Rio Grande do Sul enfrenta alívio parcial nas cheias mas risco de inundações persiste

De acordo com a Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema), o estado não registrou chuvas significativas nas últimas 24 horas, conforme atualização divulgada nesta quarta-feira (15).

Os rios Taquari e Caí apresentaram redução nos níveis ao longo de seus percursos e estão saindo da cota de inundação. No entanto, as fozes de ambos permanecem cheias, com elevado volume de água nos pontos onde desaguam.

O Rio Taquari percorre cidades como Arroio do Meio, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul. Já o Rio Caí margeia municípios como Feliz, Montenegro e São Sebastião do Caí.

Estabilidade no Lago Guaíba

O nível do Lago Guaíba manteve-se estável nas últimas horas e deve continuar assim ao longo do dia. A cheia deve se prolongar durante a semana em Porto Alegre, pois o lago ainda está escoando as águas das demais bacias.

Em contraste, o Rio dos Sinos, que passa por São Leopoldo, Canoas e Novo Hamburgo, e a Lagoa dos Patos, no sul do estado, seguem em elevação. Apesar da estabilidade momentânea na Lagoa dos Patos, novas cheias são esperadas com a chegada das águas de regiões mais ao norte.

Recuo lento do Guaíba

Na terça-feira (14), o nível do Guaíba atingiu 5,25 metros, mas recuou para 5,22 metros às 6h15 e para 5,21 metros às 10h15 desta quarta-feira. Em Porto Alegre, a água começou a recuar em algumas ruas.


Na última terça-feira, o Guaíba baixou até 5,21 metros; a tendência é de queda (Fotografia: Reprodução/Instagram/@gustavo.mansur)

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) preveem que o nível do Guaíba deve continuar a baixar nos próximos dias, podendo atingir 4 metros entre os dias 19 e 21 de maio. A cota de inundação é de 3 metros.

A cidade de Guaíba, situada às margens do lago, ordenou a evacuação imediata de dois bairros devido ao risco de inundações.

Desalojados e abrigos

Milhares de pessoas tiveram que abandonar suas casas após o transbordamento do lago, que inundou principalmente os bairros das regiões Norte, Central e Sul de Porto Alegre. O aeroporto Salgado Filho e a estação rodoviária também foram afetados. De acordo com a prefeitura, 13,9 mil pessoas estão abrigadas em 155 locais.

Governo anuncia ajuda de R$ 5 mil por família desabrigada no Rio Grande do Sul

O governo federal deve fornecer um auxílio financeiro de R$ 5 mil para cada família desabrigada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve oficializar o anúncio e o número de beneficiários do auxílio ainda esta semana.

A iniciativa, destinada a ajudar na reconstrução das residências e na recuperação das famílias afetadas pelas inundações, está prevista para beneficiar aproximadamente 100 mil famílias, de acordo com estimativas da Presidência da República e da equipe econômica. O foco será dado às famílias que enfrentaram as maiores perdas materiais devido às enchentes. O custo total da operação está calculado em R$ 500 milhões.


Vista aérea mostra casas destruídas por enchentes em Roca Sales, estado do Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução/ Gustavo Ghisleni/ Getty Images Embed)


Segundo o Ministério da Fazenda, o valor será pago em uma única parcela e poderá ser utilizado livremente pelas famílias, seja para a compra de materiais de construção, eletrodomésticos, móveis ou outros itens de necessidade.

Anúncio oficial e novas medidas de auxílio

A agenda do presidente Lula para esta terça-feira (14) inclui a cerimônia para apresentar medidas de assistência às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. No entanto, fontes do governo não descartam a possibilidade de que o presidente Lula anuncie a informação sobre os beneficiários durante sua visita ao estado na quarta-feira (15).

Além do auxílio financeiro, o governo federal também está avaliando a expansão do Bolsa Família para incluir mais famílias no Rio Grande do Sul, essa informação foi divulgada pela CNN. O programa já beneficia cerca de 620 mil famílias no estado, com um valor médio de R$ 672,74 por mês.

O Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, anunciou que haverá uma inclusão adicional de famílias gaúchas no Bolsa Família, com pagamentos já a partir de maio, e destacou a importância de agilizar os processos burocráticos.


