Martin Scorsese lamenta profundamente a morte do Papa Francisco

Scorsese, 82, que tem em seu currículo títulos como Taxi Driver e O Lobo de Wall Street, filmes considerados polêmicos por retratar cenas de violência física, moral e psicológica, relembra a atmosfera contagiante e ímpar de Jorge Mario Bergoglio.

Em declaração ao portal americano de notícias Variety, Scorsese, que além de cineasta, é também produtor de cinema, roteirista e ator, enalteceu a sorte de ter conhecido pessoalmente o Papa Francisco, frisando: “Ele era, em todos os sentidos, um ser humano notável. Ele reconheceu as próprias falhas. Irradiava sabedoria. Irradiava bondade. Tinha um compromisso férreo com o bem”.


Papa Francisco (Foto: reprodução/Franco Origlia/Getty Images Embed)


O Papa recebeu muitas declarações de amor e carinho, mas Scorsese foi além. Ele foi capaz de perceber a alma de Francisco, como um bom diretor de cinema, que identifica e explora as complexidades humanas para criar histórias que ressoem com o público e transmitam mensagens significativas.

Último reencontro entre o Papa e Scorsese

O colecionador de prêmios importantíssimos como Oscar, Palma de Ouro e Urso de Ouro esteve na Itália em 2023, e anunciou à Sua Santidade que estaria trabalhando num outro filme sobre Jesus.

Não é a primeira vez, portanto, que Scorsese faz filmes desse gênero. A Última Tentação de Cristo, 1988, retrata a vida de Jesus Cristo e a sua luta contra várias formas de tentação, e Silêncio, 2016, que narra as dificuldades dos missionários jesuítas portugueses no Japão do século XVII.  

Além de filmes, há também o livro Dialoghi sulla fede (Diálogos sobre a fé), publicado pela La nave di Teseo, no qual Scorsese, em conjunto com o teólogo jesuíta Antonio Spadaro, discutem a fé, a vida e o cinema.

Papa Francisco é eleito em substituição a Bento XVI

No dia 11 de fevereiro de 2013, em decisão inédita no Vaticano, Bento XVI renunciou o cargo de líder da Igreja Católica, devido à sua idade avançada e em respeito às condições de saúde em que se encontrava. Na ocasião, foi eleito Jorge Mario Bergoglio, primeiro Papa latino-americano, o qual adotou o nome de Francisco.

Os dois Papas conviveram por cerca de quase uma década juntos, e apesar de terem visões diferentes sobre como a Igreja Católica devia se pronunciar em relação a alguns assuntos conservadores, tinham um ótimo relacionamento, retratado no filme Dois Papas, 2019, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles.

O ator Jonathan Pryce, 77, que recebeu uma indicação os Oscar pela interpretação do Papa Francisco, disse em declaração enviada à CNN: “Foi um privilégio absoluto representá-lo no longa-metragem”.


Jonathan Pryce (reprodução/X/@CurtissOnFilm)


Outros famosos também homenagearam o Papa Francisco


Whoopi Goldberg (Foto: reprodução/X/@variety)


Whoopi Goldberg, Russell Crowe, Antonio Banderas e Jimmy Fallon, também prestaram homenagens em suas redes sociais à Francisco.

Morte de Papa Francisco consterna Rei Charles III e a Rainha Consorte Camilla Parker Bowles

O posto de governador da Igreja Anglicana no Reino Unido não impediu o Rei Charles III de lembrar os feitos históricos do líder da Igreja Católica, destacando a preocupação que o Pontífice argentino teve pela união de sua Igreja e o compromisso incansável com as causas das pessoas de fé e com aqueles que trabalharam em benefício dos outros.

Recordou, ainda, dos encontros carinhosos que teve com Sua Santidade, e de sua profunda emoção pela chance de ter encontrado o Papa no início deste mês, no Vaticano, em visita oficial à Roma, viagem realizada em meio a um tratamento contra o câncer.

Causa do falecimento e histórico de saúde

O Bispo de Roma faleceu na madrugada desta segunda-feira, às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, aos 88 anos. A causa da morte teria sido um derrame, segundo noticiou o jornal italiano Corriere Della Sera.


Papa Francisco (Foto: reprodução/Vatican Pool/Getty Images Embed)


O Papa recebeu alta no último dia 23 de março, após permanecer 38 dias internado para tratamento de uma complexa pneumonia. Antes de ser Papa, quando tinha 21 anos, desenvolveu pleurisia (uma inflamação da membrana que reveste o pulmão), fato que ocasionou a remoção de uma parte de um dos seus pulmões.

Mesmo com recomendações médicas para permanecer em isolamento, o Papa Francisco fez questão de cumprir seu compromisso com os fiéis católicos. Apareceu neste Domingo de Páscoa, 20, para abençoar os fiéis que acompanhavam as celebrações na Praça São Pedro, no Vaticano. Durante a missa, discursou apelando pela paz, e seguiu saudando os fiéis no interior do papamóvel.


Papa Francisco em última aparição em público (Vídeo: reprodução/X/@EWTNMaticano)

Legado de simplicidade e transformação e uma comunicação eficaz

De hábitos simples, Francisco se recusava às mordomias oferecidas pelo Vaticano, relembrando a trajetória de abnegação de São Francisco de Assis, que inspirou seu nome.  

Enfrentou, com muita firmeza e coragem, discussões tidas como polêmicas pela sociedade, como autoridade e visibilidade às mulheres e defesa à união civil entre homossexuais.