Hamdan Ballal, diretor de “Sem Chão”, fala sobre seu sequestro

Nesta sexta-feira (25), o diretor Hamdan Ballal, que dirigiu o longa-metragem documental “Sem Chão”, revelou ao The Hollywood Reporter, sobre como foi a sua experiência quando foi sequestrado, falando pela primeira vez a respeito do linchamento que havia sofrido pelo exército de Israel, expondo detalhes da situação traumática em que viveu.

Ele ainda relatou sobre como foi ter ganhado o Oscar na noite do dia 2 de março de 2025, enquanto era entrevistado pelo veículo jornalistico dos EUA.

Relatos de uma vivência desumana

O responsável pela direção do documentário, ganhador de Oscar, informou em entrevista, que o momento para ele é difícil de descrever. O diretor foi linchado, algemado, ainda teve seus olhos vendados, tendo sido jogado em um veículo militar. Durante horas ele esteve vendado, jogado ao chão, sem perceber que estava em uma base militar. Com receio de estar sendo mantido em cárcere militar por muito tempo, Hamdan também sentiu pânico constante de acabar sendo espancado enquanto estava preso naquele local.


Vencedores do Oscar de melhor documentário segurando o prêmio que ganharam na noite do dia 2 de março de 2025 (Foto: Reprodução/Mike Coppola/Getty Images Embed)


A noite do Oscar

Hamdan Ballal falou ao “The Hollywood Reporter”, sobre o Oscar que ganhou no dia 2 de março deste ano. O diretor relatou que foi um dos momentos mais incríveis de sua vida, compartilhando sobre a sensação de obter poderes e possibilidades. Ele afirmou que viveu em LA um mundo diferente do que está acostumado no seu cotidiano. Prédios enormes, carros velozes e as riquezas ao seu redor o impactou, além de ter subido ao palco para receber o prêmio que ganhou na noite.

Situação

Na última segunda-feira (21), o diretor de “sem chão”, foi agredido por colonos israelenses durante um ataque que estava ocorrendo por volta das 18 horas. Conforme o informado por um veículo israelense, a situação se iniciou quando um colono abordou alguns palestinos que estavam na vila de Susya.

No dia seguinte ao ataque, Ballal voltou para casa quando foi finalmente liberto.

Academia dos EUA se desculpa por não apoiar Hamdan Ballal

Os responsáveis pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) dos Estados Unidos emitiram um pedido de desculpas oficial por não falarem sobre Hamdan Ballal, vencedor do Oscar, após seu sequestro pelo exército israelense.

Yuval Abraham, co-diretor do filme ao lado de Ballal, chamou a atenção para a omissão da Academia em sua conta do X (antigo Twitter), relatando o quão desapontado ficou pela falta de ação, contando ainda que houve uma chance para mostrar coragem e solidariedade, mas escolheram o silêncio.


Yuval Abraham chama a atenção para a falta de resposta da Academia sobre um dos vencedores do Oscar (Foto: reprodução/X/@yuval_abraham)

O pronunciamento da Academia

O Conselho de Governadores da Academia fez uma reunião especial urgente a fim de tratar sobre a falta de resposta mediante o ataque que Hamdan Ballal sofreu, visto que a Academia não falou sobre o co-diretor, e nem mesmo sobre o documentário “Sem Chão”.

Em seguida, Bill Kramer e Janet Yang, CEO e presidente da AMPAS, respectivamente, lançaram uma nota para os membros horas depois, relatando que encaminharam na quarta-feira uma carta respondendo os atos de violência do vencedor do Oscar, e se desculpam por não ter terem reconhecido diretamente o filme e o co-diretor.

A Academia se desculpa com Ballal e com todos os artistas que se sentiram ofendidos com a declaração anterior realizada, e dizem que esse tipo de violência é condenado por eles, onde quer que aconteça. “Abominamos a supressão da liberdade de expressão em quaisquer circunstâncias”.


Yuval Abraham posta nota da Academia sobre a violência sofrida por Hamdan Ballal (Foto: reprodução/X/@yuval_abraham)

A nota da academia foi apoiada por diversos membros, como Emma Thompson, Joaquin Phoenix, Natasha Lyonne e Penélope Cruz.

O que houve com Hamdan Ballal

Na última segunda-feira (24), aproximadamente às 18h no horário local (13h no horário de Brasília), colonos israelenses agrediram Ballal após terem abordado um grupo de palestinos na vila de Susya, segundo o veículo israelense Haaretz.

Ao pedirem que se retirassem, mais colonos apareceram, e começaram a atacar os palestinos com paus e pedras, fora terem destruído prédios com tanques de água e automóveis.

Além da destruição pública e agressão contra civis, soldados sequestraram a ambulância que Ballal chamou após ser atacado, e o levaram para uma prisão israelense, segundo Yuval Abraham. No dia seguinte, foi liberto e voltou para casa, após ser atacado por cerca de vinte minutos, ter sangrado por todos os lugares, e ter o corpo inteiro dolorido.