Vítimas das enchentes se abrigam no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), no bairro Menino Deus, em Porto Alegre (Foto: Reprodução/Nelson ALMEIDA/ Getty Images Embed)


Situação fiscal

Enquanto o governo federal intensifica seus esforços para auxiliar as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul, a equipe econômica trabalha para equilibrar as medidas de apoio com a situação fiscal do país. O presidente Lula enfatizou a necessidade de “apoio máximo” por parte dos ministros aos municípios e às famílias gaúchas, ao mesmo tempo em que é preciso considerar a responsabilidade fiscal.

O auxílio financeiro de R$ 5 mil e a expansão do Bolsa Família são medidas importantes para ajudar as famílias gaúchas. A expectativa é que essas medidas contribuam para a retomada da vida das famílias afetadas e para o desenvolvimento da região.

Tragédia no RS: 360 Mil estudantes Gaúchos são afetados pelas chuvas

As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias causaram um impacto significativo na educação do estado. Estima-se que quase 360 mil alunos foram afetados de alguma forma pelas inundações, com 216 mil estudantes sem previsão de retorno às aulas.

Metade das escolas da capital gaúcha teve algum tipo de prejuízo com as cheias, e 28 escolas municipais permanecem submersas. No interior do estado, imagens como a da escola de educação básica e ensino fundamental, em Presidente João Goulart, ilustram a gravidade da situação. A equipe do Jornal Nacional precisou percorrer 1,5 km de barco para chegar até a instituição, onde a água alcança o segundo andar.

Como vai funcionar o retorno das aulas?

Diante do cenário caótico, as autoridades buscam soluções para retomar as atividades letivas o mais rápido possível. O secretário municipal de Educação de Porto Alegre, José Paulo da Rosa, anunciou que o objetivo é reabrir as escolas na próxima semana, onde for possível. Em casos de escolas onde os danos são mais extensos, a realocação dos alunos para outras unidades será necessária.

“A gente já sofreu muito na pandemia por demorar em retomar as aulas. Então, pretendemos retornar na próxima semana naquelas escolas que tiverem condições’’ afirma o secretário da educação.


Moradores em um abrigo temporário após enchentes em Canoas, Rio Grande do Sul, 5 de maio de 2024 (Foto: Reprodução/ Carlos Macedo /Getty Images Embed)

A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, reconhece os desafios e ressalta a necessidade de adaptar o calendário escolar às diferentes realidades das regiões afetadas. “Na pandemia, alunos e professores não vinham para a escola, mas eu sabia onde eles estavam: em casa. Agora, não sei onde estão. Naquela época, muitos não tinham celular e computador. Hoje, não têm casa”, lamenta a secretária.

Adaptação para as crianças

Para além da segurança física, é fundamental oferecer suporte emocional e oportunidades de aprendizado aos pequenos, que estão lidando com uma situação traumática. Nesse sentido, alguns abrigos estão se adaptando para criar ambientes lúdicos e pedagógicos, buscando amenizar o impacto da tragédia e proporcionar uma rotina mais próxima da que as crianças tinham antes do desastre.


Moradores descansam em um ginásio transformado em abrigo para pessoas cujas casas foram inundadas por fortes chuvas em Canoas (Foto: Reprodução/Mateus Bonomi/ Getty Images Embed)


“Sabemos que as crianças elaboram esses sentimentos e essa situação brincando e relatando aquilo que eles estão sentindo”, afirma Luiza Becker Emmel, coordenadora pedagógica do Marista Rosário.

A manutenção de uma rotina de aprendizado, mesmo que adaptada, contribui para minimizar o sentimento de perda e incerteza e oferece um senso de normalidade em meio ao caos.

Guaíba volta a subir e chega aos 4,7 metros após nova onda de chuva

Após uma queda na quinta-feira (9), o nível da água do lago Guaíba, que transbordou e inundou Porto Alegre, voltou a subir na manhã de sábado (11), o aumento foi ocasionado pela chuva dessa sexta-feira (10) que atingiu a capital gaúcha. 

Aumento do nível da agua

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, também conhecida pela sigla ANA, informou que o nível do lago subiu certa de 10 centímetros entre as 8h E 9h, passando de 4,6 metros para 4,7 metros. 

A mediação da ANA realizado no cais Mauá revelou que esse foi o aumento mais significativo do nível do Guaíba desde quando a queda dos 5 metros, nessa última quinta-feira (9). 


Porto Alegre afetada pela chuva(Foto: reprodução/ Gilvan Rocha/Agência Brasil)

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), comunicou que nas últimas 24 horas choveu cerca de 38,3 milímetros sobre Porto Alegre, com a expectativa que a chuva continue no fim de semana, a previsão é que o volume da chuva alcance os 150 milímetros no estado. 

