Trump solicita novamente demissão de diretora do Fed na Justiça

O governo do presidente Donald Trump apresentou neste domingo (14), outro pedido de emergência a um tribunal de apelações dos Estados Unidos, solicitando autorização para a demissão de Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. A ação ocorre dias antes da próxima decisão de política monetária da instituição, marcada para quarta-feira (17), e reacende um debate sobre a independência do Fed frente às pressões políticas.

Em documentos apresentados no sábado (13), os advogados de Cook pediram que o tribunal rejeitasse a tentativa do governo de demiti-la, argumentando que não há razões legais ou fundamentadas para sua demissão. A defesa destacou que a saída da diretora poderia gerar instabilidade econômica, além de comprometer a credibilidade da autoridade monetária norte-americana.

Disputa judicial ganha força

Segundo a equipe jurídica de Cook, a iniciativa de Trump não respeita os limites institucionais do Fed, cuja independência é essencial para conduzir políticas financeiras e de juros de forma técnica, e os documentos dizem que remover uma dirigente do banco central sem motivo prejudica a governança do Fed, e também a estabilidade econômica do país.

A administração de Trump respondeu neste domingo, reiterando ao Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia que os argumentos apresentados por Cook carecem de embasamento legal. O governo sustenta que a diretora teria cometido irregularidades relacionadas a suposta fraude hipotecária, justificando a tentativa de afastamento.


Diretora do Fed Lisa Cook (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Impactos na estabilidade econômica

A disputa judicial volta a colocar em evidência a tensão entre a presidência e o Federal Reserve, organismo que historicamente busca manter autonomia frente ao Executivo, inclusive em períodos de pressão por cortes nos juros ou flexibilização de políticas monetárias. Especialistas apontam que qualquer alteração na direção do Fed pode gerar dúvidas no mercado financeiro, além de impactar decisões de investimento.

O caso de Lisa Cook será acompanhado por analistas econômicos e observadores políticos. Especialistas afirmam que a situação pode estabelecer precedentes importantes, na qual o foco está nos limites do poder presidencial sobre o Federal Reserve. A decisão do tribunal pode influenciar relações entre Executivo e autoridade monetária, e o desfecho também poderá impactar a estabilidade econômica e a confiança do mercado.

Trump demanda renúncia de diretora do Fed e aumenta a tensão sobre autonomia da instituição

A potencial estratégia de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, reacende um debate crítico sobre a independência do Federal Reserve (Fed), o banco central do país. A instituição, desenhada para operar de forma autônoma e tomar decisões de política monetária sem interferências políticas, tem se tornado um alvo constante de críticas por parte de Trump, que busca uma maior influência sobre suas decisões, especialmente no que se refere às taxas de juros.

Trump mira Lisa Cook em nova ofensiva para influenciar o Federal Reserve

A mais recente investida de Trump se direciona a Lisa Cook, uma das diretoras do Fed nomeadas por Joe Biden. Com base em alegações levantadas por Bill Pulte, um de seus aliados, sobre supostas irregularidades financeiras envolvendo Cook, Trump pediu publicamente sua renúncia. Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA), afirmou que Cook teria declarado duas residências como principais em diferentes empréstimos, uma prática que, se confirmada, poderia ter-lhe garantido condições de financiamento mais vantajosas. As acusações, que datam de 2021, antes de sua nomeação para o Fed, foram rapidamente endossadas por Trump em sua plataforma de mídia social.


A diretora é uma das três pessoas nomeadas por Biden cujos mandatos se estendem para além do mandato de Trump (Foto: reprodução/X/@ForbesBR)

A situação de Cook exemplifica um dos principais desafios de Trump para remodelar o Fed. A diretora é uma das três pessoas nomeadas por Biden cujos mandatos se estendem para além de um possível segundo mandato de Trump. Essa particularidade de mandatos longos dificulta os esforços do ex-presidente em preencher a maioria das sete cadeiras do concelho, um passo fundamental para consolidar seu controle. Atualmente, apenas dois dos seis membros restantes foram nomeados por ele: Christopher Waller e Michelle Bowman.

A Luta pelo Controle e o Futuro da Política Monetária

A crítica de Trump ao Fed não é recente. Ele tem se posicionado abertamente contra a postura do atual presidente da instituição, Jerome Powell, defendendo uma drástica redução das taxas de juros para estimular a economia. Embora reconheça as barreiras legais que o impedem de demitir membros do conselho por discordâncias políticas, a estratégia de Trump se concentra em nomear aliados para as vagas que surgem.

A vaga deixada pela recente renúncia de Adriana Kugler, por exemplo, já foi preenchida com a nomeação de Stephen Miran, um nome próximo a Trump. No entanto, o desafio maior é a presidência do Fed. O mandato de Powell se encerra em maio, e Trump poderá nomear um sucessor. Ainda que Powell pudesse, teoricamente, permanecer como diretor até 2028, a tradição sugere que ele não o faria. A luta pelo controle da diretoria, no entanto, pode levar mais tempo, uma vez que os mandatos dos diretores têm duração de 14 anos e não coincidem com os ciclos eleitorais.

Essa busca por influência no Fed levanta sérias preocupações sobre a neutralidade e a estabilidade da política monetária americana. A autonomia do banco central é vista por economistas como um pilar essencial para a credibilidade do dólar e para a condução de políticas que visam o controle da inflação e a manutenção do pleno emprego, sem ceder a pressões políticas de curto prazo. As ações de Trump, ao questionar publicamente a integridade de seus membros e pressionar por mudanças na taxa de juros, alimentam a incerteza e testam os limites de uma das instituições mais importantes dos Estados Unidos.