Casas Bahia registra salto de 20% após recuperação extrajudicial

A decisão das Casas Bahia de iniciar um processo de recuperação extrajudicial gerou um impacto positivo nos investidores da empresa, com as ações da varejista subindo impressionantes 20,4% após o anúncio da decisão feita pela empresa. Isso se deve muito ao alívio dos investidores ao verem a empresa focar em seu plano “transformacional”.

Analistas do Bradesco BBI destacaram que essa medida proporciona uma importante margem de manobra para os fluxos de caixa de curto e médio prazo da Casas Bahia, reduzindo os riscos de preocupações com liquidez. A possibilidade de alongamento da amortização da dívida, com carências para pagamento de juros e principal, oferece à administração da empresa a chance de concentrar esforços na execução de seu plano estratégico sem distrações de resgates significativos de caixa.

Dividas chegam a casa dos bilhões

O pedido de recuperação extrajudicial da Casas Bahia envolve cerca de 4,1 bilhões de reais em dívidas, com a estratégia de “reperfilamento” visando preservar aproximadamente 4,3 bilhões de reais no caixa da empresa nos próximos quatro anos. Além disso, a duração média da dívida será significativamente estendida, contribuindo para a estabilidade financeira da empresa a médio prazo.


Loja da Casas Bahia  (Foto: reprodução/Bloomberg/Bloomberg/Getty Images Embed)


Embora a notícia seja bem recebida em termos de fluxo de caixa, analistas do Safra observaram que o pagamento total de juros aumentará substancialmente, o que pode impactar o fluxo de caixa futuro. No entanto, a administração terá espaço e tempo para concentrar esforços em sua reestruturação, inclusive considerando o lançamento previsto de um FIDC para ampliar as vendas através de crédito facilitado aos clientes.

Plano deve ser homologado nos próximos 40 dias

O presidente-executivo da Casas Bahia, Renato Franklin, expressou confiança de que o plano será homologado em até 40 dias, dada a forte adesão dos credores. Com um alívio adicional no fluxo de caixa garantido pelos próximos quatro anos, a empresa está posicionada para antecipar a execução de elementos cruciais de seu plano de transformação.

Embora a estratégia de redefinição do perfil da dívida tenha sido bem recebida pelos analistas, há ainda expectativas por melhorias operacionais claras para fortalecer a capacidade da Casas Bahia de cumprir todo o serviço da dívida e gerar valor para os acionistas.

Justiça homologa pedido de recuperação judicial da Americanas

Depois do escândalo que ameaçou encerrar suas operações, a 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro homologou na última segunda-feira o plano de recuperação judicial do grupo. O anúncio foi feito pela empresa.

Durante o anúncio, a companhia acrescentou que “divulgará comunicados aos credores e ao mercado a respeito dos prazos a serem iniciados com a publicação da decisão judicial que homologou o PRJ”.


Empresa sempre teve foco na variedade de produtos (reprodução/Facebook/@lojasamericanas)

A varejista entrou com pedido de recuperação judicial no início do ano passado após a descoberta de um rombo contábil de 20 bilhões de reais, em um dos maiores escândalos corporativos da história do Brasil.

Prejuízo liquido passa de 4 bilhões

A empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 4,61 bilhões durante os três primeiros trimestres de 2023. Isso ocorreu após um prejuízo revisado de R$ 6,03 bilhões no ano anterior.

Em dezembro do ano passado, a empresa obteve dos credores a aprovação para um plano de reestruturação que incluía uma série de desinvestimentos, bem como uma troca de dívida por capital e uma injeção de dinheiro que poderia chegar a 12 bilhões de reais. Esse dinheiro chegaria principalmente através do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que vêm investindo na recuperação da empresa.

Atualmente, a dívida bruta da empresa se mantém praticamente estável no valor de R$ 38,37 bilhões. Mesmo sendo um valor alto, isso mostra que a empresa vem contendo seus gastos, o que é uma amostra importante do compromisso da empresa neste momento de recuperação.

Recuperação esperada ate 2025

Agora, a empresa entra em um momento em que o plano de recuperação começa a finalmente mostrar mudanças efetivas na companhia. A Americanas espera uma recuperação até o ano de 2025, o que é um número otimista, porém ainda realista, desde que as medidas corretas sejam tomadas.