Expectativas do final de semana

Especialistas concluem que há a alta possibilidade de ocorrer um ‘’repique’’ por conta das chuvas esperadas para esse final de semana fazendo que a marca possa retornar aos 5 metros, o caso pode ser ainda pior caso o vento que sopra do Sul se confirme, elevando o nível por mais 20 centímetros. 


Guaíba pode chegar a 5 metros nesse fim de semana(Foto: reprodução/ Gustavo Mansur/ Palácio Piratini)

“Com essas chuvas, a gente tende a voltar acima dos 5 metros. Provavelmente, em limiares, que a gente já atingiu ali entre 5 metros, 5,30 metros”, explica o hidrólogo da Sala de Situação do governo do RS, Pedro Camargo. 

Tragedia no estado

O estado chegou ao número de 136 mortes causadas pelos temporais e cheias, também foi divulgado pela defesa civil do Rio Grande do Sul, que a 125 pessoas desaparecidas, 756 feridas, 441,3 mil pessoas fora de casa e 1,95 milhão de cidadãos afetados, desse total, há 71,3 mil pessoas em abrigos e 339,9 mil desalojadas (vivendo em casa de amigos ou parentes). 

Nível do rio Guaíba baixa 8 centímetros nas últimas 24 horas

O monitoramento constante do nível do Guaíba, em Porto Alegre, revela uma redução de 8 centímetros em um período de 24 horas, de acordo com dados obtidos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) no Cais Mauá, às 6h15 desta quinta-feira (9).

Comparativamente, a medição realizada no mesmo horário na quarta-feira (8) apontava um nível de 5,12 metros, enquanto nesta quinta-feira registrou-se 5,04 metros, representando uma diminuição de 8 centímetros.

Apesar dessa diminuição, o Guaíba ainda mantém-se mais de 2 metros acima da cota de inundação, estipulada em 3 metros. Contudo, há relatos de estabilidade e até recuo das águas em algumas áreas da capital, conforme observado por residentes que monitoram os alagamentos em suas proximidades.

Os impactos persistentes das chuvas

A situação das chuvas intensas que têm assolado o estado do Rio Grande do Sul reflete-se nos números alarmantes divulgados pela Defesa Civil. Até o momento, o total de óbitos chega a 107, com um caso em investigação. Além disso, há 136 desaparecidos e 374 feridos, enquanto mais de 232 mil pessoas encontram-se desabrigadas ou desalojadas.


Na medição de hoje (9), o nível do Guaíba foi registrado em 5,04 metros, permanecendo acima da cota de inundação estipulada em 3 metros (Fotografia: Reprodução/Max Peixoto/Estadão/G1)


Os impactos dessas condições climáticas adversas estendem-se por 425 dos 497 municípios gaúchos, afetando aproximadamente 1,476 milhão de habitantes. Os serviços, a educação e os transportes estão entre os setores mais comprometidos.

Situação atual de Porto Alegre

Em áreas centrais de Porto Alegre, a situação é crítica, com alagamentos generalizados após o transbordamento do lago. Tanto o aeroporto quanto a rodoviária encontram-se inoperantes devido à inundação.

No bairro Menino Deus, uma das regiões evacuadas pela prefeitura, novos alagamentos foram registrados, afetando trechos das ruas Itororó e José de Alencar. A desativação de algumas casas de bombas contribui para a inundação de áreas que antes estavam protegidas, conforme explicou o professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS.

As previsões indicam que o nível do Guaíba deverá levar pelo menos 30 dias para retornar ao patamar inferior a 3 metros, seguindo uma trajetória semelhante à enchente histórica de 1941, que demandou 32 dias para a normalização.

Projeções para nível do Guaíba são apresentadas e águas podem demorar a baixar

Em meio a catástrofe histórica no estado do Rio Grande do Sul, cientistas fazem projeções para futuro recuo do lago e respostas caminham pela fina linha tênue que divide temor de esperança. De acordo com pesquisadores da UFRGS, a água, que atualmente corre entre diversos lugares de Porto Alegre e cidades da região metropolitana, pode levar até trinta dias ou mais para ficar abaixo do nível de inundação. 

