Estudos revelam que biodiversidade do Pantanal está ameaçada por secas e incêndios

Dados científicos divulgados recentemente revelaram que o Pantanal, a maior planície alagada do mundo, está virando um lugar cada vez mais inflamável e seco, com 60% de sua região já foi atingida por fogo nos últimos 38 anos, se tornando o bioma mais castigado por incêndios em todo o Brasil. 

Bioma afetado

O inédito estudo foi feito pelo Mapbiomas ,será lançado por completo na semana que vem, nas informações já divulgadas constam que a última grande cheia que ocorreu no bioma foi há seis anos e que a falta de chuvas seria um dos principais fatores para o alto poder de destruição dos incêndios na região. 

“A gente tem, desde 2018, aumento desse período de seca e, também, o aumento das grandes áreas queimadas. Em 2024, o bioma Pantanal não registrou a cheia que normalmente acontece no bioma”. Comentou Eduardo Reis Rosa, o coordenador de mapeamento do Bioma Pantanal do Mapbiomas. 


Seca no Pantanal aumenta a cada ano (Foto: reprodução/Philip Morton/CC)

Eduardo também revelou que a área coberta de água no Pantanal vem se reduzindo desde 1985, que o local obter uma grande biomassa disponível para ser queimadas, ocasionado nos incêndios incontroláveis. Em 2023, a área inundada do bioma ficou certa de 61% abaixo da média história. 

Problemas na fauna

A diminuição do volume de chuvas e o aumento de queimadas tornaram a região um ambiente hostil para vários animais locais, com os pesquisadores detectando a redução de algumas espécies que correm o risco de serem extintas, entre os animais mais vulneráveis estão a capivara, onça pintada, cervo do Pantanal e a ariranha. 


Capivara é uma das espécies afetadas (Foto: Reprodução/ Pixabay)

Já os incêndios que ocorrem em 2020 causaram, aproximadamente 17 milhões mortes de animais vertebrados, já outro estudo revela que as queimadas trazem consequências a reprodução e ofertas de alimentos dos bichos. 

As mudanças do clima do Pantanal, trouxe outro grande problema para sua fauna, a migração de outras espécies como o Lobo-guará e a raposinha, ocasionando conflitos por recursos com os animais que vivem na região.  

Pantanal tem recorde de focos de incêndios que ameaçam vida dos animais

Incêndios florestais no Pantanal registram o pior cenário em 26 anos no mês de junho. A intensa seca no centro-oeste do país está provocando um aumento de incêndios que prejudicam a fauna e a flora locais.

Seca extrema e aumento dos incêndios

O Pantanal tem recorde de focos de incêndio nos primeiros 15 dias de junho. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou 1.269 focos de calor em 2024. Este normalmente já é um período do ano de seca, no entanto houve uma escalada no incêndios na região. O período de seca também é consequência do fenômeno El Niño.

A área devastada aumentou quase 20 vezes em 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram 17.050 hectares queimados no ano passado, segundo os dados divulgados pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS e pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado

Combate ao fogo na região

Para tentar minimizar o cenário preocupante, mais de 100 bombeiros, brigadistas do Ibama e do Instituto Homem Pantaneiro tentam combater o fogo em mais de 10 pontos isolados do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Caminhão-pipa e aviões dos Bombeiros são usados para lançar água sobre as chamas.

Vida dos animais e a vegetação

A imagem de um jacaré morto chamou a atenção. Os animais, principalmente os anfíbios e répteis, precisam da umidade dos refúgios para sobreviver, e esses refúgios úmidos estão diminuindo. 


Um crocodilo morto é visto enquanto os incêndios florestais assolam o Pantanal em Porto Jofre, estado de Mato Grosso, em novembro de 2023 (Foto: reprodução/AFP/Rogério FLORENTINO/Getty Images Embed)


“Então, essa seca já está afetando esses refúgios e, consequentemente, provoca o fogo”, afirma a veterinária Franciele Cunha de Oliveira. Nesta época do ano, a região em volta do Rio Paraguai deve estar alagada. Porém, neste ano, o chão está rachado por conta da falta de água. 

Além do prejuízo aos animais e à vegetação, pessoas que vivem na região também precisam lidar com a fumaça, que pode causar prejuízos e problemas respiratórios.