Coreia do Norte lança míssil balístico dias antes de cúpula que reunirá líderes

A Coreia do Norte disparou, na última terça-feira (21), quarta-feira no horário local, pelo menos um míssil balístico em direção ao Mar do Leste, de acordo com informações divulgadas pelo Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul. O lançamento é o primeiro desde maio e gerou um novo episódio de tensão na região, poucos dias antes da realização da Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que ocorrerá na Coreia do Sul no fim do mês.

De acordo com a agência sul-coreana Yonhap, o míssil “não identificado” foi lançado de uma área próxima à capital norte-coreana, Pyongyang, e seguiu em direção ao mar. As autoridades de Seul seguem analisando os detalhes da altitude e da trajetória do projétil e reiteraram que estão em estado de alerta máximo diante de possíveis novos testes.

A tensão diplomática

O teste aconteceu em um momento de tensão para a região. É o primeiro disparo desde que o sul-coreano Lee Jae Myung assumiu a presidência do país, em junho, e antecede o início da Apec, que será realizada nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, na cidade de Gyeongju. O evento reunirá líderes de 21 economias da região, incluindo Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente da China.

O presidente Trump compartilhou recentemente que tem intenção de se encontrar com o líder norte-coreano Kim Jong-un durante sua passagem pela Ásia, mas ainda não foi divulgada a confirmação oficial do encontro. Pyongyang, por sua vez, declarou que está aberta a futuras negociações, desde que não envolvam a renúncia ao arsenal nuclear do país que é considerado “garantia de sobrevivência nacional”.

Mostra de força militar

Menos de duas semanas antes do lançamento do míssil, o governo de Kim Jong-un promoveu um desfile militar em Pyongyang como comemoração dos 80 anos do Partido dos Trabalhadores, que governa a Coreia do Norte desde sua fundação. O evento reuniu líderes e representantes estrangeiros, incluindo Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, e o primeiro-ministro chinês Li Qiang.

Durante a celebração, o regime mostrou um novo arsenal de armamentos de longo alcance, entre eles o míssil balístico intercontinental Hwasong-20, descrito pela agência estatal KCNA como “o sistema de armas nucleares estratégicas mais poderoso do país”.Além disso, foram exibidos mísseis de cruzeiro de longo alcance, drones militares e mísseis terra-ar e terra-terra, uma demonstração clara do poder militar norte-coreano.


Coreia do Norte lança míssil balístico em direção ao Mar do Leste (Vídeo:reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Escalada de apoio

Nos últimos meses, Kim Jong-un fortaleceu sua aliança com a Rússia, oferecendo milhares de soldados norte-coreanos como apoio para as forças de Moscou na guerra contra a Ucrânia. O movimento tem ampliado o isolamento diplomático de Pyongyang em relação ao Ocidente, mas ao mesmo tempo consolidado o regime como um dos principais aliados do presidente Vladimir Putin.

A Apec, fundada em 1989, reúne 21 economias que respondem por mais de 60% do PIB global e aproximadamente 2,9 bilhões de pessoas. O lançamento de um míssil tão próximo à data do fórum foi considerado por analistas como um recado direto à comunidade internacional, a fim de reafirmar o papel da Coreia do Norte como potência nuclear.

EUA pressionam exportações chinesas com nova ameaça comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a tensionar as relações com a China na segunda-feira (25), ao declarar que poderá aplicar uma tarifa de 200% sobre produtos chineses. A medida foi vinculada ao envio de ímãs de terras raras, considerados insumos estratégicos para os setores automotivo, militar e eletrônico americanos.

A fala foi feita durante a recepção oficial ao presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, na Casa Branca. Diante da imprensa, Trump afirmou que os EUA “precisam receber ímãs”, e que, sem isso, “não haverá outro caminho senão aplicar uma taxa pesada”. A declaração marca um novo capítulo na guerra comercial entre Washington e Pequim.

Conflito comercial ganha novo fôlego com ameaça tarifária

Os ímãs de terras raras voltaram a ocupar o centro das disputas após a imposição, pela China, de licenças de exportação para o insumo. Embora parte dessas restrições tenha sido flexibilizada após reuniões diplomáticas, o governo americano alega que o fornecimento ainda está sendo atrasado intencionalmente.


Publicação de President Donald J. Trump (Foto: reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)


Trump indicou que, se a exportação não for destravada rapidamente, os EUA deixarão de fazer negócios com a China, como já ocorreu durante tarifas anteriores de até 145%. “Desta vez, pode chegar a 200%”, disse, ao mencionar que “não teremos problemas com isso”.

Relações bilaterais continuam frágeis apesar de trégua

Apesar de uma trégua tarifária de 90 dias, prorrogada até novembro, o clima entre os dois países permanece instável. Negociações foram realizadas nos últimos meses para reequilibrar o fluxo comercial, mas os avanços foram limitados. Washington continua pressionando por mais agilidade nas concessões chinesas.

Trump, contudo, buscou amenizar o tom ao lembrar que mantém diálogo direto com Xi Jinping. “Temos uma relação estupenda”, afirmou. Ainda assim, ele reforçou que os EUA possuem “cartas poderosas”, sugerindo novas ações, caso o impasse continue. A declaração repercutiu imediatamente nos mercados e reacendeu o debate sobre a dependência americana de insumos estratégicos importados. A comunidade internacional acompanha com cautela os próximos desdobramentos.