Trump anuncia aplicação de novas tarifas comerciais a diversos países nos próximos dias

O presidente dos EUA Donald Trump informou ontem, quarta-feira (11), que enviará aos parceiros comerciais nas próximas semanas um comunicado referente à aplicação das tarifas sobre produtos, prometidas por ele em abril (2025). A declaração de Trump foi feita a jornalistas durante uma coletiva de imprensa no Kennedy Center, em Washington D.C. O presidente compareceu ao local para assistir ao espetáculo francês, “Os Miseráveis”, um dos mais prestigiados do mundo. 

Reciprocidade tarifária

As tarifas impostas por Donald Trump atingem desde grandes potências econômicas a países em desenvolvimento. Entre diversos estabelecimentos e cancelamentos de prazo, a última data determinada pelo mandatário estadunidense para aplicação da “reciprocidade tarifária” estava marcada para 09 de julho (2025). No entanto, ontem, Trump informou que: “em determinado momento, vamos simplesmente enviar as cartas e  acho que vocês entendem o que isso significa, esse é o acordo, aceitem ou deixem’”.


Donald Trump, presidente dos EUA, apresentando a “reciprocidade tarifária” a jornalistas em abril deste ano (2025) (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)


Apesar de declarar que aplicará as medidas nas próximas duas semanas, o presidente norte-americano, disse estar aberto às negociações quanto à extensão do prazo. Na data de ontem, Trump informou que houve acordo comercial com a China e com as políticas tarifárias aplicadas, antecipando as negociações com o país asiático.

Mercado em alerta

A declaração de Donald Trump causou uma nova tensão no mercado financeiro. A incerteza sobre a aplicação ou não das tarifas a países parceiros dos EUA, comercialmente, fez com que o mercado de ações operasse em queda na manhã desta quinta-feira (12). 

Conforme indicadores econômicos, a Nasdaq, segunda maior bolsa de valores do mundo, está operando com queda de -0.50% e o dólar americano enfrenta grande oscilação, com recuo de -0.08%, até o momento. Bolsas europeias e asiáticas, também, fecharam em baixa e o mercado financeiro prepara-se para a possibilidade de uma nova guerra comercial travada pelo governo dos EUA contra diversos países.


Vista da sede da Nasdaq na Times Square, em Nova York, EUA (Foto: reprodução/ BRYAN R. SMITH/AFP/Getty Images Embed)


Esses números são importantes, uma vez que o dólar americano é a moeda mais utilizada no comércio global e serve como base para cotações dentro do sistema financeiro mundial. Quando há esse tipo de oscilação, ocorre o que especialistas chamam de “efeito cascata”, onde o evento principal desencadeia sucessivos eventos posteriores e, nesse caso, afetando a economia de diversos países ao redor do mundo.  

Ainda não está claro se o presidente Donald Trump, de fato, aplicará as tarifas impostas conforme informado. Porém, cada declaração feita por ele agita o mercado financeiro. Desde que assumiu o seu segundo mandato à frente da Casa Branca, Trump vem tentando implementar suas políticas fiscais, comerciais e orçamentárias, enfrentando grandes resistências dentro e fora dos EUA. Contribuindo, muitas vezes, para o enfraquecimento e desestabilização das relações diplomáticas estadunidenses com países e organizações ao nível mundial. 

China e EUA dão primeiro passo para negociar guerra comercial

Acontece neste sábado (10) em Genebra, na Suíça, um encontro entre China e EUA na tentativa de conversar sobre a guerra comercial provocada pelas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump no início do mês de abril.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o negociador-chefe de comércio dos EUA, Jamieson Greer, se encontram com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, para dar o primeiro passo em direção à resolução da questão tarifária.

Posicionamento de Trump

Trump declarou nesta quinta-feira (8) que seria uma reunião amigável com negociações substanciais. Entretanto, acrescentou nesta sexta-feira (9) que tarifas de 80% sobre as importações de produtos da China seriam corretas. 

