CPI das Bets investiga influenciadores por divulgação de sites de apostas: conheça os nomes

A CPI das Bets, criada no Senado no fim de 2024, investiga como sites de apostas esportivas estão interferindo na vida financeira da população. Depois de ouvir nomes conhecidos como a influenciadora Virginia Fonseca e o ex-participante de reality Rico Melquíades, os senadores já têm uma nova lista de famosos que podem ser chamados para prestar depoimento.

A comissão, que deve encerrar os trabalhos até 14 de junho, tem discutido o envolvimento de celebridades na divulgação dessas plataformas, especialmente em redes sociais. Até agora, 18 pessoas — entre influenciadores, artistas e empresários — já foram convocadas ou convidadas para explicar suas relações com o setor. Os senadores podem estender o prazo da investigação, mas segundo fontes do próprio Senado, é pouco provável que isso aconteça, já que o limite de gastos para a comissão é de R$ 110 mil.

Cantores, ex-BBBs e humoristas entram na lista

Entre os nomes que chamaram atenção está o cantor Gusttavo Lima, apontado por sua participação em ações promocionais com grandes empresas de apostas. Segundo senadores, ele teria envolvimento direto em campanhas que levantam suspeitas de irregularidades.

Outro cantor famoso, Wesley Safadão, também foi convocado. Parlamentares dizem que sua imagem foi usada por empresas do setor, algumas delas já barradas pelo Ministério da Fazenda.

A influenciadora Gessica Kayane, a Gkay, também entrou no radar. Por mais que seja conhecida pelo conteúdo de moda e entretenimento, ela teria, segundo a CPI, participado da divulgação indireta dessas plataformas nas redes.

O comediante Tirulipa também está na lista. Ele é acusado de divulgar um site que está sendo investigado por crimes financeiros. Em 2022, ele já tinha sido alvo de uma operação do Ministério Público por conta disso.

Relacionamentos com plataformas levantam suspeitas

O youtuber Jon Vlogs é citado não só por promover apostas online, mas por ser dono de uma dessas empresas, além de ter liderado campanhas de divulgação em larga escala.

Pâmela Drudi, influenciadora e esposa do empresário Fernando Oliveira Lima, também será ouvida. Ela representa uma plataforma como “embaixadora” e os senadores querem entender se ela tinha noção de possíveis esquemas ilegais.

Kaká Diniz, empresário conhecido por gerenciar carreiras de influencers, foi convocado para explicar sua atuação nos bastidores. A comissão acredita que ele pode ajudar a mostrar como funcionam as ligações comerciais entre esses influenciadores e as plataformas.

Famílias e casais em foco

A influenciadora Viih Tube e seu marido, o ex-BBB Eliezer, também foram chamados. Os parlamentares querem entender como eles participaram de ações de marketing ligadas ao setor e se tinham conhecimento de práticas ilegais por trás das campanhas.

Outro ex-BBB, Felipe Prior, também está na lista. Ele foi citado por, supostamente, ter um contrato que lhe dava uma porcentagem sobre as perdas dos apostadores, algo que gerou grande repercussão na mídia.


O Jogo do Tigrinho já causou perdas financeiras e afetou famílias, levando pessoas a perderem tudo que tinham (Foto: reprodução/Alice Labate/Estadão)

Deolane, a mãe, o filho e a advogada

A advogada e influencer Deolane Bezerra chegou a ser presa no ano passado durante uma operação que apurava lavagem de dinheiro e envolvimento com apostas ilegais. Ela foi convocada como testemunha, mas conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e não compareceu.

Sua mãe, Solange Bezerra, e seu filho, conhecido como Chefinho (Giliard dos Santos), também foram chamados para prestar esclarecimentos. A CPI quer entender como a família está envolvida na promoção dessas plataformas.

A advogada Adélia Soares, que representa Deolane e também já participou do BBB, também foi convocada. O depoimento dela estava marcado, mas uma decisão do ministro Dias Toffoli liberou sua ausência.

