A história de sucesso de Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Paris 2024 quase ganhou um final inesperado. A maior medalhista olímpica da história do Brasil, símbolo de talento e superação, revelou em entrevista exclusiva ao Lance! Que esteve muito perto de se despedir do esporte de alto rendimento logo após a competição. O motivo? Um esgotamento físico e mental que, segundo ela, a fez acreditar que já havia cumprido todos os seus objetivos.
Embora a conquista histórica das medalhas — tanto por equipe quanto nas provas individuais — tenha levado milhões de brasileiros à euforia, a comemoração deu lugar à apreensão. Isso porque a atleta deixou aberta a possibilidade de aposentadoria ainda em solo francês. “Eu pensei em encerrar minha carreira, sim, porque para mim eu já tinha realizado tudo. Tinha conquistado tudo: a medalha por equipe veio e as minhas medalhas individuais também vieram”, afirmou.
No entanto, foi apenas uma conversa com Francisco Porath, o “Chico”, treinador da Seleção Brasileira de Ginástica Artística, que mudou o rumo dessa decisão. Durante o diálogo, Chico apresentou à atleta uma alternativa para manter-se competitiva sem abrir mão do equilíbrio físico e emocional — algo que, na visão de Rebeca, seria fundamental para prolongar sua trajetória no esporte.
O momento de virada
Rebeca contou que o diálogo com seu treinador foi decisivo para que ela encontrasse um novo propósito dentro da ginástica. A solução encontrada foi abrir mão do aparelho do solo, prova em que conquistou a medalha de ouro em Paris, mas que exigia dela uma carga de esforço elevada.
“Assim que sentei e conversei com o Chico, percebi que havia outra possibilidade. A partir daí, decidi seguir competindo no salto sobre a mesa, barras assimétricas e trave de equilíbrio”, explicou. Essa escolha foi estratégica: além de preservar sua saúde, permite que ela mantenha o alto nível técnico em três aparelhos, evitando sobrecarga e reduzindo riscos de lesões.
O desgaste, segundo a ginasta, não era apenas físico. A preparação para Paris, que resultou em resultados históricos para o Brasil, exigiu também uma entrega emocional intensa. Com 25 anos, Rebeca percebeu que, para seguir no topo, precisava encontrar um ritmo sustentável e um papel ainda mais abrangente no Time Brasil.
Rebeca Andrade ao lado do seu treinador Chico durante as Olimpíadas de Paris (Foto: reprodução/Instagram/@rebecarandrade)
Mais do que resultados
A decisão de continuar na ginástica também está ligada a um desejo de contribuir de forma diferente para a Seleção Brasileira. “Eu me vejo como mais do que uma liderança técnica. Quero ser uma influência positiva no dia a dia do Time Brasil. Meu papel vai além do desempenho físico”, disse.
No início do ciclo olímpico para Los Angeles 2028, Rebeca enfatiza a importância de valorizar outros aspectos da preparação, como a saúde mental, a gestão do tempo e o apoio mútuo entre atletas. Essa postura reflete sua maturidade e a consciência de que o legado que constrói vai muito além das medalhas.
“Legado de Paris” inicia com história inspiradora
A entrevista com Rebeca Andrade marca a abertura da série especial Legado de Paris, do Lance!, que celebra, nesta segunda-feira (11), exatamente um ano desde a disputa das Olimpíadas de Paris. A proposta é revisitar momentos marcantes da competição e ouvir, diretamente dos protagonistas, como foi o impacto das conquistas e quais são os planos para o futuro.
Rebeca fez história pelo Brasil na Ginástica Artística nas Olimpíadas (Foto: reprodução/Instagram/@rebecarandrade)
O próximo episódio da série será publicado nesta terça-feira (12) e terá como convidada a judoca Bia Souza, que conquistou seu primeiro ouro olímpico. Ao longo das próximas semanas, outros medalhistas brasileiros também contarão suas histórias, mostrando os bastidores, desafios e reflexões pós-Jogos.
A permanência de Rebeca Andrade no esporte representa mais do que a continuação de sua carreira: é a renovação de um compromisso com a ginástica brasileira. Sua decisão mostra que, mesmo no auge, os atletas enfrentam dilemas profundos e precisam encontrar novos significados para seguir. Para o Brasil, a boa notícia é que a maior estrela da modalidade segue brilhando e já de olho em Los Angeles 2028.
