Irã faz alerta: “agressão dos EUA terá consequências severas”

Nesta terça-feira (11), o Irã notificou o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas que reagiria com força no caso de os EUA atacarem o país. A nota foi emitida em resposta aos discursos da administração do presidente americano Donald Trump, que o Irã considera imprudentes e perigosos.

O teor da mensagem foi explícito: qualquer agressão dos EUA resultará em sérias consequências.

Irã faz ameaças

O governo iraniano não usou meias palavras contra Trump. O Irã escreveu que qualquer ato de agressão irá provocar uma resposta dura e decisiva

Para o Irã, essas declarações de Trump implicam riscos à segurança internacional e violam o direito internacional. O Irã pediu à ONU que desenvolvesse pressão contra as ameaças, evitando a escalada do conflito.

Além disso, o governo iraniano fez questão de dizer que irá defender sua soberania e seus interesses nacionais, independente das circunstâncias. Essa postura mais firme mostra que a tensão entre os dois países está longe de ser resolvida.


Cerimônia de luto acontece para secretário-geral do Hezbollah, morto em Beirute (Foto: reprodução/Majid Saeedi/Getty Images Embed)

Houthis colocam Israel na mira

No Iémen, o grupo extremista, Houthi, respaldado pelo Irã, fez novas ameaças, que intensificam as preocupações na região. Abdulmalik al-Houthi, líder do grupo, afirmou durante um discurso televisionado que os Houthis estão prontos para atacar Israel, caso o país retome os bombardeios sobre Gaza.

Essa declaração eleva a imprevisibilidade da situação, dado que os Houthis controlam uma parte significativa do Iémen e já participaram de ações contra Israel no Mar Vermelho.

Al-Houthi advertiu que, se Israel continuar com os ataques, “as mãos dos Houthis estão no gatilho”, sugerindo uma prontidão para intensificar suas operações. Esse aviso aumenta as tensões entre as nações afetadas, elevando o risco de um conflito mais amplo.

Hamas e Israel: mais atrasos e desacordos no cessar-fogo

No que diz respeito ao Hamas e a Israel, a situação em Gaza continua instável. O Hamas anunciou um adiamento na liberação dos reféns, que estava programada para o próximo sábado (15).

O grupo palestino expôs que essa decisão é baseada em supostas violações do cessar-fogo por parte de Israel. O Hamas acusa o Estado israelense de não cumprir acordos, como permitir a entrada de ajuda humanitária e cessar os bombardeios na região.

Israel, porém, nega essas alegações, afirmando que a prorrogação na entrega dos reféns por parte do Hamas é uma violação do cessar-fogo. O governo israelense enfatizou que suas forças estão em máxima alerta e preparadas para qualquer eventualidade.


Conflito em Gaza (Foto: reprodução/Mahmud Hams/Getty Images Embed)


Liberação de reféns

Apesar de toda essa tensão, houve um sinal de esperança. No sábado (8), três reféns israelenses, sequestrados pelo Hamas em outubro de 2023, foram finalmente libertados. As vítimas, que estavam em condições de saúde precárias, foram entregues à Cruz Vermelha e apareceram, em imagens, debilitadas, vestindo roupas simples e apresentando fragilidade.

Esta liberação representou um alívio para as famílias, mas também causou críticas. O governo de Israel colocou em questão a forma como os reféns foram tratados, afirmando que era impossível ignorar as imagens. No lugar deles, Israel soltou 183 prisioneiros palestinos, alguns deles envolvidos em ataques violentos. Entretanto, essas trocas não garantem a paz, pois o processo de negociações ainda é instável.

Não obstante as tentativas de negociação, a paz no Oriente Médio ainda está muito distante. A cada dia, novas ameaças surgem e os conflitos são trocados. Isto deixa milhões de pessoas vulneráveis à violência e à insegurança.

A população da região, particularmente os civis, está pagando duramente pelas consequências dessa guerra que não tem fim à vista. A solução pacífica depende de decisões difíceis e parece depender da vontade das partes em honrar a diplomacia.

Para muitos, a simples troca de reféns, por mais simbólica que seja, ainda é um sinal de que há um fio de esperança. Mas, enquanto as ameaças e dissensões persistirem, a paz ainda será uma tarefa difícil e distante.

Estados Unidos derruba míssil dos Houthis segundos antes de atingir sua embarcação

Na noite desta terça-feira (30), a Marinha dos Estados Unidos no Mar Vermelho foi obrigada a utilizar sua “última linha de defesa” contra um ataque que chegou perto demais: o “Phalanx Close-In Weapon System” (CWIS) do “destróier Gravely” derrubou um míssil Houthi que viajava a 965 km/h, a uma distância de 1,6 km do navio.

Sobre o ataque

Na estimativa com esses números, o míssil estava à aproximadamente seis segundos de um impacto direto.

Os dados são, no entanto, aproximados. O valor de 1,6 km vem de Tom Karako, diretor do Projeto de Defesa contra Mísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, que afirmou a “preocupante” distância de “1 milha [cerca de 1,6 km]“.

Na estimativa do analista Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA, a situação foi ainda mais grave. Ele afirmou que o míssil estava a apenas quatro segundos de atingir o navio de guerra estadunidense, e que o sistema de defesa requer certa distância para funcionar efetivamente.

Os mísseis não evaporam quando destruídos, eles enviam milhares de fragmentos e peças da estrutura dos mísseis,” disse Schuster.

