Hamilton enfrenta crise na Ferrari e admite incertezas

A temporada de 2025 da Fórmula 1 segue acumulando decepções para Lewis Hamilton. No Grande Prêmio da Hungria, disputado neste domingo (3), o heptacampeão mundial terminou apenas na 12ª colocação. Fora da zona de pontuação e longe do desempenho esperado, o britânico vive mais um capítulo difícil desde que ingressou na Ferrari.

Após a corrida, Hamilton falou abertamente sobre sua frustração. Segundo ele, os problemas vão além do que é visto nas pistas. Em entrevista à Sky Sports F1, o piloto de 40 anos foi direto: há questões internas afetando o ambiente da escuderia.

“Quando você tem um sentimento, você tem um sentimento. Há muita coisa acontecendo nos bastidores que não é boa”, afirmou.

Além disso, o britânico chegou a se descrever como “inútil” e sugeriu que talvez a Ferrari devesse procurar um substituto. Apesar das palavras duras, garantiu que ainda mantém o amor pelo automobilismo. No entanto, ao ser questionado sobre o próximo GP, em Zandvoort, entre os dias 29 e 31 de agosto, sua resposta indicou incerteza.

“Estou ansioso para voltar. Espero estar de volta” – disse, sem firmeza.

Por outro lado, o chefe da Ferrari, Frédéric Vasseur, buscou tranquilizar os ânimos. Ele defendeu Hamilton e relativizou a declaração negativa, atribuindo-a ao calor do momento. Segundo o dirigente, o britânico está apenas frustrado, mas continua comprometido com o projeto da equipe.

“Não preciso motivá-lo. Ele está frustrado, mas não desmotivado, sabe? É uma história completamente diferente. Às vezes, logo após a corrida ou após a classificação, a reação está fora do tom”, explicou.

Vasseur também preferiu olhar para os pontos positivos do fim de semana, destacando o bom desempenho de Charles Leclerc no sábado. O monegasco fez a pole position e liderou grande parte da prova, o que indica, segundo ele, que o time está no caminho certo.


Hamilton em entrevista após corrida (Vídeo: reprodução/X/Lewis Hamilton News)

Leclerc perde desempenho após problema no chassi

Enquanto Hamilton teve uma atuação apagada, Charles Leclerc parecia pronto para brilhar. O piloto monegasco largou da pole e controlava a prova até a volta 40. No entanto, o rendimento do carro despencou repentinamente, o que levantou suspeitas de falha mecânica. Após o GP, Leclerc confirmou que a causa foi um problema no chassi.

Pensei que fosse outra questão que havíamos discutido, mas infelizmente era um problema no chassi. Vamos investigar para que isso não aconteça novamente

explicou

A falha se intensificou após a segunda parada nos boxes. Como resultado, o desempenho do carro se deteriorou progressivamente. Com isso, Leclerc foi ultrapassado com facilidade por Oscar Piastri na volta 51. Além disso, perdeu posições para George Russell, da Mercedes, e ainda recebeu uma penalidade de cinco segundos por condução errática.

“Foi algo pontual, então não acho que teremos esse problema de novo. Mas é muito frustrante. Tínhamos o ritmo para vencer, e no final nem chegamos ao pódio”, lamentou.

Durante a prova, o descontentamento de Leclerc também ficou claro pelas mensagens de rádio. Ele chegou a criticar como a equipe lidou com a falha no carro.

“Isso é incrivelmente frustrante. Perdemos toda a competitividade. Vocês só precisavam me ouvir. Agora está simplesmente impossível de dirigir. Será um milagre se terminarmos no pódio”, desabafou.

Por fim, o monegasco cruzou a linha de chegada na quarta colocação. Já a vitória ficou com Lando Norris, que apostou em uma estratégia de apenas uma parada e conquistou sua segunda vitória na temporada. Oscar Piastri e George Russell completaram o pódio.

Expectativa para o retorno em Zandvoort

Com os dois pilotos insatisfeitos e resultados abaixo do esperado, a Ferrari entra na pausa de verão com muitos questionamentos a serem respondidos. A próxima etapa da Fórmula 1 será o GP da Holanda, no tradicional circuito de Zandvoort, entre os dias 29 e 31 de agosto.

A dúvida que paira sobre o paddock é se Hamilton continuará vestindo o macacão vermelho após o recesso. Apesar das falas pessimistas, o chefe Fred Vasseur reforçou a confiança no trabalho da equipe e na recuperação de ambos os pilotos. Se a Ferrari quiser voltar a brigar por vitórias, será necessário não apenas solucionar os problemas técnicos, mas também reconstruir a confiança interna — algo que, neste momento, parece tão danificado quanto o chassi de Leclerc.