Maduro reage às operações secretas da CIA na Venezuela autorizadas por Trump

O presidente venezuelano Nicolás Maduro, nesta quarta-feira (15), criticou as operações secretas da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), autorizadas pelo presidente estadunidense, Donald Trump, no país sul-americano. Mais cedo, durante entrevista coletiva, Trump declarou que a agência realiza ações na Venezuela a fim de combater o crescimento do crime organizado no país e na América Latina.

Maduro classificou as medidas adotadas por Trump como um “golpe de Estado” e “guerra psicológica” e, na manhã desta quinta-feira (16), horário de Brasília, realizou várias publicações relacionadas à força militar venezuelana e ao carisma do povo de seu país. Declarando que a Venezuela é uma nação de “gente decente, honesta, trabalhadora, solidária e humana”.

Críticas a Trump e a opositores

Logo após a confirmação de Donald Trump sobre as ações da CIA no país sul-americano, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela emitiu um comunicado oficial através de suas redes sociais, classificando como “belicosas e extravagantes” as declarações do governo dos EUA. A nota ressalta, ainda, que Trump viola gravemente o Direito Internacional e a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU), ao realizar investidas contra a Venezuela.


Publicação do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela sobre ações da CIA no país (Foto: reprodução/Instagram/@cancilleria_ve)

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, seguiu na mesma linha de seu líder, Nicolás Maduro. Sem citar diretamente o governo estadunidense, Rodríguez enfatizou que os venezuelanos carregam a herança de Simón Bolívar e defenderão a Venezuela sob qualquer circunstância. Por isso, alertou: “que nenhum agressor ouse” atentar contra o seu país.

Ataques letais

Desde o início de setembro (2025) o governo dos EUA tem realizado ataques no mar do Caribe contra embarcações, supostamente envolvidas com o narcotráfico na região. Segundo informações, estas investidas resultaram em 27 mortos até o momento. O último ataque letal ocorreu na terça-feira (14), matando seis pessoas. A ação foi autorizada pela Casa Branca, a qual, em suas redes sociais, classificou como “ataque cinético letal contra uma embarcação afiliada a uma Organização Terrorista”.



Além de autoridades venezuelanas, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também está apreensivo com a escalada das ações estadunidenses no país vizinho. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (15), Petro declarou que, caso a CIA conduza operações em território venezuelano e haja ataque militar, estas investidas podem “respingar” em seu país. Contudo, mesmo diante deste cenário, por se tratar de operações secretas por parte da inteligência dos EUA, Donald Trump não detalhou o que pode advir destas ações e se Nicolás Maduro é um alvo a ser eliminado pela agência.

 

Países sul-americanos declaram apoio aos EUA em conflito contra a Venezuela por narcotráfico

Nos últimos dias, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, intensificou as publicações em suas redes sociais com informações sobre o conflito envolvendo o governo Trump e a Venezuela. Algumas das postagens referem-se ao apoio de países sul-americanos a Donald Trump na guerra contra o narcotráfico na região. Argentina, Equador, Paraguai não só apoiaram a ofensiva estadunidense contra o governo venezuelano, como também classificaram o Cartel de Los Soles como organização terrorista.

Apoio aos Estados Unidos 

Em meados de agosto, o presidente do Equador, Daniel Noboa, emitiu um decreto que classificou o Cartel de Los Soles como um “grupo terrorista do crime organizado”, autorizando seu serviço de inteligência a mapear conexões com quadrilhas locais.  Poucos dias depois, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, assinou um decreto similar, referindo-se ao grupo como uma “organização terrorista internacional” e reforçando o compromisso do país em combater o crime transnacional. 


Carta do presidente do Paraguai, Santiago Peña, contra o Cartel de Los Soles (Foto: reprodução/X/@PresidenciaPy)

Na sequência, na última terça-feira (26), o presidente argentino Javier Milei, também, declarou o Cartel de Los Soles como organização terrorista, inserindo a organização no Registro Público de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo e seu Financiamento (RePET). O governo de Milei justificou a decisão com base em relatórios oficiais argentinos. Além de vincular o Cartel a outras redes criminosas regionais, apontou, também, o envolvimento do grupo com narcotráfico, contrabando e exploração ilegal de recursos naturais.


Publicação do Ministério de Segurança Nacional argentino sobre o Cartel de Los Soles (Foto: reprodução/X/@MinSeguridad_Ar)

Manifestações diversas

A escalada da tensão entre os EUA e o governo de Nicolás Maduro ganhou fortes contornos nas últimas semanas, com Washington intensificando sua presença militar no mar do Caribe. A declaração formal, chamando o Cartel de los Soles como organização terrorista internacional, veio acompanhada de sanções econômicas, confisco de bens e, principalmente, do envio de navios de guerra e milhares de soldados estadunidenses para patrulhar a região.


Declaração do secretário de Estado Marco Rubio, ao lado do presidente Donald Trump, sobre combate ao narcotráfico (Vídeo: reprodução/X/@RapidResponse47)

Contudo, o ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello, qualificou tudo como invenção, reiterando que o Cartel seria apenas uma narrativa forjada pelos adversários do país. No entanto, a oposição venezuelana, representada por María Corina Machado, comemorou o apoio dado aos EUA por países sul-americanos, acrescentando que esses movimentos são passos importantes para desmantelar o “sistema” que Nicolás Maduro teria formado.

A Guiana, por sua vez, emitiu uma nota expressando “profunda preocupação” com o narco terrorismo e com o papel que redes como o Cartel venezuelano de Los Soles teriam nesse contexto, ressaltando a necessidade de cooperação internacional para enfrentar essa ameaça. Em contrapartida, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que “o Cartel de Los Soles não existe; é uma desculpa fictícia usada pela extrema-direita para derrubar governos que não a obedecem”, mantendo uma posição crítica contra as ações dos EUA e seus aliados na região.