Navios de luxo tornam logística preocupante para Belém na COP30

O Poder Executivo Federal contratou dois cruzeiros internacionais para reduzir os altos custos de hospedagem em Belém durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. A princípio, os navios MSC Seaview e Costa Diadema vão oferecer mais de 6 mil leitos em quase 4 mil cabines.

No entanto, a solução trouxe um novo desafio logístico. As embarcações ficarão em Outeiro, a 20 km do centro de Belém, região com infraestrutura limitada. O governo descartou o terminal central por questões ambientais e investe agora R$ 180 milhões na adaptação do porto periférico.

Ponte em atraso amplia as incertezas

Por outro lado, a promessa é que o trajeto até os pavilhões dure apenas 30 minutos, com apoio da nova ponte estaiada entre Outeiro e Icoaraci. Todavia, a obra segue em ritmo lento e deve ser concluída apenas semanas antes da conferência. Técnicos alertam que o trânsito pode ser ainda mais demorado.


Hospedagens comparadas ao Copacabana Palace (Vídeo: reprodução/YouTube/Uol)

Nesse ínterim, especialistas defendem um planejamento maior. Para a geóloga Aline Meiguins, da Universidade Federal do Pará (UFPA), a cidade enfrenta um teste inédito. Segundo Meiguins, a capital Belém precisa antecipar ações de mobilidade e infraestrutura para evitar colapsos.

Impactos ambientais e riscos locais

Além do trânsito terrestre, os navios podem afetar o tráfego fluvial. A região de Outeiro concentra barcos de turismo e transporte de moradores. Logo, o aumento do fluxo pode elevar riscos de acidentes em rios já sobrecarregados.

Contudo, não só o trânsito se torna um problema, mas também a poluição. Mesmo paradas, as embarcações produzem grandes quantidades de carbono e efluentes. O governo promete compensar as emissões com créditos de carbono, mas pesquisadores criticam a falta de alternativas menos poluentes.

Críticas à especulação hoteleira


— Infraestrutura em andamento para a COP30 (Foto: reprodução/Carlos Fabal/AFP/Getty Images Embed)


Enquanto isso, os hotéis de Belém seguem cobrando valores até 15 vezes maiores que os praticados em outras conferências. Em consequência, apenas 47 países confirmaram presença até agora, e delegações denunciam preços abusivos. Um vice-presidente da Organização das Nações Unidas (ONU) chamou a situação de “insanidade” e alertou para o risco de esvaziamento do evento.

A COP30, marcada entre 10 e 21 de novembro, é considerada crucial nas negociações climáticas. Porém, a pressão sobre Belém cresce e ajustes urgentes são exigidos para evitar danos à credibilidade da conferência.

Lula confirma envio de convite a Trump para participação na COP30 em Belém

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quarta-feira (13) que enviou uma carta convidando o presidente americano Donald Trump. O convite é para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, também conhecida por COP30, visto que é o 30ª encontro. O evento, marcado para novembro em Belém (PA), reunirá líderes mundiais para discutir medidas urgentes contra o aquecimento global.

A princípio, Lula destacou que a conferência será o momento para países como o Brasil cobrarem ações concretas das nações mais ricas. Ele lembrou que, desde 2009, líderes prometeram US$ 100 bilhões (R$ 537 bilhões) anuais para a preservação das florestas, mas o recurso nunca foi entregue.

Clima político e críticas aos EUA

Além do tema ambiental, Lula reagiu a um relatório do Departamento de Estado dos EUA que aponta retrocessos nos direitos humanos no Brasil. Nesse ínterim, o presidente disse que “ninguém está desrespeitando regras” e acusou a capital Washington de criar “imagens de demônio” contra países com os quais deseja confronto. Ele defendeu o Judiciário brasileiro e rejeitou a acusação de desrespeito à Constituição.

O documento americano também critica a prisão de apoiadores de Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito. Lula rebateu e afirmou que o Brasil não aceitará rótulos injustos no cenário internacional e que o Judiciário brasileiro é um órgão “autônomo” que garante a Constituição brasileira.

BRICS e novos desafios comerciais

Anteriormente, Lula ainda confirmou que pretende convencer países integrantes do BRICS a negociarem sem depender do dólar americano, criando uma moeda própria para o comércio. A decisão surge em meio a tensões comerciais após Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, medida que o governo avalia retaliar com reciprocidade.


ONU convoca reunião extraordinária com Brasil (Vídeo: reprodução/YouTubee/CNN Brasil)

Na pauta ambiental, o presidente brasileiro prometeu foco na poluição plástica durante a COP30, embora o Brasil não tenha aderido ao “Apelo de Nice” durante a Conferência da ONU sobre os Oceanos, na França. Já o BRICS pediu que países desenvolvidos ampliem o financiamento climático, propondo US$ 1,3 trilhão até o encontro de Belém.

Mudanças climáticas alteram o modo de vida de moradores da Flórida

As mudanças climáticas têm transformado o cenário em diversas regiões, expondo comunidades a desafios inéditos, como as inundações em áreas historicamente seguras. A elevação de casas, apesar eficaz para proteger contra os danos da água, é uma solução custosa e inacessível para muitos.

Além disso as dificuldades com licitações, a ineficácia dos seguros contra enchentes e a demora na assistência governamental agravam a situação de vulnerabilidade. Essa realidade ressalta a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para mitigar os impactos climáticos e para oferecer suporte imediato e acessível às famílias afetadas.

De onde vem essa ideia?

A elevação de casas é uma prática comum nos Estados Unidos há anos, especialmente em áreas vulneráveis a enchentes. Mas as mudanças climáticas têm levado essa solução para estados que nunca precisaram lidar com esses fenômenos. O aquecimento global desregula o clima, intensificando chuvas, tempestades, furacões e até tornados, aumentando o risco de inundações.


Furacão Debby chega à costa da Flórida e pode provocar tempestades e inundações (Foto: reprodução/ REUTERS/ Gabbi Ray)

Qual o custo dessa adaptação?

Algumas famílias enfrentam dificuldades para obter licenças necessárias e, quando os desastres chegam antes da aprovação muitas perdem seus lares e bens. Os custos para elevar uma casa podem chegar a 1 milhão de dólares, um valor inatingível para a maioria.

Diante das dificuldades financeiras algumas famílias improvisam, elevando suas casas por conta própria ou ao menos retirando móveis das áreas mais baixas. Outro problema enfrentado é a redução do valor dos seguros contra enchentes, que já não cobrem os prejuízos de forma eficaz. Moradores que não têm condições de arcar com os custos recorrem à “Agência Federal de Gestão de Emergência” (FEMA), mas o auxílio pode levar anos para chegar e em muitos casos, não chega.

As mudanças climáticas estão reconfigurando os riscos de desastres naturais e aumentando a vulnerabilidade de comunidades inteiras. Apesar de soluções como a elevação de casas oferecerem proteção, o alto custo e a burocracia dificultam sua implementação. Com seguros insuficientes e atrasos na assistência governamental muitas famílias ficam desamparadas. Esse cenário destaca a urgência de políticas públicas eficazes, tanto para prevenir desastres quanto para oferecer suporte rápido e acessível às populações afetadas.

A Agência Federal de Gerenciamento de Emergências dos EUA (FEMA) oferece orientações detalhadas sobre como elevar a estrutura de sua casa, incluindo considerações importantes e procedimentos necessários.