Um raro fóssil de Ceratosaurus nasicornis foi vendido por US$ 30,5 milhões, aproximadamente R$ 170 milhões, em um leilão realizado pela casa Sotheby’s, em Nova York. A peça, que representa o único exemplar juvenil conhecido da espécie, foi adquirida após intensa disputa entre colecionadores e superou a estimativa inicial de preço.
O anúncio da venda movimentou o mercado de fósseis e reacendeu debates sobre o destino de exemplares paleontológicos raros. A Sotheby’s declarou que o comprador pretende emprestar o fóssil a uma instituição, mas não revelou sua identidade, o que levanta questionamentos sobre o acesso público ao esqueleto, considerado um dos mais completos já encontrados.
Um predador pré-histórico de valor inestimável
Com cerca de 150 milhões de anos, o fóssil do Ceratossauro foi descoberto em 1996 na Pedreira Bone Cabin, em Wyoming, nos Estados Unidos. O espécime mede pouco mais de 3 metros de comprimento e tem quase 2 metros de altura. Composto por 139 ossos, inclui um crânio praticamente intacto com características impressionantes: um chifre nasal proeminente, dentes longos e vestígios de armadura óssea que percorriam o dorso e a cauda do animal.
De acordo com a Sotheby’s, a peça permaneceu em exibição no Museu de Vida Antiga, em Utah, entre 2000 e 2024, mas nunca foi estudada e oficialmente descrita em publicações científicas. Isso aumenta o interesse acadêmico, já que o esqueleto pode revelar novas informações sobre o desenvolvimento juvenil da espécie.
O valor final pago no leilão superou em muito a faixa estimada, que girava entre US$ 4 e US$ 6 milhões. Seis licitantes participaram da disputa, que durou cerca de seis minutos. O alto preço reflete não apenas a raridade do fóssil, mas também a crescente demanda por peças ligadas à história natural, de acordo com o Mark Westgarth, professor de história do mercado de arte na Universidade de Leeds, para a CNN.
Apresentação do único Ceratossauro juvenil já encontrado em divulgação antes do leilão (Vídeo: reprodução/Instagram/@sothebys)
Acesso ao conhecimento ou investimento privado?
Embora a casa de leilões tenha mencionado que o comprador anônimo pretende emprestar o espécime para instituições, especialistas permanecem céticos. O paleontólogo Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, avaliou que fósseis de alto valor como esse costumam se afastar do interesse público e expressou preocupação com a possibilidade de o esqueleto acabar armazenado em coleções privadas, inacessível à pesquisa científica e à educação.
Brusatte expressou preocupação com a escalada dos preços em leilões do tipo, apontando que museus e universidades dificilmente conseguem competir com colecionadores privados e fundos de investimento. Por outro lado, o historiador de arte Mark Westgarth, da Universidade de Leeds, acredita que a comercialização de fósseis pode estimular pesquisas. Portanto, caso o empréstimo se confirme, o fóssil contribuirá para avanços científicos e inspirará o público.
Além do esqueleto, o mesmo leilão também vendeu o maior meteorito marciano já encontrado na Terra, por mais de US$ 5 milhões, reforçando a crescente valorização de peças naturais no mercado de luxo. Segundo a Sotheby’s, “uma curiosidade profunda pelas origens do nosso mundo e do universo” tem atraído compradores fascinados por itens como fósseis e meteoritos.
