Lei Magnitsky é aplicada a Alexandre de Moraes pelo governo dos EUA

Os Estados Unidos aplicaram oficialmente nesta quarta-feira (30) a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. É a primeira vez em que a norma é usada contra uma autoridade de poder do Brasil, com efeitos punitivos que incluem por exemplo bloqueio de cartões de créditos e contas nos EUA.

A informação foi publicada pelo Escritório de Controles de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano, em meio a tensões diplomáticas e comerciais com o Brasil, especialmente relacionadas à condução dos processos no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o governo norte-americano, as sanções já estão em vigor, incluindo bloqueio de ativos e proibição de transações com cidadãos e empresas americanas.

O que é a Lei Magnitsky

A Lei Magnitsky foi criada em 2012, durante a presidência de Barack Obama, em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitsky, ao denunciar um esquema de desvio de dinheiro por membros do governo russo. Em 2016, a lei foi ampliada e ganhou abrangência global, permitindo ao governo norte-americano punir indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou qualquer violação aos direitos humanos – já que inicialmente, a norma havia sido criada somente para punir os indivíduos envolvidos na morte de Sergei. 

Segundo o secretário do Tesouro nos EUA, Moraes teria conduzido uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro – como mencionado pelo Presidente Donald Trump em sua carta dirigida ao Brasil sobre o tarifaço. Além disso, o ministro do STF é acusado de promover censura e conduzir “prisões arbitrárias” que violam direitos humanos, usando o sistema judiciário brasileiro para perseguir adversários políticos. A justificativa dada em discurso é de que os EUA continuaram responsabilizando os indivíduos que ameaçam os interesses do país norte-americano e as liberdades de seus cidadãos. 


Donald Trump, atual presidente dos EUA, e Jair Bolsonaro juntos (Foto: reprodução/Chris Kleponis-Pool/Getty Images Embed)


Sanções contra Moraes

Com a sanção entrando em vigor oficialmente, Alexandre de Moraes passa a ter todos os seus bens e ativos sob jurisdição dos EUA congelados. Por exemplo, seus cartões de crédito com bandeiras que operam nos EUA devem ser bloqueados, além de contas em bancos nos Estados Unidos. Caso o banco permita que a conta continue ativa, a própria instituição pode sofrer com sanções. O ministro também teve seu visto cancelado e está proibido de entrar nos Estados Unidos. 

Funcionários do Itamaraty entrevistados pela TV Globo acreditam que a sanção imposta contra Moraes pode ser considerada uma escalada da tensão entre os dois países, que vem crescendo cada vez mais, em especial com o tarifaço de Trump. A sanção é vista por eles como uma manobra do governo Trump para que Bolsonaro saia impune de seus processos.

EUA impõem tarifa de 50% na importação de produtos brasileiros

Recente anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil provocou reações intensas no cenário político brasileiro. A decisão foi comunicada por meio de uma carta publicada na rede social Truth Social, na qual Trump justifica a medida com base em alegadas injustiças comerciais e críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Sobretaxa na importação

A nova taxa incide sobre uma gama de produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, o que pode afetar significativamente setores da economia nacional, especialmente o agronegócio, um dos principais pilares da balança comercial brasileira. Autoridades do governo federal ainda avaliam os possíveis impactos da medida, que pode comprometer a competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano.

Enquanto o governo brasileiro analisa as implicações econômicas e diplomáticas da decisão, a reação política dentro do país se intensifica. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, usou sua conta na rede X (antigo Twitter) para mobilizar seus seguidores. Em publicação feita na noite de quarta-feira (9), ele pediu que os internautas deixassem mensagens de agradecimento a Donald Trump, afirmando que o país deve avançar “rumo à lei Magnitsky”.

A lei Magnitsky, sancionada em 2012 nos Estados Unidos, permite que o governo americano imponha sanções a indivíduos estrangeiros acusados de corrupção e violações de direitos humanos. Entre as penalidades previstas estão o bloqueio de bens e contas bancárias nos EUA, além da proibição de entrada no país. A menção à legislação acirrou ainda mais o debate político, suscitando discussões sobre possíveis implicações diplomáticas e jurídicas.


Donald Trump comparece ao Tribunal de Manhattan, em 28 de maio de 2024 em Nova York (Foto: reprodução/Steven Hirsch-Pool/Getty Images Embed)


Contestação de tarifas

Diante da tensão gerada pelo anúncio das tarifas, parlamentares e analistas econômicos avaliam que o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a medida. No entanto, qualquer resposta oficial exigirá cautela para preservar as relações comerciais com os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do país.

O episódio amplia o embate ideológico entre forças políticas internas e destaca o impacto de decisões internacionais sobre a política doméstica brasileira. Com o cenário em transformação, autoridades e setores produtivos aguardam os próximos desdobramentos com atenção.