O presidente americano também postou na plataforma Truth Social que a decisão de reduzir o percentual das taxas cobradas pelos EUA sobre as importações da China é de Bessent e destacou que a China deveria abrir seus mercados para os EUA.

Seria ótimo para eles!!! Mercados fechados não funcionam mais!!!

Donald Trump

Até então, Trump não havia falado de números sobre a redução de tarifas sobre a China. Contudo, já havia uma sinalização de que tinha o desejo de uma trégua e uma redução de tarifas entre as duas superpotências mundiais.

O Ministério do Comércio da China afirmou que os EUA precisam “demonstrar sinceridade” nas negociações e ter disponibilidade para “corrigir suas práticas equivocadas e cancelar as tarifas unilaterais”

Evolução das tensões comerciais

As taxas sobre as importações que estão em vigor no momento são de 145% sobre as importações de produtos da China e 125% sobre as importações de produtos dos EUA. Os percentuais chegaram a este ponto ao longo de uma sequência de ações de reciprocidade entre os dois países: 

  • 2 de abril: “Dia da Libertação”, em que Trump apresentou uma tabela tarifária que varia de 10% a 50% para importações de mais de 180 países. 
  • 4 de abril: em retaliação, o governo da China impôs 34% sobre todas as importações dos EUA.
  • 7 de abril: em resposta à decisão chinesa, Trump estipulou que a China deveria retirar as tarifas até as 13h (horário de Brasília) do dia 8 de abril, ou o governo americano elevaria a taxa a 104%. 
  • 8 de abril: a China não recuou, afirmou que estava preparada para revidar até o fim, e Trump cumpriu a promessa e acrescentou mais 50% sobre as tarifas já impostas, apesar de acreditar que a China ainda poderia chegar a um acordo com o governo americano.
  • 9 de abril: o governo chinês elevou as tarifas de 34% para 84% sobre as importações dos EUA, proporcionalmente ao percentual de alta americano. No mesmo dia, Trump anunciou uma pausa na tarifação contra os outros países e reduziu os percentuais para 10% por 90 dias, com exceção da China. O presidente americano elevou a taxa das importações chinesas para 125%. As tarifas específicas já em vigor anteriormente, como os 25% sobre aço e alumínio, continuaram valendo.
  • 10 de abril: Washington explicou que as taxas de 125% foram somadas aos 20% aplicados antes sobre a China, totalizando 145% de taxas de importação sobre os produtos chineses. 
  • 11 de abril: o governo chinês elevou as taxas sobre as importações americanas para 125%.

Em 11 de abril, o vice-presidente chinês Han Zheng afirmou que a China não recuaria (Reprodução/X/GugaNoblat)

De acordo com a agência de notícias Reuters, as tarifas impostas pelo governo americano aos mais de 180 países desestabilizaram cadeias de suprimento, abalaram o mercado financeiro e alimentaram os temores de uma forte recessão global.

Movimentações em Genebra

Apesar de não se saber exatamente qual seria o local do encontro, testemunhas afirmaram ter visto as duas delegações deixando a residência do embaixador da Suíça para a Organização das Nações Unidas (ONU) no subúrbio de Cologny por volta da hora do almoço. 

Duas horas antes, os representantes americanos, Bessent e Greer, sorriram quando deixaram o hotel a caminho da reunião, usando gravatas vermelhas e broches com a bandeira americana na lapela do paletó. Bessent se recusou a falar com os repórteres. 

No mesmo instante, vans da Mercedes saíram do hotel onde a delegação chinesa está hospedada, às margens do Lago de Genebra, enquanto corredores se aqueciam para uma maratona.

Expectativa do encontro

Analistas mantiveram baixas as expectativas sobre o encontro. Ambos os lados fazem questão de não demonstrar fraqueza e há desconfiança sobre o momento. O presidente americano sugeriu que a China foi quem iniciou as discussões para as negociações, porém Pequim afirma que os EUA solicitaram as conversas e que a política de oposição da China contra as tarifas americanas não mudou. 


Analistas comentam sobre as expectativas e repercussão das relações entre EUA e China (Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O Ministro da Economia da Suiça, Guy Parmelin, se encontrou com ambas as delegações em Genebra nesta sexta-feira (9) e comentou que o simples fato das conversas estarem acontecendo já era um sucesso. 

