Germanier traz o crochê brasileiro para a Alta Costura

A Semana de Alta Costura de Paris sempre surpreende com criações exuberantes e inovações técnicas, e a edição de primavera/verão 2025 não foi diferente. O estilista suíço Kevin Germanier encerrou o evento com um desfile vibrante, repleto de cores e texturas únicas. No centro desse espetáculo estava a colaboração com o brasileiro Gustavo Silvestre, que trouxe sua expertise em crochê para dar um toque artesanal e sofisticado às peças apresentadas.


Germanier Alta Costura 2025 (Foto: reprodução/Francois Durand/Getty Images Embed)


Quem é Kevin Germanier? 

Formado pela Universidade de Arte e Design de Genebra e pela Central Saint Martins, Kevin Germanier tem se destacado no mundo da moda por sua abordagem inovadora, unindo glamour e sustentabilidade. Antes de lançar sua própria marca em 2018, ele acumulou experiência colaborando com grandes nomes da indústria, como Shanghai Tang, na China, e Louis Vuitton, em Paris. Seu trabalho se diferencia pelo uso criativo de tecidos reaproveitados, além de pérolas e strass, resultando em peças marcantes que conquistaram celebridades como Kristen Stewart e Björk.

O Crochê como expressão de Alta Costura

Gustavo Silvestre já vinha colaborando com Germanier em coleções de prêt-à-porter, mas esta foi a primeira vez que sua arte manual entra oficialmente no universo da alta-costura. O crochê, muitas vezes associado a um estilo clássico e tradicional, foi reinterpretado pelo designer brasileiro de forma contemporânea, com um olhar ousado e inovador. Cada peça demandou horas de trabalho minucioso, reforçando o valor da exclusividade e do feito à mão, pilares essenciais da alta-costura.


Germanier Alta Costura 2025 (Foto: reprodução/Francois Durand/Getty Images Embed)


A coleção apresentou vestidos curtos e justos adornados com bordados coloridos e miçangas, criando um efeito visual impactante. Entre os destaques, estavam peças com volumes estratégicos e uma paleta cromática vibrante, resultado da fusão entre a estética maximalista de Germanier e a precisão artesanal de Silvestre. O estilista suíço enfatizou o uso de materiais sustentáveis, incluindo roupas de segunda mão e sobras de oficinas de diversos países, como Brasil e Índia.

Uma ressignificação sobre um tipo de trabalho ancestral e manuel, por meio de técnicas que resultam em peças singulares que representam a moda brasileira em território parisiense. 

Projeto Ponto Firme como transformação social

A colaboração entre Silvestre e Germanier não se limita ao universo da moda; ela carrega um forte impacto social. No Brasil, as peças desenvolvidas para o desfile demandaram mais de 640 horas de trabalho e contaram com a participação de dez artesãs do Projeto Ponto Firme. Criado por Silvestre em 2015 dentro de uma penitenciária masculina, o projeto expandiu-se em 2020 com o Ateliê Ponto Firme, oferecendo capacitação e oportunidades para mulheres trans e cis em situação de vulnerabilidade.


Germanier Alta Costura 2025 (Foto: reprodução/Francois Durand/Getty Images Embed)


“Essa coleção é uma celebração da moda como arte e transformação. No Ateliê Ponto Firme, aqui em São Paulo, temos explorado novas possibilidades para o crochê, utilizando materiais inovadores e volumes impactantes. É gratificante ver como uma técnica ancestral pode ser ressignificada na alta-costura, mostrando o potencial ilimitado do trabalho manual”, afirmou Silvestre em entrevista.

A parceria entre os designers reafirma o crochê como uma expressão sofisticada dentro da moda contemporânea. Mais do que um simples detalhe artesanal, ele se consolida como uma técnica poderosa, capaz de unir tradição, inovação e impacto social. Com essa colaboração, Gustavo Silvestre e Kevin Germanier provaram que a moda pode ser ao mesmo tempo artística, sustentável e inclusiva, redefinindo os conceitos de luxo e criatividade na alta-costura global.

Patricia Bonaldi e Camila Coelho lançam collab de moda praia

Na última quarta-feira (13), sob o céu vibrante de Miami, Patricia Bonaldi e Camila Coelho trouxeram à vida uma coleção que desafia o conceito de resortwear brasileiro. No lançamento de sua primeira colaboração, Patricia, conhecida pela ousadia da PatBO, e Camila, que personifica um estilo contemporâneo e global, transformaram o evento em um espetáculo de moda.

Proposta da coleção

As peças reveladas unem recortes marcantes, tecidos leves e cores que evocam o calor e a energia do Brasil. Essa linha, criada para mulheres que se destacam, exala sensualidade e poder, desenhando um retrato de elegância tropical com atitude.

A colaboração entre Patricia Bonaldi e Camila Coelho não só impressiona pelo design, mas também pela seleção de tecidos que elevam o conforto a um novo nível. A coleção é marcada pela utilização de materiais exclusivos como o Dune Jersey e o Jersey Sands, que garantem leveza e fluidez. Mas o verdadeiro destaque fica para a Tela White Gold, uma criação única que combina sofisticação e brilho sutil, trazendo um toque de glamour sem perder a praticidade. Cada tecido foi pensado para abraçar o corpo com delicadeza, oferecendo uma sensação de bem-estar.