É o primeiro ataque do grupo Houthis a chegar tão perto de atingir as embarcações dos Estados Unidos. Já foram atacados mais de 30 navios comerciais desde novembro de 2023, e tudo indica que devem continuar os ataques, mesmo com a pressão dos EUA e do Reino Unido.


Canal de Suez, utilizado para o comércio global (Foto: reprodução/g1/Kayan Albertin)


Mísseis de ataque e defesa

A Marinha dos Estados Unidos ainda não divulgou porque teve que utilizar o sistema de defesa Phalanx, um armamento limitado e emergencial que foi introduzido em 1980, mas a conclusão é simples. Os mecanismos antes desta “última linha de defesa“, os mísseis de longo alcance, falharam.

De todas as formas de defesa bélica – de armadura reforçada até camuflagem – uma das mais comuns na era contemporânea são os sistemas automáticos de intercepção. Primeiro, os sensores detectam projéteis de tamanho suficiente e com velocidade perigosa. Então, os computadores utilizam a posição e velocidade detectada para calcular a trajetória dos mísseis. Finalmente, é acionado o sistema de intercepção, que lança mísseis de defesa em trajetórias correspondentes que colidem com o ataque iminente.

Tudo isso ocorre em uma questão de milissegundos.

Trata-se da mesma lógica utilizada por Israel em conter mísseis disparados pelo grupo Hamas no início do conflito – e tanto naquele incidente como neste, demonstra-se a falha em contar absolutamente com tais redes de defesa. Com certa frequência, elas acabam falhando, e deixam mísseis passar.

Quando isso ocorreu, o Gravely acionou o Phalanx, que não é um sistema automático de mísseis, mas sim de metralhadores Gatling. Com aproximadamente 75 tiros de 20 milímetros por segundo cada, o poder destrutivo foi suficiente para lidar com o míssel Houthi, mas o fato de que tiveram de ser utilizadas é preocupante. Seu alcance é muito menor, e por isso a própria fabricante Raytheon intitula o mecanismo como a “última linha de defesa“: se tudo está correndo bem, ele não precisa sequer ser utilizado.

Resposta dos Estados Unidos

O Comando Central dos EUA já afirmou, uma dia após esse ataque ao USS Gravely, que outro destróier, USS Carney, também teve de abater mísseis anti-navio e drones. Mas isso não significa que estão vencendo o conflito.

Os Houthis são um grupo que tanto o presidente americano Joe Biden quanto o governo do Iêmen – território onde realizam suas operações – considera como terrorista. Na geopolítica internacional, no entanto, são considerados de forma diferente do grupo Hamas.

Em primeiro lugar, porque suas ações não contestam um território de valor religioso, mas deliberadamente servem para interromper o fluxo comercial no Canal de Suez do Mar Vermelho, diretamente influenciando o mundo inteiro. E em segundo lugar, por causa de suas ligações com o Irã.

Ao que tudo indica, o grupo Houthis tem o suporte de Teerã: no dia 16, os Estados Unidos já anunciaram que haviam capturado um navio iraniano transportando “ajuda letal” para os Houthis, e há muito os dois vêm sido ligados. Muito provavelmente, qualquer resposta em que Joe Biden decida deve ter como alvo os vários grupos terroristas que o Irã vem financiando, o que poderá novamente expandir a escala da guerra.

União Europeia analisa possibilidade de ataques para se proteger dos Houthis

Nesta quarta-feira (31), foi divulgado que os países pertencentes à União Europeia podem controlar sua decisão de interceptar os ataques dos Houthis ao comandar uma missão naval localizada no Mar Vermelho até meados do segundo mês do ano.


Operação da União Europeia se classifica como protetora, segundo chefe de política (Foto: reprodução/Gazeta Brasil)


Preparos para a missão

De acordo com informações fornecidas pelo chefe de política externa do bloco europeu, Josep Borell, os países desse continente já estão aptos a decidir e planejar sua estrutura de comando diante dessa situação.

Borell ainda compartilhou com alguns repórteres, um pouco antes de um evento dos ministros da Defesa da União Europeia, que tem esperanças de que essa missão possa ser lançada o quanto antes. “Nem todos os Estados-membros estarão dispostos a participar, mas ninguém irá obstruir. Espero que no dia 17 deste mês (fevereiro) a missão possa ser lançada”, disse.

O chefe de política afirmou que o principal intuito dessa reunião realizada era a escolha de uma nação líder e a definição de onde os primeiros passos da estratégia seriam sediados, quais recursos estariam inclusos e também quem seriam os responsáveis por participar da importante missão.

Conflitos de planejamento

Em dezembro do ano passado, os Estados Unidos, assim como outros países, divulgaram uma missão que possuía como essencialidade dissipar os medos de que um incômodo em uma das artérias centrais do âmbito comercial em nível global tivesse a real possibilidade de prejudicar a economia em escala mundial.

Entretanto, alguns aliados europeus dos EUA apresentaram algumas discordâncias em relação a esse projeto, fator que trouxe como consequência o Reino Unido e os Estados Unidos lançarem ataques aéreos contra diversos alvos Houthis, além de recusarem a possibilidade de se submeterem ao comando de Washington.

Conforme foi explicado por Josep Borell, a operação da União Europeia se classifica como protetora, que possui a principal finalidade de proteger e interceptar investidas, mas sem a intenção de fazer parte dos ataques destinados aos Houthis.