Se um plano de ação emergir e eles decidirem continuar as discussões, isso diminuirá a tensão.

Guy Parmelin

Segundo Parmelin, as conversas poderiam continuar ao longo do domingo e da segunda-feira. A Suíça ajudou a mediar o encontro em visitas recentes de políticos suíços à China e aos Estados Unidos.

Lifeng também agendou uma reunião com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala. Ela acolheu as conversas entre os dois países como “um passo positivo e construtivo para atenuação” das tensões comerciais entre as duas economias mais importantes do mundo. 

Guerra tarifária: Donald Trump ameaça União Europeia com “penalidades adicionais”

Em coletiva de imprensa na quarta-feira (12), o presidente dos EUA Donald Trump, ameaçou impor tarifas adicionais à União Europeia, caso levem adiante o plano de aumentar tarifas sobre produtos americanos.

A fala de Donald Trump deve-se ao fato de que o parceiro comercial de longa data, a União Europeia, recebeu com críticas e retaliação às tarifas impostas, por Trump,  de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio realizadas pelos EUA. 

Aos repórteres da Casa Branca, Donald Trump declarou: 

“O que quer que eles cobrem de nós, nós estamos cobrando deles. (…) Claro que responderia com mais tarifas se a UE seguisse com seu plano” Donald Trump

Entre os principais produtos exportados pela União Europeia para os EUA destacam-se: automóveis e veículos a motor, máquinas, medicamentos, produtos farmacêuticos, produtos químicos, além de alimentos e bebidas

Segundo a União Europeia, nesta guerra comercial, a economia será prejudicada com as tarifas impostas por Donald Trump. Sobretudo a indústria de bebidas alcoólicas que responde com uma grande fatia do mercado de exportação. 

As tarifas de 25% sobre produtos derivados de aço e alumínio impostas pelos EUA entraram em vigor na última quarta-feira (12). 

Tarifas retaliatórias aos EUA pela União Europeia

A presidente da Comissão da União Europeia, Ursula von der Leyen, usou as redes sociais para se manifestar contra as tarifas impostas pelos EUA à Europa. Declarando que: “Tarifas são impostos. Elas são ruins para os negócios e ainda piores para os consumidores. Hoje, a Europa toma contramedidas fortes, mas proporcionais.


Discurso de Ursula von der Leyen contra taxação dos EUA à Europa (Vídeo: reprodução/X/@vonderleyen)

A União Europeia declarou que as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ao bloco europeu são injustificadas e que o pacote “contra-tarifas” que entrará em vigor a partir de 1º de abril (2025),  é uma resposta “rápida e proporcional”.  

O bloco europeu a apresentou um pacote tarifário e impôs taxação aos EUA em 28 bilhões de dólares americanos. Os impostos incidem sobre itens como barcos, motocicletas e eletrodomésticos, além de produtos industriais, agrícolas, têxteis e alimentícios.

Canadá entra na guerra tarifária  contra EUA

Dominic LeBlanc, Ministro das Finanças do Canadá, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, anunciou, também, um pacote “contra-tarifas” destinado a produtos dos EUA. O montante equivale a 29,8 bilhões de dólares canadenses.

De acordo com LeBlanc, as tarifas estão destinadas a produtos derivados de aço e alumínio, além de produtos de ferro fundido, produtos esportivos e computadores. As tarifas estão previstas para entrarem em vigor na data de hoje (13).

O Ministro das Finanças canadense, usou as redes sociais para dizer que: “As tarifas dos EUA impostas ao aço e alumínio canadenses são irracionais. Em resposta, o Canadá imporá tarifas recíprocas.“


Postagem de Dominic LeBlanc em resposta as tarifas impostas pelos EUA (Reprodução/X/@DLeBlancNB)

De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, em 2024, o Canadá forneceu aos estadunidenses aproximadamente 6 milhões de toneladas de aço. Sendo o maior exportador do produto para os EUA.