População brasileira aumenta, mas se aproxima do fim do bônus demográfico

A República Federativa do Brasil atingiu um marco de 213,4 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse modo, o crescimento foi de 0,39% em relação ao ano passado, quando a população estimada era de 212,5 milhões. Apesar do aumento, os dados confirmam uma tendência: o ritmo de expansão populacional segue cada vez mais lento.

A queda na taxa de fecundidade e o envelhecimento da população explicam o cenário. Assim, o país se aproxima do fim do bônus demográfico, período marcado por maior proporção de jovens em idade produtiva.

População pode começar a encolher em 2041

De acordo com o IBGE, o Brasil alcançará seu pico populacional em 2041, com 220,4 milhões de habitantes. A partir desse marco, o número de moradores cairá gradualmente, podendo chegar a 199,2 milhões em 2070. Por analogia, esse processo indica que, em menos de duas décadas, o país terá crescimento negativo, quando mortes superam nascimentos.

Concomitantemente, São Paulo segue como o estado mais populoso, com 46 milhões de habitantes, equivalentes a 21,6% da população nacional. Logo, a capital paulista concentra 11,9 milhões de moradores. Em contrapartida, Roraima aparece como o estado menos populoso, com 737,7 mil habitantes.


— Multidão nas ruas do Pará (Foto: reprodução/Anderson Coelho/AFP/Getty Images Embed)


Impactos econômicos e sociais do envelhecimento

O fim do bônus demográfico traz consequências diretas para a economia. Antes de 2030, os idosos já serão a maior parcela populacional, pressionando gastos com saúde, previdência e políticas sociais. Especialistas apontam que o desafio será criar estratégias para garantir qualidade de vida e sustentabilidade econômica em um país mais envelhecido.

Além da dinâmica interna, fatores externos também influenciam o crescimento. Em 2025, os cubanos ultrapassaram os venezuelanos nos pedidos de refúgio ao Brasil, somando 9.467 solicitações entre janeiro e março. O país se tornou destino viável diante das barreiras impostas pelos Estados Unidos.

Enquanto isso, novas regras em Portugal, Estados Unidos e Argentina endurecem a imigração. As mudanças devem afetar brasileiros que buscam viver, trabalhar ou viajar para o exterior.

Tóquio lança semana de trabalho de 4 dias para combater envelhecimento da população

Tóquio, que é a principal região metropolitana do Japão, anunciou que a partir de abril de 2025 os trabalhadores poderão reduzir a jornada de trabalho para quatro dias. Outra medida anunciada é uma que permite a redução da jornada diária em até duas horas. As medidas têm como objetivo combater o envelhecimento populacional, um dos maiores problemas do Japão no século 21. O Japão tem enfrentado quedas constantes nas taxas de natalidade, isso em um país conhecido pelo foco nas carreiras profissionais.

Natalidade no Japão

Os japoneses são conhecidos por priorizarem as suas carreiras profissionais. Frequentemente as autoridades do país iniciam medidas com o objetivo de evitar mais quedas nas taxas de natalidade. Em junho de 2023, o governo japonês anunciou que investiria R$ 127,3 bilhões em projetos para aumentar a taxa de nascimentos no país. A problema da natalidade não é exclusivo do Japão.

Com as novas medidas, o governo de Tóquio espera que os cidadãos possam ter maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, tendo mais tempo para lazer e relacionamentos. O país também enfrenta problemas quanto as taxas de suicídios e depressão, algo que também pode estar relacionado a uma prioridade exagerada da carreira sobre o individual.


Japoneses priorizam a carreira profissional (Foto: reprodução/ X/ @tecture1)

O foco das novas medidas são as mulheres em idade fértil. A medida de redução de 2 horas da rotina diária de trabalho foi considerada como uma “licença parcial para cuidar dos filhos”.

“Empoderar as mulheres, um objetivo que tem ficado muito atrás no Japão em relação ao resto do mundo, é uma questão de longa data em nosso país”.

– Yuriko Koike, governadora de Tóquio

Crise demográfica

O Japão é uma das grandes potências asiáticas e tem enfrentado diversos desafios quanto ao envelhecimento populacional. Atualmente a população idosa do país está próxima dos 30%, o que agrava a situação em relação a mão de obra e gastos governamentais para a previdência. Além da crise demográfica, o país não incentiva a imigração de outras nacionalidades para aumento da força de trabalho.

Além das novas medidas, o governo japonês também promove o pagamento de uma bolsa mensal para as famílias até os 18 anos completos do filho e mais aberturas de creches. Além do Japão, outros países já implementaram ou estão discutindo a redução da jornada de trabalho.