Israel e Irã escalam confronto com ataques aéreos, mortos e ameaça nuclear

Bombardeios entre Israel e Irã, no terceiro dia de conflito, deixaram mortos, feridos e instalações nucleares comprometidas. A escalada preocupa a comunidade internacional.

No sábado (14), mísseis lançados pelo Irã atingiram cidades israelenses e deixaram três mortos e mais de 80 feridos. No dia seguinte, Israel confirmou outras cinco mortes em decorrência dos ataques. O Irã, por sua vez, relatou 60 mortos, entre eles 20 crianças, após um bombardeio em um prédio residencial na capital Teerã.

Mortes em ambos os lados e retórica de guerra

Os ataques israelenses também miraram o complexo nuclear de Isfahan. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), quatro instalações foram danificadas, mas sem risco imediato de contaminação. Além disso, depósitos de petróleo em Shahran e o Ministério da Defesa do Irã também foram atingidos.


Israel volta a atacar o Irã e a tensão no Oriente Médio prevalece (Vídeo: YouTube/CNN Brasil)

Programa nuclear, ameaças globais e ataques coordenados

O Irã suspendeu negociações nucleares e alertou potências ocidentais: se Estados Unidos, Reino Unido e França apoiarem Israel, suas bases militares serão alvos. O país acusou a AIEA de vazar informações confidenciais e ameaçou impedir futuras inspeções.

Em discurso, o premiê Benjamin Netanyahu declarou que Israel atingiu instalações estratégicas do Irã e ameaçou novos ataques. Afirmou que caças israelenses eliminaram baterias antiaéreas iranianas, abrindo caminho até Teerã.


Irã lança ataques retaliatórios contra Israel, em Tel Aviv (Foto: Saeed Qaq/Getty Images Embed)


Israel também anunciou a morte de importantes cientistas e generais iranianos, como Hossein Salami e Mohammad Bagheri. O Irã classificou os ataques como declaração de guerra. O aiatolá Khamenei prometeu resposta: “Israel enfrentará um destino amargo”.

Aliados se distanciam: Israel enfrenta pressão e ameaça de sanções

Diante disso, França, Reino Unido e Canadá exigem que Israel encerre as ofensivas em Gaza, sob risco de sanções. Ainda, a União Europeia reavalia acordos comerciais e sinaliza restrições econômicas. A tensão marca um afastamento inédito de parceiros tradicionais diante da prolongada guerra e de violações humanitárias.

Irã aponta mais de 60 mortos em ofensiva israelense

A imprensa iraniana informou neste sábado (14) que 60 pessoas morreram em um ataque israelense em um conjunto residencial em Teerã, na capital do Irã. Dentre os mortos, encontram-se 20 crianças. 

No mesmo dia, as forças iranianas lançaram mísseis contra Israel. Conforme o jornal The Times of Israel, duas pessoas morreram e 19 ficaram feridas. Ao todo, são três mortos e aproximadamente 82 pessoas feridas nos ataques entre a sexta-feira (13) e o sábado. 

As forças de Israel informaram que aproximadamente 100 mísseis foram disparados contra o território israelense na sexta-feira, porém o Domo de Ferro conseguiu interceptar a maioria. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), os mísseis atingiram um número limitado de edifícios, danificados pelos estilhaços provocados pelas operações de interceptação. 

Entre mortos e feridos

Conforme informações do serviço de emergência israelense Magen David Adom (MDA), as operações resgataram uma mulher de 60 anos inconsciente e sem sinais vitais. Um homem que aparentava ter 45 anos foi declarado morto. 

Segundo a BBC, as pessoas resgatadas que estão sendo tratadas em hospitais israelenses sofreram ferimentos por estilhaços, inalação de fumaça e estão em choque. 


Ataques israelenses atingiram civis que agora temem novos bombardeios (Reprodução/Youtube/Metrópoles)

Um representante do Irã na ONU disse que 78 pessoas morreram nos ataques israelenses na sexta-feira e, pelo menos, 320 ficaram feridas, sendo a “esmagadora maioria” de civis.

Como começou

Israel lançou um ataque aéreo na madrugada da sexta-feira, no horário local, contra instalações militares e nucleares em território iraniano. O governo israelense argumentou que a operação visava conter a evolução do programa nuclear naquele país. 

Além da infraestrutura nuclear, Israel fez ataques fatais contra importantes líderes do governo do Irã. Morreram o chefe da Guarda Revolucionária (IRGC), Hossein Salami, o chefe das Forças Armadas, Hohammad Baghei, além de dois cientistas nucleares iranianos. 

A destruição de uma grande parte do arsenal de mísseis do Irã também foi resultado dos ataques, de acordo com informações do governo israelense. 

Reação iraniana

Como resposta, o governo do Irã prometeu vingança e disparou uma sequência de mísseis balísticos contra Israel na noite desta sexta-feira. Foi possível ouvir fortes explosões tanto em Jerusalém quanto em Tel Aviv. Segundo o jornal israelense Haaretz, ao menos 40 pessoas ficaram feridas nos primeiros ataques de retaliação. 

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou que o governo de Israel cometeu um “grande erro” e alertou que as mortes de seus líderes e a violação do espaço aéreo iraniano não ficarão impunes. Khamenei prometeu que Israel pagará caro pelas mortes dos iranianos e alegou que a ação israelense foi uma “declaração de guerra”.


O líder-supremo do Irã promete retaliação e vingança (Reprodução/X/@GugaNoblat)

Ainda em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu assegurou que o conflito seguirá pelo tempo que for preciso e que os bombardeios contra o Irã não cessarão. O objetivo de Netanyahu é impedir que a república islâmica possua qualquer arma nuclear. 

Estamos em um momento decisivo na história de Israel.

Benjamin Netanyahu

Mais ataques virão

O chefe da IDF alertou que, neste sábado, o exército de Israel retomará os ataques a alvos em Teerã.

Em uma análise da situação, o Chefe do Estado-Maior General e o Chefe da Força Aérea israelenses afirmaram que as Forças de Defesa continuarão seguindo os planos operacionais e que seus caças estão prontos para reiniciar os ataques na capital iraniana. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu uma carta do Ministério das Relações Exteriores do Irã em que acusa Israel de desencadear o conflito.