Queimadas, tempo seco e fortes ondas de calor trazem consequências graves para SP

Com os altos níveis de clima e ar seco em todo o estado, tendo 10 pontos de focos ativos de incêndios, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, afirma nunca ter vivenciado tais condições meteorológicas desde 1985, quando se iniciaram as medições na região.

Com as altas temperaturas, as queimadas se intensificaram no estado. A capital pode chegar a 34º ainda hoje conforme a previsão do Climatempo. Na capital paulista a situação é ainda mais preocupante, pois de acordo com a IQAir, uma agência suíça, São Paulo possui o ar mais poluído do mundo desde segunda-feira (9), comparado a mais de 100 metrópoles do mundo. 

Atualizações desta quarta-feira em SP

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), alertou a onda de calor como a de “Grande Perigo”, que é quando as temperaturas marcam 5ºC acima da média mais de cinco dias consecutivos. 

Quase metade do estado também está em “Grande Perigo” em relação a umidade do ar, que de acordo com o Inmet está abaixo de 12%. O que pode aumentar ainda mais o risco para mais queimadas florestais e a saúde dos habitantes. 

Os incêndios que se acentuaram no fim do último mês, destruíram milhares de hectares de matas do estado. 

Através das redes sociais, a defesa civil de São Paulo, publicou na última terça-feira (10) deu dicas de amenizar os desconfortos respiratórios: 

Defesa Civil do Estado de São Paulo, dá dicas para evitar desconfortos respiratórios e também disponibiliza os números do disque denúncia 181 ou 190 da polícia militar para denúncias, caso presencie alguém provocando incêndios (Vídeo: reprodução/Instagram/@CETESBSP)


Produção de resíduos tóxicos

A Cetesb realiza operações anualmente visando pela disseminação inadequada dos gases nocivos que podem afetar ainda mais a qualidade do ar. 

Com esta ação, no dia 3 de setembro cerca de 38 mil veículos movidos a diesel foram supervisionados e outros 457 foram multados por emissão excessiva de fumaça preta. 

Na primeira operação, que ocorreu em junho, cerca de 445 carros foram multados, dos 35 mil que já estavam sendo supervisionados. No mês passado, 26 mil passaram por vias de monitoramento e 257 foram penalizados. 

A multa para os motoristas que emitem fumaça preta infringindo a legislação ambiental, estando acima do permitido, é de R$2.121,60. Se comprovado a reparação posterior do veículo, a multa pode ser minimizada em 70%. 

Desde junho, já foram realizadas 3 operações no estado. As vistorias aumentaram principalmente em indústrias, principais fontes fixas poluidoras, cujo objetivo principal é a saúde da população e a preservação do meio ambiente. 

Estudo indica que as cidades de São Paulo são as mais poluídas do Brasil

O estado de São Paulo lidera o ranking com 12 cidades dentro do estado com os piores índices de poluição do ar, segundo estudo do Ministério da Saúde em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Além disso, 645 municípios paulistas apresentam níveis de poluição superiores aos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Conforme o monitoramento, a média anual de partículas finas (PM2,5) em São Paulo, em 2023, foi de 14,59 microgramas por metro cúbico (µg/m³), quase três vezes o limite de 5 µg/m³ estabelecido pela OMS. PM2,5 refere-se a partículas muito pequenas no ar, menores que 2,5 micrômetros, provenientes principalmente de veículos, indústrias e incêndios.

Essas partículas podem ser inaladas profundamente nos pulmões devido seu pequeno tamanho, facilitando assim a entrada no organismo através da corrente sanguínea, causando doenças respiratórias, cardíacas e até câncer.

Cidades com níveis de poluição alta:

  • Araçariguama
  • Barueri
  • Caieiras
  • Cajamar
  • Campo Limpo Paulista
  • Francisco Morato
  • Franco da Rocha
  • Itupeva
  • Jundiaí
  • Pirapora do Bom Jesus
  • Santana de Parnaíba
  • Várzea Paulista

poluição industrial (Foto: reprodução/Ralf Vetterle/Pixabay)

A média alarmante é de 39 µg/m³ de material particulado fino em cada uma das cidades.

Outros dados

Já a capital de São Paulo também apresenta índices altos de poluição, chegando a 36,5 µg/m³. Guarulhos, a segunda cidade mais populosa do estado, registra 34,16 µg/m³.

As demais regiões do Brasil apresentam níveis de poluição acima do recomendado. A média anual de partículas finas (PM2,5) no país, em 2023, foi de 9,9 µg/m³.

Segundo a última atualização do banco de dados da Organização Mundial e Saúde (OMS), há dois anos, 99% da população mundial respira níveis de partículas finas extremamente prejudiciais e dióxido de nitrogênio, que são capazes de causar problemas graves de saúde, como doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórios.

Estudo revela vínculo entre poluição do ar e riscos cardíacos em São Paulo

A relação entre a poluição atmosférica e os problemas cardíacos dos habitantes de São Paulo é um tema que merece atenção especial. Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), com o suporte da FAPESP, revelou que a exposição prolongada à poluição está diretamente ligada ao aumento dos riscos cardiovasculares na população paulistana. Essa descoberta é particularmente preocupante para aqueles que sofrem de hipertensão, pois o perigo é ainda maior para eles.

Publicado na revista Environmental Research, o estudo utilizou uma abordagem multidisciplinar, analisando autópsias de 238 pessoas, dados epidemiológicos e entrevistas com familiares das vítimas. Os pesquisadores observaram a presença e quantidade de carbono negro nos tecidos pulmonares, um indicador crucial da poluição atmosférica, e também identificaram a fibrose cardíaca nas amostras de miocárdio.

Resultados do estudo

Os resultados revelaram uma correlação significativa entre a presença de carbono negro nos pulmões e o desenvolvimento de fibrose cardíaca, indicando que quanto mais tempo uma pessoa é exposta à poluição, maior é o risco de problemas cardíacos. Esse achado ressalta a importância da autópsia na compreensão dos efeitos adversos do ambiente urbano na saúde.


Uma pesquisa realizada pela USP e divulgada na revista Environmental Research examinou os resultados de autópsias de 238 indivíduos (Fotografia: Reprodução/Freepik/Freepik)

Além disso, o estudo mostrou que os indivíduos hipertensos estão em maior risco. Tanto fumantes quanto não fumantes que sofrem de hipertensão enfrentam um aumento significativo na presença de marcadores de doenças cardíacas em resposta à exposição à poluição. Essa descoberta enfatiza a necessidade de uma abordagem holística para lidar com os fatores de risco associados à saúde cardiovascular.

Hipertensão cada vez mais prevalente

A hipertensão, uma condição muitas vezes assintomática, está se tornando cada vez mais prevalente, especialmente entre os idosos. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade relacionada à hipertensão tem aumentado ao longo dos anos. Portanto, é crucial que medidas eficazes sejam implementadas para reduzir a exposição da população à poluição do ar.