Nos últimos anos, a Major League Soccer (MLS) consolidou-se como destino atrativo para grandes nomes do futebol europeu, especialmente após a chegada de Lionel Messi ao Inter Miami. Porém, a hegemonia da liga estadunidense passou a ser desafiada por um vizinho direto: a Liga MX. O campeonato mexicano tem movimentado o mercado de transferências de maneira agressiva e, nesta temporada, trouxe jogadores de renome, como Anthony Martial e Allan Saint-Maximin, para rivalizar com as estrelas que desembarcaram nos Estados Unidos.
Enquanto a MLS se orgulha das recentes contratações de Thomas Müller, Heung-Min Son e Rodrigo De Paul, a Liga MX responde com atletas de currículo igualmente impressionante, como James Rodríguez, Sergio Ramos, Aaron Ramsey, Keylor Navas, Ángel Correa e os já citados Martial e Saint-Maximin. A disputa, que antes parecia desequilibrada, agora se mostra cada vez mais acirrada.
Duas estratégias, um mesmo objetivo
Apesar de compartilharem a meta de se firmar como destino preferido de craques internacionais, as duas ligas adotam modelos distintos para convencer seus alvos. A MLS tem se mostrado disposta a investir alto em transferências, como o caso do Inter Miami, que desembolsou 15 milhões de euros (cerca de R$ 94 milhões) para tirar Rodrigo De Paul do Atlético de Madrid. Essa política reflete uma visão de médio e longo prazo, buscando não apenas veteranos consagrados, mas também atletas em fase competitiva.
Já a Liga MX aposta no poder dos salários elevados. Os clubes mexicanos historicamente oferecem remunerações generosas, capazes de convencer jogadores que poderiam optar por ligas de maior visibilidade. O Monterrey é exemplo claro dessa estratégia: além de contratar Martial, montou um elenco com nomes de bom histórico em seleções, como Sergio Canales, Oliver Torres e Lucas Ocampos, somados ao peso de Sergio Ramos.
Essa abordagem cria um ambiente de rivalidade saudável, em que tanto Estados Unidos quanto México buscam elevar o nível de seus torneios, não apenas no campo esportivo, mas também no quesito marketing e visibilidade internacional.
Valores de mercado reforçam disputa
A diferença entre os campeonatos também aparece nos números. Segundo o site Transfermarkt, a MLS tem valor de mercado estimado em 1,6 bilhão de dólares (R$ 8,5 bilhões). Já a Liga MX é avaliada em 1,02 bilhão de dólares (R$ 5,46 bilhões).
O crescimento da MLS está ligado à política de contratar jovens sul-americanos. Atletas de Argentina, Uruguai e Brasil encontram nos Estados Unidos uma vitrine importante. Muitos seguem para a Europa em seguida, gerando retorno esportivo e financeiro. Essa estratégia valoriza os elencos e aumenta a cotação geral da liga.
O México prefere apostar na experiência. A chegada de veteranos renomados eleva o interesse local e fortalece a competição em termos técnicos. Porém, o impacto direto no valor de mercado é menor. Mesmo assim, a Liga MX continua sólida financeira e tradicionalmente competitiva nas disputas continentais.
Sergio Ramos, considerado um dos melhores zagueiros do futebol europeu, atualmente joga na Liga Mexicana (Foto: reprodução/Instagram/@sergioramos)
Rivalidade que beneficia o futebol continental
Os diferentes modelos de gestão criaram um duelo que beneficia o futebol da região. O aumento da qualidade dos elencos atrai torcedores de todo o mundo. As transmissões ganham audiência, e os clubes se tornam mais visíveis no mercado internacional. Além disso, os jovens jogadores locais se desenvolvem em ambientes mais desafiadores. Jogar ao lado de ídolos mundiais contribui para elevar o nível técnico das competições.
A médio prazo, tanto México quanto Estados Unidos podem transformar suas ligas em alternativas consistentes às potências europeias. A presença de craques como Messi, Ramos, Müller e Son prova que o mercado americano já não é visto apenas como destino de aposentadoria. Messi segue como divisor de águas para a MLS. Martial, Ramos e outros dão ao México o papel de desafiante à altura. A batalha apenas começou. O futebol das Américas, por sua vez, agradece: mais visibilidade, mais equilíbrio e mais espetáculo para os torcedores.
