TJRS defende liberdade de expressão artística de Léo Lins

No dia 11 de julho, o TJRS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) decidiu a favor da proteção à liberdade de expressão artística, após considerar injustificável a Ação Civil Pública que o município de Novo Hamburgo–RS moveu contra a BTZ Produções Ltda. e Léo Lins.

O caso abordava o show de stand-up feito por Léo Lins, intitulado “Peste Branca”, focando na necessidade de manter a dignidade da pessoa humana, ao mesmo tempo, em que é garantido o direito constitucional de se manifestar livremente.

Novo Hamburgo contra Léo Lins

Houve uma tentativa de impedir que o evento agendado para o dia 31 de agosto de 2023 ocorresse, informando que no vídeo de divulgação do evento que aconteceria no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, havia piadas que humilhavam a cidade, além de seus moradores e autoridades.

Fora o cunho regional, o município disse que algumas piadas tinham cunho capacitista, gordofóbico e racista. A ação pedia também uma indenização por dano moral coletivo, no valor mínimo de R$ 500 mil.

Léo Lins e a produtora utilizaram o artigo 5º, IX, e o artigo 220 da Constituição Federal para falar a favor da proteção do exercício regular da liberdade de expressão artística. O julgamento da ADI 4451 — conhecida como “ADI do Humor” — pelo Supremo Tribunal Federal foi citado na defesa, por deter a censura prévia de manifestações humorísticas, por não serem compatíveis com os valores democráticos.

Justiça a favor do “humor”

Durante a sentença, foi reconhecido pelo juiz a perda do pedido de suspensão do show e que determinadas piadas fossem proibidas, visto que o show ocorreu sem problemas.

Quanto aos demais temas mencionados por Novo Hamburgo, foi enfatizado que a liberdade de expressão só pode ser limitada quando há uma infração evidente contra direitos fundamentais. O tribunal disse que o humor é diferente da violência simbólica e do discurso de ódio, por sua intenção crítica e falta de prejuízo direto.

A sentença relata que o município não provou que houve dano moral coletivo, e pela falta de comoção social negativa, como denúncias formais depois do evento e protestos, não é possível condenar judicialmente quando há somente “antipatia institucional por determinado conteúdo artístico”.


Justiça de São Paulo condena Léo Lins a 8 anos de prisão (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Léo Lins, condenado em São Paulo

Há um mês, uma ação contra Lins também foi movida, desta vez no estado de São Paulo, com um resultado diferente: a condenação de 8 anos e 3 meses de prisão em regime fechado, após um vídeo de uma de suas apresentações viralizar, onde diversos grupos sociais são discriminados, como negros, pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, indígenas, dentre outros.

A justiça do estado determinou que, além da prisão, Lins pague uma multa de R$ 1,4 milhão, fora uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.

Leo Lins responde Marcos Mion após comentário sobre condenação

Uma polêmica envolvendo o humorista Leo Lins e o apresentador Marcos Mion chamou atenção nesta quarta-feira (11). Leo Lins fez postagens nas redes sociais criticando Mion. Tudo começou quando o apresentador da Globo, que comanda o “Caldeirão”, foi duramente criticado por comentar o caso. Ao que tudo indica, ele teria se posicionado contra a condenação de Leo Lins, que recebeu uma pena de 8 anos e 3 meses de prisão por piadas feitas em um show em 2022, consideradas preconceituosas.

Antigos colegas de trabalho

Antes da polêmica, Marcos Mion havia elogiado Leo Lins, relembrando o tempo em que trabalharam juntos no antigo programa “Legendários”, da Record, em São Paulo. Apesar disso, ele destacou que não concordava com o tipo de humor usado nos shows de stand-up do comediante. Essa declaração fez Leo Lins reagir com críticas, negando que Mion tivesse o defendido e dizendo que ele cedeu à pressão: “Estão atacando o Marcos Mion, achando que ele me defendeu. Vim aqui esclarecer: Mion nunca esteve do meu lado. Ele defendeu a liberdade de expressão”.


Leo Lins e elenco do programa The Noite (Foto: reprodução/Instagram/@leolins)


Leo Lins continuou criticando Marcos Mion, afirmando que o apresentador cedeu à pressão da internet, o atacou publicamente e priorizou manter contratos com marcas. Apesar disso, reconheceu que Mion ao menos se posicionou, diferentemente de outros que se calaram. O humorista ainda ironizou: “Prefiro falar as merd*s que eu quero, do que ser um boneco de ventríloquo com uma empresa enfiando a mão no meu rabo”. Ele também afirmou nunca ter falado do filho de Mion e lembrou que os dois já haviam conversado em particular sobre ameaças que sua família recebeu na época.

Léo fala sobre mudança no discurso de Mion

O comediante relembrou conversas antigas com Marcos Mion, nas quais já havia demonstrado ser contra o ativismo que, segundo ele, age com pressão e agressividade. O humorista disse que não tinha intenção de se manifestar, mas decidiu responder após ser atacado repetidamente. Em tom crítico, afirmou: “Você era um cara de personalidade, mas virou um homem castrado, que abana o rabo e ganha biscoito de militância”. Lins ainda destacou que sempre teve uma boa relação com Mion no passado, mas se sentiu exposto pelas críticas públicas.

“Sobre eu gostar de infligir dor, espalhar o mal e ser um criminoso, digno de levar soco na rua… Realmente, nossa imagem pública é bem diferente. Minha imagem de vilão é por causa de piadas ácidas num palco e sua imagem de homem de família é graças a uma excelente assessoria de imprensa. Como você mesmo disse, não esqueça que já trabalhamos juntos”, finalizou o ex-The Noite (SBT).

Léo Lins foi condenado a 8 anos, 3 meses e 9 dias de prisão após a Justiça Federal investigar uma das apresentações de Stand-up do humorista onde ele fazia piadas sobre minorias.