Mônica Anjos exalta candomblé em desfile ancestral na Casa de Criadores

Com a coleção “Ode Kaiodè”, a estilista baiana transformou a passarela em um espaço de reverência, espiritualidade e afirmação cultural. Na mais recente edição da Casa de Criadores, a estilista Mônica Anjos apresentou uma coleção que vai além da moda, é um tributo vivo à ancestralidade e à espiritualidade afro-brasileira. Intitulada “Ode Kaiodè”, a coleção homenageia Oxóssi, orixá da caça, das florestas e do conhecimento, e se conecta profundamente às tradições do candomblé baiano. A apresentação destacou elementos associados ao orixá como arcos, flechas, caçadores e simbologias de força em uma passarela marcada por performance, resistência e poesia visual.

Um desfile marcado por história e técnica

A coleção também reverencia nomes fundamentais da cultura afro-brasileira, como a sacerdotisa e escritora Mãe Stella de Oxóssi e o multiartista Agamenon de Abreu. As roupas ganham forma por meio de uma rica variedade de técnicas artesanais do tricô à palha, passando por bordados manuais que reforçam o caráter único e autoral das peças. Vestidos fluem ao lado de alfaiatarias em linho cru, com pregas e shapes balonê que evocam a natureza, as matas e as águas. Tecidos trazem ainda referências às ondas do mar, conectando os elementos naturais aos fundamentos espirituais do candomblé.

Mais do que uma coleção, “Ode Kaiodè” é uma manifestação cultural que reafirma a moda como linguagem política, identitária e sensível. Nas mãos de Mônica Anjos, a passarela se torna território sagrado, um espaço onde o passado ecoa, o presente se afirma e o futuro se reconstrói com raízes profundas.


Desfile de Mônica Anjos na Casa de Criadores (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)


Estética como ferramenta de resistência

A potência estética do desfile de Mônica Anjos também se refletiu na escolha do casting e na forma como os corpos foram apresentados na passarela. Modelos negros desfilaram com orgulho e presença, reforçando a importância da representatividade no centro da moda brasileira. Os acessórios, como franjas, amarrações e adornos inspirados na natureza, ampliaram o impacto visual das peças e reforçaram a conexão com o sagrado. Cada look parecia carregar uma história não apenas de estilo, mas de memória, identidade e resistência.