria da beleza, ainda dominada por padrões eurocêntricos.


Rihanna e Fenty Beauty (Foto: reprodução/Instagram/@fentybeauty)

Segundo Katia Celene Araújo, National Artist da M.A.C Cosmetics, “nos anos 90, esse visual era sobre presença e afirmação, um jeito de se mostrar estilosa e forte mesmo diante da exclusão.” Hoje, essa estética é atualizada com técnicas mais suaves, criando efeitos personalizados que combinam naturalidade e impacto visual.

O retorno repaginado do lip combo

Essa estética segue sendo impulsionada por tutoriais virais nas redes sociais, especialmente no TikTok e Instagram, a tendência se tornou onipresente nas nécessaires e nos lançamentos das grandes marcas de maquiagem. O sucesso atual do lip combo reflete o desejo contemporâneo por autenticidade, criatividade e valorização de traços individuais. Além de resgatar referências clássicas, o combo permite múltiplas possibilidades criativas, o que contribui para seu apelo entre diferentes gerações e estilos.


Franciny Ehlke (Foto: reprodução/Instagram/@francinyehlke)

Celebridades, maquiadores e influenciadores têm apostado cada vez mais na combinação de lápis, batom e gloss para criar lábios volumosos, definidos e cheios de personalidade. O que motiva essa febre não é apenas estilo, mas também o resgate de práticas historicamente marginalizadas. É uma prova de que a maquiagem continua sendo uma ferramenta poderosa de expressão individual e coletiva.