Nova coleção entre Camila Coelho e Patricia Bolnaldi (Foto: reprodução/Instagram/@camilacoelho)

A paleta de cores da coleção transita entre champanhe e o clássico branco, trazendo a serenidade das praias e o frescor das ondas. Pensada para capturar o espírito das celebrações à beira-mar, a linha traz um toque sutil de brilho, refletindo a atmosfera leve e festiva dos momentos de fim de ano.

Cada peça da coleção foi cuidadosamente pensada para realçar a feminilidade com um toque de sofisticação única. Detalhes como decotes em corselete e modelagens que abraçam a silhueta são uma clara homenagem aos icônicos vestidos de praia da PatBO. O verdadeiro diferencial está na combinação de texturas inovadoramente, criando um visual contemporâneo e elegante. Além disso, a coleção conta com peças que ousam ao deixar a pele à mostra.

Relato de Camila e Patricia sobre a coleção

Patricia Bonaldi, criadora e diretora da PatBO, falou sobre a colaboração com Camila Coelho, destacando a fusão entre o design brasileiro e a visão global da influenciadora. Juntas, conseguiram criar uma coleção que exalta a energia única do Brasil. Camila, por sua vez, enfatizou que a coleção é uma verdadeira homenagem à cultura brasileira, expressando a paixão delas pela moda e suas raízes. Ela também compartilhou sua empolgação em ver as peças brilhando nas celebrações de fim de ano.


Nova coleção entre Camila Coelho e Patricia Bolnaldi (Foto: reprodução/Instagram/@camilacoelho)

A coleção, lançada para marcar o auge das festividades de fim de ano, oferece uma proposta refinada e atual, ideal para quem deseja peças glamourosas e sofisticadas. Com um brilho delicado, a colaboração entre PatBO e Camila Coelho é um passo importante para expandir a influência da moda brasileira internacionalmente, levando o design nacional a novos públicos e consolidando sua presença global.

Projetos de moda brasileira são premiados na nova edição do Cannes Lion

Na edição atual do Cannes Lion, o principal festival global de criatividade, a moda brasileira continua a se destacar com sua inovação e criatividade. Este ano, dois projetos de moda criados por brasileiros receberam reconhecimento especial: “Respeita meu Capelo” e a bolsa antirracista foram premiados por sua originalidade e impacto.

”Respeita meu Capelo’

O projeto foi idealizado pela Vult, tendo Gucci e a grife Dendezeiro de Hisan Silva e Pedro Batalha, participando do planejamento, deixando sua marca no Cannes Lions deste ano ao conquistar um Leão de Prata, além de um bronze na categoria Brand Exp & Activation. Este inovador projeto criou quatro modelos de capelos que celebram a diversidade dos cabelos, oferecendo opções para cabelos black, afro, cacheados e até para quem prefere usar turbantes.


Um dos designs do projeto Respeita meu Capelo (Foto: reprodução/Vogue)

Em entrevista para a Vogue, Hisan comentou sobre o novo projeto: Esse projeto chegou em nossas mãos no ano passado já em uma forma super emocionante. É um retrato da potência que a moda tem, e do que ela consegue fazer. Ela vai além do vestirSe o capelo existe há tanto tempo nas universidades, e é um item de vestimenta que não cabia em todas as pessoas, é porque aquele espaço não era pensado para todos. Esse projeto não foi feito apenas para que as pessoas consigam entrar nas faculdades e, sim, que elas consigam concluir os cursos e se sintam pertencentes,” refletiu Hisan.

Com o conceito de open source, permitindo que as medidas das criações estejam disponíveis para download no site da marca de cosméticos. Isso possibilita que o público em geral, e até outras marcas, possam fabricar os capelos, expandindo assim a presença dessas peças em formaturas ao redor do mundo, tornando essa iniciativa cada vez mais acessível e disseminada.

Bolsa antirracista

O projeto bolsa antirracista, também foi destaque e ganhou vários elogios. Desenvolvida pela agência Grey em colaboração com a Universidade Zumbi dos Palmares, como parte do programa Racismo Zero. O reconhecimento veio na forma de um Leão de Prata na categoria Luxury & Lifestyle, que fez sua estreia marcante no festival deste ano. A bolsa, criada sob a direção dos talentosos estilistas Naya Violeta e Felipe Borges, não só capturou os olhares pelo seu design exuberante, mas também pelo impacto cultural e social que representa.


Detalhes da bolsa antirracista (Foto: reprodução/Vogue)

“As pessoas pretas, principalmente mulheres, são humilhadas em lojas diariamente, tendo que abrir suas bolsas, sendo revistadas sob acusações de furto, muitas vezes falsas. A ideia da bolsa antirracista surgiu para que, quando a bolsa for revistada por seguranças, fosse possível encontrar um texto e QR Code para fazer a denúncia Lei 14.532/2023, que prevê 2 a 5 anos de prisão e multa para quem cometer crimes de racismo ou injúria racial.”

Foi o que explicou o publicitário George Benson, que trabalhou no desenvolvimento de influência e repercussão do projeto.