ONU e Brasil apuram invasão de manifestantes durante a COP30

O governo brasileiro e a ONU (Organização das Nações Unidas) abriram uma investigação para apurar a invasão de manifestantes na COP30, em Belém, nesta terça-feira (11). O grupo de manifestantes portavam cassetetes na tentativa de invadir área restrita do evento e entraram em confronto físico com a equipe de segurança do local.

De acordo com um porta-voz da UNFCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) à CNN, o ocorrido está sendo investigado pelas autoridades brasileiras e da ONU, mas o local permanece seguro e as negociações da COP30 continuam em andamento.

Manifestação na Zona Azul

A tentativa de invasão do grupo de manifestantes ocorreu na Zona Azul, uma área fechada ao público e destinada exclusivamente a delegações oficiais, chefes de Estado, observadores e imprensa credenciada, sendo um espaço de negociação. O protesto ocorreu por volta das 19h20 e houve confronto físico entre os manifestantes e a segurança local.

Dois seguranças tiveram ferimentos leves e foram levados para a área médica da COP. A saída foi bloqueada para pessoas que estavam credenciadas para a Zona Azul e a estrutura do local foi levemente danificada durante a manifestação.


Vídeo mostra momento em que manifestantes tentam invadir a área restrita (Mídia: reprodução/Instagram/@portalg1)


Reação da ONU e do governo brasileiro

Segundo a UNFCC, “autoridades do governo brasileiro e da ONU estão investigando o incidente e o local está seguro e as negociações da COP continuam”. O porta-voz afirmou que foram tomadas medidas de proteção que buscam garantir a segurança do local, de acordo com os protocolos de segurança estabelecidos, após o ocorrido.

Já o secretário extraordinário da COP, Valter Correia, declarou que a organização do evento estava tomando as devidas providências acerca da manifestação, completando que a ONU tem todos os protocolos de seguranças.

A segurança da Zona Azul é realizada por agentes contratados pela própria ONU, que depois pediram reforços a agentes do Estado e bombeiros civis. Depois da confusão, o local foi evacuado, mas ainda não há informações acerca da identificação dos protestantes, nem sobre possíveis detenções que ocorreram no momento ou depois da tentativa de invasão.

ONU denuncia abuso de força e detenções arbitrárias na Venezuela pós-eleições

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, expressou preocupação com o aumento de detenções arbitrárias e o uso desproporcional da força na Venezuela desde as eleições presidenciais realizadas em 28 de julho. De acordo com Türk, essas ações têm contribuído para um clima de medo no país, onde mais de 2,4 mil pessoas foram presas após o anúncio da reeleição de Nicolás Maduro.

Mortes e Prisões Marcam Resposta do Governo

Conforme relatado pela ONU, muitas dessas detenções envolvem acusações de incitação ao ódio ou violação da legislação antiterrorismo. Além disso, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou que pelo menos 25 pessoas morreram e 192 ficaram feridas em protestos que eclodiram após a divulgação dos resultados eleitorais. A repressão violenta foi amplamente criticada por organizações de direitos humanos, que veem nas ações do governo uma tentativa de silenciar a oposição.

Os protestos ocorreram em diversas cidades venezuelanas, incluindo Caracas, e envolveram tanto bairros pobres quanto áreas tradicionalmente chavistas. A oposição, liderada por figuras como Edmundo González Urrutia, contesta a legitimidade da vitória de Maduro, alegando fraude eleitoral. O Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais presentes, afirmou que as eleições não atenderam aos padrões de imparcialidade democrática.


Policial joga bomba de gás lacrimogêneo contra manifestantes na Venezuela (Yuri CORTEZ/AFP)

ONU e TPI Mantêm Pressão Internacional

A situação na Venezuela atraiu a atenção não só da ONU, mas também do Tribunal Penal Internacional (TPI). Karim Khan, procurador-geral do TPI, confirmou que seu escritório recebeu diversos relatos de violência contra manifestantes. Khan afirmou que está monitorando de perto os eventos no país e poderá abrir investigações se houver evidências suficientes de crimes contra a humanidade.

Volker Türk pediu a libertação imediata de todos os detidos de forma arbitrária e a garantia de julgamentos justos para os acusados. Ele destacou que o uso desproporcional da força e ataques a manifestantes, especialmente por apoiadores armados do governo, não devem ser tolerados. Além disso, Türk expressou preocupações sobre possíveis novas legislações que poderiam restringir ainda mais o espaço cívico e democrático na Venezuela.

Apesar das pressões internacionais, o governo de Maduro continua a descrever os protestos da oposição como atos de terrorismo. Tarek William Saab, em declarações recentes, comparou a situação no país à guerra na Ucrânia, acusando os Estados Unidos de financiarem uma tentativa de golpe contra um governo legitimamente eleito. A retórica agressiva do governo indica que, por enquanto, pouco deve mudar na abordagem adotada para lidar com a oposição interna.

Venezuela: familiares exigem a libertação de manifestantes presos

No último sábado (03), Maduro informou que 2 mil manifestantes foram presos durante os protestos. Pelo menos 20 pessoas foram mortas, de acordo com Human Rights Watch, sediada nos EUA. A ONG Foro Penal, a qual está coletando relatos de famílias, registrou 1.010 detidos na manhã desta segunda-feira (05), sendo 91 menores.

Desde a semana passada, algumas famílias estão acampadas de fora dos presídios. Após a autoridade eleitoral declarar Nicolás Maduro vencedor da eleição presidencial, a oposição inconformada tomou conta das ruas de Caracas, iniciando os protestos. Os manifestantes acusam de fraude eleitoral o governo de Nicolás Maduro.

A repressão aos protestos foi enorme

As forças de defesa da Venezuela reprimiram com vigor os protestos. De acordo com o governo venezuelano, os atos fazem parte de uma tentativa de golpe apoiada pelos EUA.


Oposição venezuelana fazendo grafite em manifestação (Foto: reprodução/Juan Barreto/AFP/Getty Images embed)


As forças de segurança estão trabalhando intensamente para prender manifestantes. Muitos deles não possuem advogado e são menores de idade. Muitos são acusados de terrorismo em algumas situações.

Familiares exigem justiça

A Reuters divulgou o depoimento da mãe de um homem detido. Rossana Avilei disse que vem lutando por justiça não só para seu filho, mas também para vários detentos. Ela argumenta que eles não cometeram os crimes pelos quais estão sendo acusados, eles não são guerrilheiros, nem criminosos e nem terroristas. Muitos jovens estão desaparecidos desde os protestos, de acordo com Avilei.

“Depois de seis dias de repressão brutal, acreditaram que iam nos calar, parar ou atemorizar. Vejam a resposta. Hoje, a presença de cada cidadão nas ruas da Venezuela demonstra a magnitude da força cívica que temos e a determinação de chegar até o final.”

María Corina Machado

María Corina Machado, a líder da oposição acusou o governo de Maduro de “reprimir brutalmente aqueles que contestam o resultado das eleições. E disse que os protestos na rua são uma resposta contra o governo.”

No meio de todo esse caos, os governos dos EUA e de muitos países têm dúvidas sobre os resultados que apontaram a vitória de Maduro sobre o Edmundo Gonzáles.