Situação Geral

Nesta última terça-feira (9), cientistas da UFRGS — Universidade Federal do Rio Grande do Sul — apresentaram gráfico que revela novas possibilidades para o Guaíba, em termos gerais, as notícias não parecem ser boas. Segundo o gráfico, a água do lago ficará acima da cota de inundação, em torno de 3 metros, por um período de 10 dias ou mais. Apesar do recuo de 10 cm (centímetros) nas últimas 24 horas, tal continuidade de recuo só será possível com a trégua de chuvas.  

O hidrólogo Fernando Fan, um dos cientistas responsáveis pela pesquisa e apresentação das projeções e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, relatou à TV Globo a possibilidade de cerca de 30 dias até que o Guaíba fique abaixo da marcação de 3 metros. Com o nível do lago acima dos 5 metros, ainda nesta terça-feira, a previsão para uma baixa seria a partir do fim de semana condicionado à falta de chuvas.  

Em declarações à Rádio Gaúcha, o professor comentou quanto as previsões de chuva para os próximos dias e disse que caso haja nas bacias dos rios Taquari, das Antas e Jacuí, poderá haver um “repique” fazendo com que o nível retorne aos 5 metros.

Afluentes do Guaíba também ajudam a tornar a situação uma mistura de esperança e receio. O rio dos Sinos, um dos principais afluentes do lago, da mesma forma está mostrando sinais de recuada. Porém, no parâmetro geral, a situação ainda é crítica, especialmente na Lagoa dos Patos, que recebe águas do Guaíba. O nível da lagoa tem aumentado e projeções mostram que inundações podem alcançar novas áreas em Pelotas.  


Enchentes em Porto Alegre (Foto: reprodução/Gustavo Mansur/Palácio Piratini)


Geografia e precauções

Porto Alegre localiza-se quase ao mesmo nível do mar, dificultando assim o escoamento de água, tendo como consequência o acúmulo da mesma. O Lago Guaíba, no qual banha a capital, recebe águas de cinco rios, sendo eles: Jacuí, Taquari, Sinos, Caí e Gravataí. As águas desses rios descem rapidamente até o lago gaúcho em resultado do relevo, refletindo assim na concentração de água. A partir do Guaíba, a água corre para a Lagoa dos Patos e enfim para o Oceano Atlântico, onde sai perto da cidade de Rio Grande, no sul do estado. Devido às chuvas dos últimas dias, o nível do mar foi aumentado e teve como resposta a lentidão para saída de água. 

Com tal situação, equipes de emergência e as autoridades locais e do Estado continuam desenfreadamente o trabalho de monitoração das águas e amparo àqueles afetados diretamente pelo estrago estrutural apoiado, infelizmente, pela geografia local. A população está recomendada a seguir orientações da Defesa Civil além do atentamento vigilante. Campanhas de informação para prevenção de riscos em áreas de inundação e preparação para evacuações emergenciais, também fazem parte do projeto de precauções estadual.  

Marinha mobiliza maior navio de guerra da América Latina para ajudar na tragédia no RS

A Marinha do Brasil enviará nesta quarta-feira (8) o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, considerado o maior navio de guerra da América Latina, para ajudar a população afetada pela pior enchente da história do estado do Rio Grande do Sul.

O “Atlântico” partirá do Rio de Janeiro com destino ao município de Rio Grande, levando consigo duas estações móveis para tratamento de água, com capacidade de produzir 20 mil litros de água potável por hora. Essa iniciativa visa suprir parte da demanda das cidades que sofrem com escassez desde o rompimento das barragens.

Ações em apoio ao estado

Além disso, a embarcação contará com uma ampla variedade de recursos, incluindo embarcações adicionais, equipamentos, combustível, mantimentos e uma equipe diversificada de profissionais da saúde. Esses especialistas estão prontos para atender às necessidades urgentes da população impactada pela tragédia.

A mobilização da Marinha não se limita ao navio de guerra. Quatro navios, 20 embarcações menores, 12 helicópteros e centenas de militares serão enviados para a região. O objetivo é oferecer suporte em diversas áreas críticas, como distribuição de água potável, transporte de doações, desobstrução de vias de acesso e atendimento médico.

Além disso, a Marinha anunciou o envio de 40 viaturas e 200 militares dedicados à desobstrução das vias de acesso. Equipes de saúde compostas por médicos e enfermeiros também serão mobilizadas para ajudar na recuperação do estado.

No dia 30 de abril, a Marinha já havia enviado oito lanchas para o Rio Grande do Sul como parte dos esforços de socorro e apoio à população afetada.


