Alana Maldonado conquista o primeiro ouro do judô nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024

A brasileira Alana Maldonado conquistou, nesta sexta-feira, a primeira medalha de ouro do Brasil na modalidade judô nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, após vencer a chinesa Yue Wang con um ippon. Competindo na classe J2 para atletas com deficiência visual, Alana garantiu o bicampeonato ao somar seu segundo ouro paralímpico, após ter sido campeã em Tóquio 2020.

Após a conquista da medalha, a judoca refletiu sobre sua longa jornada até o pódio. “Eu sonhei muito com esse momento, me imaginava no pódio ouvindo o hino nacional”, contou Alana. Para ela, o ciclo foi particularmente difícil, com lesões e uma cirurgia que a mantiveram afastada das competições em 2023, além de enfrentar problemas de depressão e dúvidas sobre sua continuidade no esporte. Em um post no Instagram, a atleta comemorou contente ao lado da equipe:


Post de comemoração de Alana (Post: reprodução/instagram/@alanamaldonadooficial)


Alana, que já havia sido a primeira mulher brasileira a ganhar a medalha de ouro no judô em Tóquio 2020, reafirmou sua posição de destaque no esporte paralímpico, competindo pela categoria de judô feminino até 70kg.

Modalidades do Judô

A terceira modalidade mais premiada do Brasil nas Paralimpíadas, com 25 pódios, é o Judô. Disputado por atletas com deficiência visual, o esporte é dividido em categorias: peso corporal e tipo de deficiência visual. As lutas tendem a durar quatro minutos e podem se estender com a regra do Golden Score, onde vence o primeiro a marcar um ponto após o tempo regulamentar. 


Alana Maldonado competindo (Foto: reprodução/Alexandre Schneider/CPB)

De maneira diferente do judô convencional, os atletas iniciam o combate em contato com o quimono do oponente, e a luta é interrompida se esse contato for perdido. As categorias são: feminino – até 48kg, até 57kg, até 70kg e acima de 70kg; masculino – até 60kg, até 73kg, até 90kg e acima de 90kg.

Trajetória de Alana

Alana sempre teve paixão e habilidades nos esportes. Quando pequena, seu primeiro objetivo foi se tornar jogadora de futebol.

Eu sempre gostei de todos os esportes, sempre pratiquei todos até a minha visão me permitir. Então antes do judô, eu gostava muito do futebol… Futsal foi minha primeira paixão. Meu primeiro sonho de ser atleta profissional era de futsal.

Contudo, apesar do seu grande talento esportivo, Alana começou a perceber as dificuldades na sala de aula, o que a levou ao oftalmologista.

“Descobri que tinha a doença de Stargardt, que afeta o fundo dos olhos e a retina. Em questão de três meses, perdi 80% da visão.”

Atualmente, ela tem cerca de 10% de visão em um olho e 12% no outro, descrevendo sua visão como “assistir a uma televisão com imagem borrada”.


Entrevista á Alana Maldonado (Reprodução/YouTube/Olimpíada Todo Dia)

Na escola, Alana enfrentou bullying devido à sua condição visual, o que a fez reconsiderar sua carreira. Inicialmente, pensou em ser professora de judô, pois ainda não conhecia o mundo do esporte paralímpico. No entanto, sua trajetória deu uma guinada quando foi convocada para a seleção brasileira de judô, no qual praticava desde os 4 anos de idade. Ao conquistar sua primeira medalha , Alana percebeu que esse esporte era seu verdadeiro caminho. Desde então, ela decidiu se dedicar intensamente ao esporte, transformando sua paixão em uma vitoriosa carreira.

Brasil termina Mundial de Judô sem medalha pela primeira vez em 15 anos

No Mundial de Judô disputado em Abu Dhabi, o Brasil teve sua pior participação em quinze anos. O campeonato foi realizado a dois meses das Olimpíadas, ainda por conta da pandemia de COVID-19. O Brasil foi desfalcado e não contou com a participação de grandes nomes, como Rafaela Silva e Mayra Aguiar.

A competição foi positiva para Michel Augusto, o brasileiro ficou em nono lugar no campeonato, com 2 vitórias. Michel enfrentou nas oitavas de final o vice-campeão olímpico Yeldos Smetor e acabou sendo derrotado pelo cazaquistanês.

Desfalques no Mundial

A competição precisou ser adiada ainda pelas complicações da COVID-19 e a realização está sendo muito perto das Olimpíadas, com isso outros países como Japão e França também decidiram não levar seus principais judocas. Uta Abe, japonesa tetracampeã mundial e campeã olímpica, foi poupada na categoria até 52kg. Pela França, Teddy Riner, considerado o maior judoca da atualidade, também não esteve no campeonato.


Daniel Cagnin com bronze na Olimpíada 2020(Foto: reprodução/COB)

A importância do Mundial de Judô é para que os atletas que estavam buscando pontos de ranking para conseguir uma vaga nas Olimpíadas de Paris, além da participação do Michel Augusto que conseguiu a vaga na categoria até 60kg, outro brasileiro que participou foi o medalhista olímpico Daniel Cargnin. Sua preparação foi em condições difíceis, por ser de Porto Alegre, o judoca estava trabalhando como voluntário nos abrigos da região. Ele perdeu a disputa pelo bronze nos -73kg para Ankhazaya Lavjargal, da Mongólia.

Brasileiros classificados para os jogos olímpicos

Os judocas brasileiros que se preparam para as Olimpíadas de Paris. A campeã olímpica na Rio 2016, Rafaela Silva, junto de outros 3 medalhistas olímpicos Mayra Aguiar, Daniel Cargnin e Rafael Silva. Junto desses, o Brasil conta com Willian Lima, Guilherme Schmidit, Rafael Macedo, Leonardo Gonçalves, Larissa Pimenta, Beatriz Souza e Michel Augusto.