O Brasil se prepara para o lançamento de um novo medicamento genérico indicado para o tratamento do câncer de próstata metastático resistente à castração, uma das formas mais agressivas e desafiadoras da doença. Desenvolvido integralmente em território nacional, o medicamento é bioequivalente ao produto de referência internacional e passou por testes rigorosos que atestam sua eficácia, segurança e estabilidade.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens no Brasil, com cerca de 65 mil novos casos por ano. A forma metastática resistente à castração (mCRPC) representa um estágio avançado da doença, com índices elevados de complicações e mortes. O novo medicamento atua de forma direta sobre a inibição da produção de hormônios andrógenos que alimentam o crescimento do tumor, prolongando o tempo de progressão da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Uma das profissionais que esteve à frente do desenvolvimento do novo genérico é a farmacêutica Renata Rodrigues Macedo Zuvela Pera, especialista em pesquisa e desenvolvimento farmacotécnico com mais de dez anos de experiência no setor. Renata liderou a formulação do projeto e conduziu etapas importantes, como a escolha de excipientes compatíveis e a construção de um perfil de dissolução equivalente ao medicamento de referência.
De acordo com a especialista, o projeto marca um avanço relevante para a ampliação do acesso a tratamentos oncológicos de alto custo e alta complexidade no país. Ela explica o mecanismo de ação do fármaco:
“O medicamento age bloqueando uma enzima chamada CYP17, essencial para a produção de testosterona em diferentes tecidos. Ao suprimir esse eixo hormonal, conseguimos retardar o avanço da doença em pacientes que não respondem mais às terapias convencionais”, detalha a farmacêutica. “Nosso maior desafio foi garantir a equivalência farmacêutica com o produto de referência, respeitando todos os critérios da ANVISA e assegurando a estabilidade e desempenho do medicamento mesmo em escala industrial.”
O projeto também exigiu atenção especial à escolha dos materiais de embalagem. Foi utilizado frasco de polietileno de alta densidade (HDPE) com tampa de segurança tipo “child proof”, que garante a proteção do princípio ativo e a segurança do paciente. Além disso, o desenvolvimento envolveu punções exclusivas e processos de granulação úmida adaptados às condições industriais nacionais.
Esse não é o primeiro trabalho de destaque de Renata Zuvela no desenvolvimento de medicamentos genéricos. Com passagens por empresas como Blau Farmacêutica, Sanofi e Baldacci, ela também esteve à frente da criação do primeiro genérico injetável de Succinato Sódico de Metilprednisolona no país, usado no tratamento de uma série de condições inflamatórias.
Renata avalia que a indústria farmacêutica brasileira tem capacidade técnica e profissionais qualificados para conduzir projetos complexos como esse. No entanto, ela ressalta que o avanço real depende de investimento contínuo em inovação e pesquisa para estimular o desenvolvimento de tecnologias em território nacional. “Esse tipo de medicamento representa mais que um ganho comercial. Ele representa acesso, representa soberania científica e, acima de tudo, representa esperança para milhares de pacientes que dependem de tratamentos eficazes e viáveis economicamente”, conclui.