Vista geral das casas afetadas pela enchente do rio Jacuí em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul (Foto:Reprodução/ Anselmo Cunha /Getty Images Embed)


Resultados das enchentes

O Rio Grande do Sul enfrenta enchentes devastadoras, com um aumento no número de mortos para 85 devido aos temporais que assolam a região, além de 134 desaparecidos e 339 feridos. Atualmente, cerca de 201,5 mil pessoas estão deslocadas de suas casas, com 47,6 mil abrigadas em alojamentos e 153,8 mil desalojadas.

A situação é grave em todo o estado, com 385 dos 497 municípios enfrentando problemas relacionados às chuvas e afetando aproximadamente 1,178 milhão de pessoas. O prefeito Sebastião Melo (MDB) decretou racionamento de água devido ao desligamento de uma estação de tratamento, deixando cerca de 85% da população desabastecida.

Ataques criminosos em meio à enchentes no Rio Grande do Sul

Enquanto o Rio Grande do Sul luta contra as enchentes, criminosos se aproveitam da tragédia para cometer ataques. Saques a lojas e residências, ameaças aos socorristas e até ataques a barcos de resgate foram relatados. A onda de crimes gera medo e insegurança na população já fragilizada pela tragédia.

Medo de ataques afasta voluntários

A Brigada Militar assume o patrulhamento ostensivo com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) para coibir a ação de criminosos. A medida visa combater a onda de crimes que assola as áreas atingidas pelas inundações.

Relatos de saques em lojas e casas alagadas causam medo e atrapalham as ações de resgate noturnas por voluntários. A proliferação de crimes cria um clima de insegurança que impede a atuação dos voluntários dedicados a ajudar as vítimas das enchentes, dificultando ainda mais o processo de resgate e assistência.


Vista geral das casas afetadas pela enchente do rio Jacuí em Eldorado do Sul, em 3 de maio de 2024 (Foto: reprodução/Anselmo Cunha /Getty Images Embed)


Criminosos se aproveitam da tragédia

Canoas está em estado de alerta. Mais de dois terços do município está submerso, com mais de 15 mil desabrigados. O Comando de Policiamento Metropolitano (CPM) patrulha a área alagada com barcos. A patrulha com barcos pela área alagada é uma medida emergencial para garantir a segurança da população e coibir crimes.

Homens armados circulam em barcos e jet skis, ameaçando pessoas, assaltando comércios e saqueando casas. Oportunistas aproveitam a situação de vulnerabilidade da população para cometer crimes, gerando ainda mais sofrimento e caos nas áreas atingidas pelas inundações.

Medo de deixarem as suas casas

Diante do risco de perder tudo, muitos se recusam a deixar suas casas, mesmo sob risco de alagamento. Vigílias noturnas são organizadas para proteger contra saques e garantir a segurança de seus bens.

Relatos indicam que houve uma tentativa de invasão em um condomínio alagado no bairro São Geraldo, em Porto Alegre, acompanhada de tiros. Os moradores que decidiram permanecer no local se revezaram em rondas de vigilância durante a noite de domingo para desencorajar possíveis ataques.

Assim, o receio de perder seus pertences leva muitos moradores a permanecerem em suas casas alagadas, organizando vigílias para garantir sua segurança.

Falso resgate

Segundo informações da brigada militar relatadas à Rádio Gaúcha, criminosos em São Leopoldo estão explorando a tragédia das inundações para realizar ataques direcionados aos barcos de resgate. Eles solicitam socorro fingindo serem vítimas, mas ao embarcarem nos barcos de resgate, assumem o controle das embarcações. Em seguida, utilizam esses barcos para realizar ataques contra vítimas e residências.

De acordo com a prefeitura, a inundação do Rio dos Sinos afetou aproximadamente 180 mil dos 220 mil habitantes de São Leopoldo.

Lojas e casas são alvos de saqueadores nas áreas alagadas. A onda de crimes não poupa nem mesmo estabelecimentos de grande porte, como a loja de artigos esportivos da Arena do Grêmio, que se junta a uma lista cada vez maior de vítimas dos bandidos.

A água que expulsou moradores de suas casas, lojas e depósitos também facilitou a ação dos criminosos, que aproveitam a vulnerabilidade da população para cometer seus atos.

