Mais de 150 países receberão cartas tarifárias de Trump

Nesta quarta-feira (16), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse a repórteres na Casa Branca que enviará cartas tarifárias para mais de 150 países. Será enviado um aviso de pagamento, no qual constará a tarifa a ser cobrado.

Segundo o presidente, as tarifas serão iguais para “esse grupo” que, segundo ele, são países pequenos e que não comercializam muito.

Cartas tarifárias de Trump

O governo do presidente dos Estados Unidos encaminhou nos últimos dias inúmeras exigências tarifárias, notificando países sobre as novas tarifas que iniciarão a partir de 1º de agosto, caso não haja negociação com os EUA.

As cartas tinham previsão de serem entregues até 9 de julho, mas o prazo foi estendido por mais três semanas. Com o avanço da agenda comercial imprevisível e apertada, os parceiros comerciais dos Estados Unidos correm para evitar impostos de importação ainda mais elevados.

A decisão de Donald Trump quanto às cartas tarifárias fere as normas básicas das relações internacionais, segundo Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. O país falou a favor do Brasil e contra as altas tarifas impostas, e pretendem levar a guerra tarifária dos EUA para o Conselho de Segurança da ONU.


China levará a guerra tarifária de Trump para a ONU (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

“Acordo” com os Estados Unidos

Inúmeros acordos estavam previstos na ideia inicial que o presidente e seus assessores tiveram com o envio das cartas. Todavia, agora o que Donald promove é que as próprias cartas são os acordos, dando a entender que negociações não seriam aceitas.

Mesmo com a impressão que deixou para os países, Trump indicou que as portas estariam abertas para negociações e acordos que possam reduzir as tarifas.

As tarifas impostas são as mesmas de abril, que em seguida foram retiradas devido o mercado instável. A decisão do presidente piorou a incerteza que cerca o mercado financeiro, além de ter surpreendido parceiros do país, como a União Europeia.

China chama tarifaço dos Estados Unidos de intimidação contra o Brasil

Em uma coletiva de imprensa que ocorreu nesta sexta-feira (11), o Ministério de Relações Exteriores da China criticou a tarifa de importação anunciada pelos Estados Unidos contra o Brasil, de 50% sobre produtos brasileiros.

Mao Ning, a porta-voz do ministério, disse que alguns dos princípios mais relevantes da Carta das Nações Unidas e das normas básicas nas relações internacionais, é a igualdade entre as soberanias, e não interferir em assuntos internos.

Sobre o que acha das tarifas que Donald Trump impôs sobre o Brasil, Ning comentou que tarifas não devem ser utilizadas como uma forma de coagir, intimidar ou interferir em qualquer país que seja. A porta-voz afirmou que a posição da China sobre as tarifas é clara: quando há uma guerra comercial ou tarifária, não há vencedores, uma vez que o protecionismo prejudica o interesse de todos os envolvidos.


Mao Ning se opõe às tarifas de Trump durante coletiva de imprensa (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

Estados Unidos contra o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encaminhou uma carta na última quarta-feira (9) para o presidente Lula, onde relata que irá impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações que forem realizadas do Brasil para os Estados Unidos a partir de 1 de agosto.

No documento, é citado por Trump que o motivo de sua decisão é o “tratamento” que o ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro “estaria recebendo”. Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado enquanto presidiava o Brasil, e encontra-se bem, em sua casa, estando participando de manifestações a seu favor.

Brasil soberano

No mesmo dia em que recebeu a notícia do presidente dos EUA, Lula defendeu a soberania brasileira, e respondeu que a elevação de tarifas unilateral será rebatida conforme a Lei da Reciprocidade Econômica.

No dia seguinte, o presidente contou que uma reclamação oficial à Organização Mundial do Comércio (OMC) será realizada pelo governo federal, em uma tentativa de reverter as tarias.

A Agência Brasil conversou com especialistas, os quais falaram o mesmo que Mao Ning: as tarifas impostas por Trump são uma forma de pressão e chantagem política, e até mesmo uma possível resposta ao BRICS, que teve a última reunião no Rio de Janeiro, e que o presidente já havia ameaçado taxar em 10% quem se alinhasse a ele.