Rodrigo Mussi, outro ex-BBB, entrou na lista por ter participado da divulgação de uma plataforma investigada por facilitar lavagem de dinheiro e manipular resultados.

Convites sem obrigação

Além dos convocados, dois influenciadores foram apenas convidados, o que significa que não precisam comparecer se não quiserem. São eles: Felipe Neto, que fez campanhas publicitárias para uma empresa de apostas por cerca de dez meses em 2023, e Mayk Santos, convidado por conta de sua relação com conteúdos ligados ao tema e seu grande número de seguidores.

Com a CPI em andamento, os próximos passos dependem das decisões da comissão e da disponibilidade dos convocados. Até junho, outros nomes podem entrar na lista, caso os senadores considerem necessário para avançar nas investigações.

Rico Melquiades se surpreende com pedido em CPI das Bets e reclama de tratamento diferente

Nesta quarta-feira (14), o influenciador digital Rico Melquiades foi surpreendido durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito das Apostas Esportivas (CPI das Bets), no Senado Federal, em Brasília.

O pedido inesperado foi feito pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que solicitou que ele realizasse uma aposta ao vivo e sacasse o valor ganho no chamado “Jogo do Tigrinho”.

A situação gerou desconforto no influenciador, que também reclamou de estar sendo tratado de forma diferente em comparação com outras figuras públicas, como a influenciadora Virgínia Fonseca.

Influenciador é pressionado a jogar ao vivo

Durante a audiência, foi solicitado por Soraya Thronicke que Rico Melquiades acessasse a plataforma de apostas online e realizasse uma demonstração em tempo real.

Apesar de um primeiro momento de relutância, o influenciador acabou cedendo à insistência da senadora, afirmando depois que se sentiu constrangido com a exposição. O Jogo do Tigrinho, plataforma popular entre influenciadores, tem sido alvo da CPI por suspeitas de associação com crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.


Vídeo postado nas redes sociais mostra Rico jogando ao vivo (Vídeo: reprodução/X/@8088media)

Além da demonstração, Rico também foi questionado sobre possíveis pagamentos em criptomoedas, o que foi negado por ele. Segundo a senadora Soraya, o objetivo da CPI é compreender o funcionamento dessas plataformas e os impactos nos usuários, principalmente no público jovem que segue influenciadores.

Rico compara tratamento com o de Virgínia Fonseca

Em outro momento da audiência, Rico Melquiades afirmou sentir-se pressionado e expôs sua insatisfação com a maneira como foi tratado pelos parlamentares. O influenciador alegou que a abordagem feita com ele foi mais incisiva do que a dirigida a Virgínia Fonseca, que também participou da CPI recentemente. Segundo ele, o tratamento mais brando dado à influenciadora contrastou com o rigor enfrentado por ele.

A Comissão das Apostas Esportivas tem reunido personalidades digitais para entender a influência da promoção desses jogos na internet. O nome de Rico Melquiades passou a ser associado à CPI por causa de suas publicações em redes sociais incentivando apostas no Jogo do Tigrinho, prática que tem sido amplamente criticada por autoridades e especialistas em segurança digital.

Governo estuda colocar travas em jogos online e cassinos digitais

O governo brasileiro deve liberar nos próximos meses a operação de jogos online em cassinos digitais. Porém antes de liberar esse tipo de jogos online como por exemplo o jogo do tigrinho, o governo busca fazer medidas para evitar que os jogadores se tornem apostadores compulsivos.

O Ministério da Fazenda propõe que os próprios cassinos online criem mecanismos para travar gastos excessivos pelo usuário. Essa medida seria aplicada com base nos gastos que o usuário tem feito e pelo seu perfil.

Regis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, revela que “o próprio operador vai ser obrigado, por meio da regulamentação, a fazer alguma espécie de aviso no primeiro momento e, eventualmente, quando necessário, bloqueios.”