Arena do Grêmio e Beira-Rio ficam debaixo d’água após enchentes no RS

A cheia do Guaíba que assola Porto Alegre atingiu também os estádios de Grêmio e Internacional. Algumas imagens, feitas do alto, nesta segunda(06) mostram que a água cobriu totalmente os gramados da Arena do Grêmio e do estádio do Beira-Rio. A dupla Gre-Nal teve seus jogos adiados no Campeonato Brasileiro e em competições da Conmebol, os clubes vivem a incerteza de quando voltarão a entrar em campo.

Estádio debaixo d’água

Como os bairros da Praia de Belas e Menino Deus, próximos ao Beira-Rio, também foram atingidos pela cheia do Guaíba. Totalmente inundado pela água, desde sexta(03), o CT Parque Gigante, do time Colorado, também está fechado e o clube aguarda a água descer para tentar avaliar os estragos, pois além do gramado, as dependências internas do estádio também foram afetadas.


Beira-Rio alagado em Porto Alegre (Foto: Reprodução/Max Peixoto/X)

Arena usada de abrigo

No bairro Humaitá, bairro onde fica localizada a Arena do Grêmio, também sofreu com as enchentes. A arena Tricolor acolheu, neste final de semana, mais de 500 desabrigados das enchentes, moradores dos bairros Farrapos e Humaitá. Contudo, devido à falta de água e luz no local, as pessoas precisaram ser retiradas nesta segunda(06).



Jogos adiados

O Internacional, que tem jogo contra o Juventude, marcado para a próxima sexta(10), no Beira-Rio, pela Copa do Brasil, e o Grêmio que enfrenta o Atlético Mineiro no sábado(11), em Belo Horizonte, pelo Brasileirão, estão em situações bem complicadas sem poder treinar, além dos vários problemas na cidade, incluindo o fechamento do aeroporto, os clubes vivem essa incerteza sobre os próximos jogos.

Há uma semana, o Rio Grande do Sul sofre com os alagamentos e enchentes em função das fortes chuvas. Conforme o balanço da Defesa Civil, subiu para 83 o número de mortos nesta segunda-feira. Ainda há 111 desaparecidos e 291 pessoas feridas. Os níveis do rio Guaíba estavam em 5,26 metros, 2,30 metros além da cota de inundação.

Estado de calamidade é reconhecido pelo Governo Federal no Rio Grande do Sul

O governo federal reconheceu, neste domingo (05), estado de calamidade em 336 municípios do estado do Rio Grande do Sul. A decisão ocorreu devido às fortes chuvas que provocaram inundações na região, considerado seu pior desastre climático.

Após o reconhecimento do estado de calamidade, os municípios poderão receber repasses de verbas federais com mais facilidade para auxílio dos locais afetados pelas chuvas que acontecem desde 29 de abril.

Visita do Presidente Lula ao estado

O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi até o estado e realizou uma comitiva para conversar sobre a situação atual do estado e compartilhar medidas para auxiliar a região.

Também estavam presentes na comitiva o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de ministros do governo. Lula defendeu que os ministérios devem oferecer apoio para a reconstrução do estado.

O presidente Lula afirmou que o Rio Grande do Sul sempre ajudou o Brasil e está na hora do país retribuir. Lula também declarou que os deputados devem conversar sobre uma medida “totalmente extraordinária” que garanta o auxílio financeiro ao estado.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacou que a burocracia deve ser retirada para auxiliar o Rio Grande do Sul. Pacheco citou o exemplo da PEC de Guerra, que durante a pandemia autorizou o uso de dinheiro público fora das regras de controle fiscal.

Mortes e desaparecidos


Grande enchente atinge o Rio Grande do Sul. (Foto: Reprodução/X/@nexta_tv)

O Diário Oficial da União publicou a lista completa dos 336 municípios, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. 78 mortes já foram confirmadas pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul em boletim divulgado neste domingo. 105 pessoas também estão desaparecidas e 175 estão feridas. É estimado que 844 mil pessoas tenham sido afetadas.

Devido às inundações, muitos gaúchos ainda esperam por resgate e várias regiões estão sem acesso à energia e água. 

É previsto que a cheia do Rio Guaíba, que inundou ruas da capital, Porto Alegre, leve alguns dias para retornar a níveis seguros. O sistema antienchente da capital está em seu limite e não consegue dar conta de conter as águas do rio em alguns pontos. Em mediação realizada nesta segunda-feira (06), o patamar chegou a 5,26 m, sendo que o limite é de 3 m.