Judô brasileiro tem melhor desempenho na história das Olimpíadas

Parece que a alcunha de que o Brasil é o país do futebol foi ligeiramente substituída nestes Jogos Olímpicos em Paris. Neste sábado (3), o judô brasileiro subiu ao pódio mais uma vez na prova de equipes, conquistando uma medalha de bronze após derrotar a equipe italiana, por 4 a 3. 

Desempenho brasileiro

A modalidade de judô brasileira teve o melhor desempenho na história dos Jogos Olímpicos. Em Paris, Bia Souza brilhou, conquistando o primeiro ouro para o país, mas ainda teve mais uma prata e dois bronzes. A prata foi de William Lima, na categoria meio-leve, enquanto o bronze foi conquistado por Larissa Pimenta, também na categoria meio-leve.


Rafaela Silva e Ketleyn Quadros após ganharem o bronze (Reprodução/Sarah Stier/Getty Images Embed)


O bronze conquistado no último duelo no tatame olímpico fechou a participação do judô na Olimpíada com um número que supera a campanha feita na Olimpíada de Londres, que aconteceu em 2012. Na ocasião, o time brasileiro conseguiu quatro medalhas: um ouro e três bronzes, mas a prata de Paris fez toda a diferença segundo a Confederação Brasileira de Judô. 

5° maior resultado do mundo

Após essa participação, o Brasil figura na lista de potências do judô, deixando o país em quinto lugar em número de medalhas conquistadas, contabilizando 28 medalhas em todas as suas participações, só ficando atrás do Japão, França, Coreia do Sul e Cuba. Desde a primeira medalha em Munique (1972) com o bronze de Chiaki Ishii na modalidade meio-pesado até o bronze conquistado pelos judocas Daniel Cargnin e Mayra Aguiar, o judô brasileiro tem ganhado destaque e teve seu ápice neste ano. Com mais esses resultados, o país ganhou pelo menos uma medalha em todas as últimas edições dos Jogos desde 1984. 


Equipe de judô brasileiro durante Olimpiada em Paris (Reprodução/Jack Guez/AFP/Getty Images Embed)


Apesar do judô brasileiro se despedir de solo francês após tantas conquistas, outras modalidades esportivas ainda podem trazer mais medalhas para o país. Hoje, o futebol feminino derrotou a França em casa mesmo com o desfalque de Marta e conseguiu a vaga para a semifinal. 

Amanhã, às 10h40, Rebeca Andrade passa pela prova final de barras assimétricas e tem grande chance de ir ao pódio novamente. Além da ginástica artística, o Brasil também compete nas modalidades de atletismo, vôlei de praia, ciclismo de estrada, boxe e tênis de mesa.

Menina de Ouro: Bia Souza conquista medalha de ouro do judô em Paris 

A primeira medalha de ouro para o Brasil na Olimpíada de Paris demorou, mas quando chegou foi emocionante e simbólica. Em sua estreia nas finais dos jogos olímpicos nesta sexta-feira, a brasileira Bia Souza mostrou toda sua habilidade no tatame, desbancando sua adversária Raz Hershko, e subindo ao pódio para receber a sonhada medalha de ouro pela categoria acima de 78kg no judô. Essa é a terceira medalha do país na modalidade olímpica em Paris.

A vitória em tempo recorde 

Bia Souza fez sua estreia nos jogos olímpicos de forma impactante: além da conquista do ouro, a brasileira venceu a oponente israelense sem muita cerimônia, aplicando o golpe waza-ari logo nos primeiros segundos. Após o golpe, ela só precisava evitar que a oponente se sobressaísse e evitasse mais punições, já que ambas receberam uma durante o combate. 


Beatriz Souza junto com as outras finalistas no pódio (Reprodução/Catherine Steenkeste/Getty Images Embed)


Depois do pódio e de segurar a medalha, a judoca deu uma entrevista emocionante para a Rede Globo, enquanto conversava com sua família. Enquanto as lágrimas de felicidade rolavam, ela revelou que a vitória foi dedicada à sua avó. Para além de toda a conquista do ouro, a vitória da brasileira ainda carrega um peso simbólico e representativo, sendo uma mulher preta.

Antes dessa vitória relâmpago, Bia já vinha fazendo uma campanha consistente pela modalidade e antes mesmo de pisar em solo francês, já estava em quinto lugar do ranking mundial e relembrou a frustração de não ter ido à Tóquio. 

 “Falei pra mim mesma que eu não ia sentir aquilo que eu senti de novo, de não ir para uma Olimpíada. Foi uma chave muito importante para mim que eu virei. Desde o momento em que a chave virou, as coisas só foram sendo encaminhadas”, revelou a judoca para o Olympics. 

Nas quartas de final, ela venceu Kim Ha-Yun, mas não sem antes passar por um momento de tensão com a arbitragem. Mas o duelo decisivo foi com a francesa Romane Dicko, primeiro lugar do mundo, que ela conseguiu contornar aplicando um ippon e garantiu sua vaga para brilhar na final. 

De Peruíbe para o mundo

Foi uma longa caminhada do litoral paulistano até o tatame da maior competição esportiva do mundo. A judoca de 26 anos precisou trocar a maresia litorânea para o ar poluído da cidade grande quando ainda era adolescente para perseguir sua vocação no esporte, tendo uma rotina dupla e cansativa. Beatriz começou a se destacar um tempo depois, após o Mundial de 2017, que participou da campanha da equipe para conquistar a prata. 


Beatriz Souza e Maria Suelen Altheman no Judo World Championships de 2012 (Reprodução/Attila Kisbenedek/AFP/Getty Images Embed)


Relembrando que o esporte é além de tudo cooperação, a brasileira preza pelo profissionalismo, deixando de lado competições que só existem dentro do duelo, já que sua treinadora é sua ex-rival esportiva. Maria Suelen Altheman conseguiu a vaga na Olimpíada de Tóquio e hoje viu sua pupila deslanchar em solo francês, alcançando o ouro na Olimpíada e representando o país de forma louvável. 

Com a vitória de Bia Souza, William Lima e Larissa Pimenta, o Brasil soma 27 medalhas, sendo o 5º melhor país da história dos jogos olímpicos na modalidade esportiva.