Uma ilustração do jogo online, Fortune Tiger (Foto: reprodução/Fortune Tiger)

O ministério da Fazenda irá fazer parceria com o SUS

O Ministério da Fazenda por meio da secretaria de Prêmios e Apostas pretende fazer uma parceria com o SUS, essa parceria consiste na criação ações como por exemplo medidas preventivas contra o vício em apostas.

A secretaria ainda pretende propor para os cassinos que seja criado um botão para que o usuário possa excluir seus dados do cassino ou do jogo online de forma rápida.

Como será feito a regularização de jogo online como o jogo do tigrinho

O secretario Regis Dudena, explica que as empresas que hospedam esses jogos terão que passar por alguns critérios. O primeiro deles é provar que o jogo é feito de maneira aleatória, também a empresa precisará ser clara com o usuário no momento que informar o quanto o apostar irá ganhar caso ganhe o jogo.

Os dois últimos critérios são de que todos os jogos terão que passar por uma certificação feito por empresas especializadas nesses assuntos, além disso os jogos aprovados terão que ter no final de seu domínio “bet.br”.

Dudena ainda revela que o jogo original do tigrinho, o Fortune Tiger, se aproveita da ausência desse tipo de medida para cometer crimes.

Especialista alerta sobre manipulação no algoritmo do Jogo do Tigrinho

Na última semana, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou que, desde o ano passado até a última quinta-feira (27), cerca de 500 ocorrências ligadas ao Jogo do Tigrinho foram registradas no estado.

Em junho, uma enfermeira de Piracicaba, interior de São Paulo, foi encontrada após uma semana desaparecida. A família suspeita que o desaparecimento esteja relacionado a dívidas adquiridas com o Jogo do Tigrinho.

Além disso, autoridades de vários estados brasileiros têm realizado operações contra o Jogo do Tigrinho, um cassino online que promete ganhos rápidos, mas oferece risco de vício aos jogadores.


Fortune Tiger, aplicativo conhecido como “jogo do tigrinho” (Foto: capa do app através do Sportsbet.io )

O professor André Lima, da Universidade Católica de Brasília, especialista em Tecnologia da Informação, compara o Jogo do Tigrinho aos tradicionais caça-níqueis, que operam com máquinas.

O especialista alerta que os algoritmos podem ser manipulados para alterar os resultados, controlando quando os jogadores ganham ou perdem.

Para confirmar a manipulação, André ressalta a necessidade de auditoria externa nos algoritmos, apontando a falta de transparência nos códigos utilizados. “A diferença é que o Jogo do Tigrinho é um software, permitindo maior flexibilidade na programação. Isso levanta questões sobre o que está contido nesse algoritmo”, destacou Lima.

“É possível que o software tenha caminhos programados no algoritmo que induzem a perda ou oferecem ganhos que depois não se repetem”, explicou o professor.

“Não podemos afirmar com certeza se há ou não manipulação, mas a possibilidade existe. Qualquer código pode ser atualizado a qualquer momento, introduzindo novidades ou alterações”, afirmou. O especialista ainda finalizou destacando que, mesmo sem manipulação, esses jogos de azar são matematicamente mais favoráveis ao cassino, levando os jogadores ao vício ao acreditar que sempre podem ganhar.

Versões demonstrativas

Investigações realizadas em vários estados do Brasil revelam que os desenvolvedores desses aplicativos produzem versões de demonstração dos jogos.

Essas contas demo são utilizadas por influenciadores que compartilham vídeos nas redes sociais, mostrando supostos grandes ganhos em apenas uma partida.

Segundo o professor, ele explica que essas versões demo podem ser programadas para criar uma falsa sensação de que o jogador terá mais chances de ganhar nesse tipo de jogo

Usuário corre risco de privacidade

Além do potencial de vício e perdas financeiras, o especialista destaca que essas plataformas podem ameaçar a segurança dos dados dos usuários.

Como os jogos de cassino são ilegais no Brasil, eles são hospedados em servidores estrangeiros. Isso os isenta das regulamentações da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O professor alerta que, entre as informações que essas plataformas podem coletar, estão os dados bancários dos apostadores.