O cantor de funk Poze do Rodo foi autorizado pela Justiça a fazer shows fora do Estado do Rio. O artista cumpriu as determinações judiciais e não precisará mais comparecer mensalmente em juízo para justificar suas atividades. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (14) pela 1ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, zona oeste, e assinada pela juíza substituta Beatriz de Oliveira Monteiro Marques.
Poze responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa, apologia ao crime e envolvimento com tráfico de drogas.
Envolvimento com o crime antes da fama
O MC já revelou em entrevistas que, antes de ser conhecido pelo público, se envolveu com a criminalidade e encontrou na música um refúgio para se afastar da vida do crime. Sua trajetória pessoal é cercada de polêmicas: criado na favela do Rodo, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, o cantor se envolveu com o tráfico de drogas local desde a adolescência, sob o comando da facção criminosa Comando Vermelho (CV), à qual mantém vínculo comprovado até hoje.
Desde o início de sua breve carreira, Marlon Brendon Coelho Couto, nome de nascimento do artista, coleciona idas e vindas na polícia. Em 2020, Poze ficou foragido por apologia ao crime e possível ligação com a facção criminosa Comando Vermelho. A polícia reuniu provas, como fotos portando armas, registros com criminosos e apresentações em áreas controladas pela facção. Segundo a polícia , o cantor incita a violência e promove o grupo ao realizar shows pagos pelo tráfico.
Apologia ou realidade em suas músicas?
Para a polícia, suas músicas exaltam e romantizam a vida no crime, enaltecem a facção à qual o músico era associado e geram conflitos com facções rivais, sendo seu estilo classificado como narcocultura. Já para o cantor carioca, sua música reflete a realidade de milhões de jovens que vivem em comunidades, que se identificam com suas letras e se sentem representados por uma trajetória que começou de baixo e hoje ostenta sucesso e luxo. O artista também revelou que se arrepende de algumas músicas do início da carreira, considerando-as pesadas para cantar atualmente.
Em junho, Poze conseguiu o habeas corpus e desde então cumpre algumas medidas cautelares: informar telefone para contato imediato e permanecer à disposição da Justiça; não se mudar sem comunicar ao Juízo; bloqueio de comunicação com investigados, testemunhas e associados ao Comando Vermelho; e retenção de passaporte. A defesa e o magistrado consideraram a atividade profissional do artista e o fato de que o impedimento do trabalho afetaria seus funcionários e suas famílias.
