Apostas online terão regras rígidas para proteger usuários, diz Haddad

Nesta quarta-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a regulamentação das apostas online será feita de forma similar à regulação do cigarro, com foco na proteção de indivíduos vulneráveis e no controle de práticas que possam levar à dependência. A medida prevê a proibição do uso de cartão de crédito nas apostas e a implementação de sistemas que alertem para comportamentos de risco.


Fernando Haddad compara apostas online ao cigarro (Foto: reprodução/Palácio do Planalto/Flickr)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o objetivo não é incentivar as apostas, mas estabelecer normas que protejam os usuários e assegurem a tributação das empresas do setor.

Controle sobre as apostas online

A regulamentação das apostas online, que foi “legalizada” em 2018, finalmente está ganhando forma após anos de inércia legislativa. O ministro Fernando Haddad afirmou que o governo está tratando o tema com a seriedade necessária para evitar uma epidemia de dependência do jogo. Ele foi enfático ao comparar o processo regulatório das apostas com o controle do cigarro, alertando sobre os riscos à saúde mental que a prática pode representar.

“A linha entre entretenimento e dependência é muito tênue”, destacou Haddad durante a 3ª edição da J. Safra Brazil Conference 2024, em São Paulo. Nesse sentido, ele revelou que a Fazenda e o Ministério da Saúde estão trabalhando em conjunto para desenvolver políticas eficazes de prevenção à dependência em jogos. O uso de cartão de crédito para apostas será proibido, e o CPF de cada apostador será monitorado de forma sigilosa para identificar possíveis sinais de vício.

Demora na regulamentação


Nova tributação sobre apostas online começará em 2024 (Foto: reprodução/Dribble/Pinterest)

Haddad também criticou o atraso na regulamentação das bets, uma lei aprovada em 2018 que deveria ter sido implementada em dois anos. “Ninguém fez nada, nem em dois, nem em quatro anos”, lamentou o ministro. Ele destacou que o governo atual enviou uma medida provisória em 2023, que acabou caducando, mas o Congresso finalmente aprovou um projeto de lei no final do mesmo ano, com um prazo de seis meses para regulamentação.

Esse tempo perdido, segundo Haddad, poderia ter sido melhor utilizado para organizar o setor e arrecadar tributos. “Perdemos cinco anos”, enfatizou. O Banco Central revelou que, de janeiro a agosto deste ano, as empresas de apostas online movimentaram cerca de R$ 20 bilhões, dos quais apenas 15% foram efetivamente tributados. Isso indica uma grande evasão fiscal que o novo modelo de regulamentação pretende corrigir. A partir de 2024, as empresas deverão pagar 12% de imposto sobre sua arrecadação.

Combate à dependência será prioridade

A regulamentação não se trata apenas de organizar o mercado e recolher impostos, mas também de enfrentar os impactos sociais e psicológicos das apostas, que podem gerar dependência. O sistema de controle proposto por Haddad visa alertar para comportamentos de risco e agir preventivamente em casos de apostadores compulsivos.

Haddad explicou que a ideia é criar um “sistema de alerta” para identificar pessoas em situação de vulnerabilidade psicológica. “Tudo será feito de maneira sigilosa, e ninguém terá acesso aos dados dos apostadores. O objetivo é cuidar da saúde dessas pessoas e evitar que a dependência cresça sem controle”, afirmou o ministro.

Tributação das apostas começa em 2024

A lei aprovada pelo Congresso prevê a tributação de 12% sobre a arrecadação das empresas de apostas a partir do próximo ano. Com isso, o governo pretende garantir que parte desse fluxo de dinheiro seja revertido em impostos para o país. Hoje, segundo Haddad, o setor está “zerado” em termos de tributação, e ele mencionou que se trata de uma espécie de “Perse” — programa que isentava impostos de empresas afetadas pela pandemia.

A regulamentação das bets busca, portanto, um equilíbrio entre o entretenimento e a responsabilidade social, combatendo a dependência e garantindo que o Estado arrecade o valor devido para reinvestir em saúde pública e educação.

Haddad comemora compensação da desoneração e minimiza divergências no Senado

Em meio a desafios e negociações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como um “avanço institucional muito importante” a aprovação do projeto que inicia a retirada gradual da desoneração da folha de pagamentos, um passo fundamental para garantir a estabilidade fiscal do Brasil nos próximos anos.


Fernando Haddad é empossado como Ministro da Fazenda. (Foto: Reprodução/gov.br/Ricardo Stuckert)

Nesta terça-feira (20), o Senado Federal deu um passo significativo ao aprovar o projeto que institui a retirada gradual da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e de municípios com até 156 mil habitantes. A decisão marca o início de um regime de transição que encerrará a desoneração em 2028, retomando a cobrança da contribuição sobre a folha.

Avanço institucional

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a aprovação como um “avanço institucional muito importante”. Ele destacou que esta é a primeira vez que o Congresso Nacional se compromete em compensar uma desoneração, reforçando o compromisso de todos os poderes com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

“O fato de estarmos respeitando uma decisão do Supremo Tribunal Federal e estabelecendo um novo marco de relacionamento entre o Executivo e o Legislativo é um ganho que deve ser comemorado”, afirmou Haddad. Para o ministro, a aprovação do projeto não só reforça a estabilidade das contas públicas, mas também prepara o país para um futuro mais seguro e previsível em termos fiscais.

Haddad minimizou a decisão dos senadores de não incluir o aumento dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) entre as medidas de compensação. A proposta inicial previa a elevação da alíquota de 15% para 20%, mas divergências numéricas acabaram por deixar a medida de fora.

“Nós concordamos com a estratégia proposta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de votar as medidas e, posteriormente, apurar os resultados para, eventualmente, tomar novas decisões”, explicou Haddad, e caso as medidas aprovadas não sejam suficientes para compensar as perdas de arrecadação, novas negociações poderão ser abertas nos anos seguintes.

Proposta aprovada no Senado


A retirada gradual da desoneração é aprovada, e Haddad comemora. (Foto: reprodução/Flickr/Amelia Naomi)

Para o ministro, o importante agora é focar na implementação das medidas aprovadas e trabalhar para que elas sejam as mais eficientes possíveis, reduzindo, assim, a necessidade de novos ajustes. “Quanto mais eficientes as propostas do Senado, menos trabalho para a Receita Federal”, concluiu Haddad.

A proposta aprovada no Senado também inclui uma série de medidas de compensação, como a realização de um pente-fino nos benefícios sociais e a utilização de recursos esquecidos em contas bancárias. Essas medidas são essenciais para garantir que o país mantenha a estabilidade nas contas públicas e, assim, possa continuar avançando, segundo Haddad.